Ainbo - A Guerreira da Amazônia (Ainbo - Spirit of the Amazon)

10/02/2021 06:40:00 PM |

O mais bacana do mundo das animações é que o povo pode inventar o tanto que quiser que não vamos reclamar, pois é algo alegórico cheio de símbolos para marcar e emocionar as pessoas com as histórias contadas, ou seja, basta ser bem colorido e ter uma essência em si que funciona. E se antigamente era muito difícil fazer os longas animados por necessitar de fotogramas e tudo mais, com a tecnologia hoje bastando ter um computador bem potente para renderizar e vários desenhistas bem dispostos para todo o processo, a cada dia vemos novos países surgindo com boas tramas, e eis que hoje fui conferir um longa que até imaginava ser nacional, mas esqueci que a Amazônia cerca vários outros países na América do Sul, e então descobri que "Ainbo - A Guerreira da Amazônia" é uma trama do Peru em conjunto com a Holanda, que trabalhou uma boa desenvoltura, entregou entes de uma cultura que mesmo tão próxima de nós desconhecemos, e que consegue envolver bem, porém mesmo com personagens divertidos acabou faltando trazer um pouco mais de carisma no miolo para divertir a todos, mesmo tendo simbologias representativas semelhantes à outras animações famosas como "Frozen", "Moana" e até "Rei Leão". Ou seja, a criançada pode até se conectar bem com tudo, mas ficou meio truncado e corrido para tentar passar tudo e não chamou tanta atenção.

O longa nos conta a história de uma jovem garota que nasceu e cresceu nas profundezas selva da Amazônia na aldeia de Candamo. Um dia ela descobre que sua terra natal está sendo ameaçada e percebe que há outros humanos além de seu povo no mundo. Usando a ajuda de seus guias espirituais, o tatu magricelo “Dillo” e a anta corpulenta “Tantan”, ela embarca em uma jornada para buscar a ajuda do mais poderoso Espírito Materno da Amazônia, a tartaruga “Motelo Mama”. Enquanto ela luta para salvar seu paraíso contra a ganância e exploração ilegal da mineração de ouro, ela também briga para reverter a destruição e o mal iminente do “Yacaruna”, o demônio mais sombrio que vive na Amazônia. Guiada pelo espírito de sua mãe, Ainbo está determinada a salvar sua terra e seu povo antes que seja tarde demais.

Diria que os diretores Richard Claus e Jose Zelada souberam brincar bem com toda a trama, porém o roteiro foi muito grande para o pouco tempo de tela, ao ponto que em alguns momentos os personagens e as situações precisaram correr, e em outros atos tudo pareceu ser cortado, o que não é gostoso de ver nem em um filme de atores, muito menos em uma trama infantil, pois mesmo curtindo os personagens, o colorido e toda a simbologia gostamos de ver um desenvolvimento coerente e funcional, o que acabou não ocorrendo. Talvez uma solução fosse criar dois filmes para dar tempo de trabalhar toda a simbologia, entendermos mais dos personagens místicos, e até entrar mais a fundo na cultura peruana, mas como não é o caso poderiam talvez trabalhar um pouco menos alguns elementos e assim também agradar por completo, porém também não ocorreu, e assim sendo o resultado até tem um ar agradável, tem um envolvimento bem feito e personagens interessantes (principalmente os animais gigantes!), o que acaba funcionando de certa forma.

E já que falei dos personagens, a indiazinha Ainbo é bem trabalhada, cheia de emoções e atitudes, conseguindo criar carisma para o filme e ainda desenvolver seus atos corridos atrás de tentar salvar sua aldeia, e claro a amizade com a líder da tribo, juntando ainda histórias da família e todo o processo de perda no miolo, ou seja, é daquelas personagens que acabam sendo complexas e chamam atenção. Seus guias espirituais tentaram funcionar o lado engraçado da trama, lembrando até um pouco Timão e Pumba, mas aqui temos Dillo e Tantan vividos por um tatu e uma anta bem engraçados, mas conflituosos por não entregar tudo de mão beijada. Ainda tivemos todo o ar de magia da maldade, a da bondade, tivemos uma gigantesca preguiça que cuida de um vulcão, uma tartaruga que cuida dos rios, tudo passando boas mensagens e chamando a possibilidade da trama para si, ou seja, temos muitos elementos marcantes, mas precisariam de tempo para desenvolver.

Quanto das técnicas visuais, a animação é bem colorida e chamativa, tem uma profundidade de campo simples porém efetiva, e movimentos corporais meio lentos ao ponto que em alguns atos até achei que foi filmado numa velocidade errada, mas acredito que seja o estilo escolhido, e assim sendo o resultado visual até é bem bonito, principalmente nos atos noturnos dentro da floresta, e que conseguiu simbolizar bem o ato da invasão das máquinas de garimpo e serralheria para dentro da floresta, vemos todo o ar dos remédios e curas, e tudo mais em um único longa bem representativo, e assim sendo o resultado é bacana de ver.

Enfim, acredito que tenha faltado um pouco mais de canções para que o filme fluísse mais, mas se o tempo já foi curto para representar tudo o que quiseram mostrar, imagina se colocassem ainda canções. E sendo assim, pode ser que os mais pequenos até curtam tudo, mas para os adultos e os mais grandinhos o resultado pode cansar um pouco demais, mas vale a conferida pela cultura em si. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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