Netflix - O Culpado (The Guilty)

10/02/2021 01:09:00 AM |

E lá vamos nós novamente com uma refilmagem americana de um tremendo filmaço dinamarquês de 2018, "Culpa", e que infelizmente não chegou nem perto da metade da essência que o longa anterior entregou. E não digo isso com nenhum pesar, pois confesso que fui conferir o longa da Netflix, "O Culpado" com as expectativas lá em cima, afinal o diretor é excelente, o ator é incrível e a história em si já era boa, e por incrível que pareça não sabia que era uma refilmagem, ainda mais de um filme que saí dos cinemas dando cambalhotas de tão bom, pois se soubesse então seria ainda pior minha avaliação. E qual é o grande problema da versão americana? A falta de empatia do personagem principal com o público ou a falta de um desespero em cima de tudo? Diria que as duas coisas, pois a ideia em si é bem boa, mas faltou para Jake Gyllenhaal encontrar o desespero em si, e passar isso para o público, de modo que vemos tudo ocorrer quase como alguém que quer se impor no meio dos demais, e não alguém que está desesperado tentando resolver o que está acontecendo, e isso faz toda a diferença entre o original e a cópia, porém ainda assim é um bom filme, e quem não lembrar do original vai até se surpreender com a virada da trama, aliás me deu vontade até de rever o original, e como está tanto no Telecine Play quanto na Amazon Prime já fica a dica para quem quiser comparar.

O longa acompanha o policial Joe Bayler em um dia tedioso na central de chamadas de emergência 911. Bayler foi punido e rebaixado, por isso vive sempre rabugento. Um dia em questão, após ficar atendendo chamadas de emergência enquanto acontece um incêndio florestal que vai se aproximando da cidade de Los Angeles, Califórnia, EUA, ele recebe uma chamada inusitada. A princípio uma mulher parece estar chamando seu filho, mas na verdade está discretamente reportando seu próprio sequestro. Tentando encaixar cada detalhe vago que ela dá, Bayley precisa colocar a cabeça para funcionar para garantir sua segurança, jogando todas as suas habilidades e intuição, mas a partir que o crime começa a se revelar, mostrando sua verdadeira natureza, o psicológico do policial começa a se enfraquecer, mas precisa se forçar para se reconciliar com demônios do passado.

Agora sem dúvida alguma a principal baixa da trama foi a direção de Antoine Fuqua, pois sabemos o tanto que o diretor é imponente em seus filmes, como ele sabe conduzir muito bem todas as dinâmicas, e aqui com uma trama que praticamente não tem um dinamismo explosivo, mas sim só a tensão própria do protagonista, ele não conseguiu fazer com que ficássemos tensos junto dele, que nos envolvêssemos realmente com tudo, e principalmente deixou que tudo fluísse fácil demais, o que acabou sendo ruim de acontecer. Claro que ainda é algo que muitos pensaram nos ares familiares, outros se irritarão junto com o protagonista, mas ficou faltando para a trama completa uma tensão à lá Fuqua, daquelas que vimos em "O Protetor" e "Invasão a Casa Branca", pois aí sim o resultado incorporaria bem mais em tudo e certamente ficaríamos desesperados com a situação que estava ocorrendo do outro lado do telefone, e não tanto a tensão vivida do protagonista.

Como o filme foca quase que 100% no protagonista vemos um Jake Gyllenhaal bem preparado para seu Joe, conseguindo manter a essência da trama, se desesperar com tudo o que está ocorrendo, e principalmente fazer a tensão da trama seguir em cima dele, e isso embora seja algo bom de ver em alguns filmes, aqui ele precisava abrir essa tensão para o público, pois vemos ele tenso com a situação, porém preso demais em cena, o que não emociona nem envolve, e como bem sabemos ele é um tremendo ator que poderia ter ido mais além, ou seja, não foi algo ruim de ver, mas esperávamos mais dele em cena. Ainda tivemos boas entonações vocais do outro lado da linha com Riley Keough fazendo uma Emily bem interessante e desesperada (para não dizer surtada), Peter Sarsgaard com seu Henry, Ethan Hawke com seu Sargento Miller, Eli Goree com seu Rick, e até Paul Dano fazendo uma participação, além da doçura no tom feito por Christiana Montoya com sua Abby, ou seja, todas as vozes foram bem usadas e tensionadas para o momento, mas sem ir muito além, agora quanto aos colegas de mesa do protagonista foram tão jogados e desnecessários quanto qualquer ator que não tenha sido escalado, ao ponto que Adrian Martinez e Christina Vidal foram meros enfeites com expressões no longa.

A grande sacada do filme original é quase esquecermos o ambiente aonde o protagonista está, pois é um filme muito barato de ser feito, sem necessidade de uma sala muito requintada, e aqui valorizaram incêndios em telas gigantescas, fizeram todo um preparado de tele-atendimento, toda uma desenvoltura tecnológica e muito mais, e se lá as luzinhas vermelhas acendendo faziam nosso coração palpitar, aqui foram apenas meros elementos extras, ou seja, a equipe de arte trabalhou bem para criar algo chamativo, e conseguiu tanto que o ambiente tenso não foi muito usado cenicamente.

Enfim, não vou dizer que é um filme ruim, mas volto a frisar que faltou tensão, e que certamente esperava muito mais do protagonista e do diretor, e se compararmos com o original dinamarquês então, aí sim o filme desanda demais, porém quem não curtir algo mais denso talvez se envolva bem com esse aqui, e assim sendo até dá para recomendar o longa (mas friso para quem tiver as outras plataformas dar play no original). E é isso pessoal, eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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