Quem Me Ama, Me Segue! (Qui m'Aime Me Suive!)

2/08/2020 08:56:00 PM |

Sempre falo que os longas que mais gosto de conferir no mundo todo são os franceses, mas sei que assim como todos os países, eles também entregam alguns filmes sofríveis, e geralmente as dramédias são as que correm mais riscos de acertos e erros, pois é um gênero tão neutro que não faz nem chorar, nem rir suficientemente quando não são bem feitas, ou seja, é um problemão resolver dramédias mornas, e aqui com "Quem Me Ama, Me Segue!", tentaram brincar com o amor entre os velhinhos, traição entre amigos, doenças, filhos rejeitados, e tudo mais que se possa pensar, ou seja, inúmeros temas que poderiam dar certo, mas infelizmente nenhum deles deu, e o filme tem sim alguns atos engraçados, alguns momentos românticos bonitinhos, mas ao tentar dramatizar tudo, o resultado acabou sendo mais frouxo do que interessante de ver, e dessa forma vemos um filme que não ter ritmo (são apenas 90 minutos que pareceram uma novela de semanas!), sem quase nenhuma essência, e que não atinge nada demais. Ou seja, um filme fraco demais que até pode parecer bonitinho num primeiro momento, mas que acaba cansando mais do que divertindo ou emocionando.

A trama nos conta que Simone e Gilbert, um casal de aposentados, vive em uma aldeia no sul da França. Após uma série de acontecimentos, como falta de dinheiro, a mudança do amante de Simone para outro lugar e as reclamações constantes de Gilbert, Simone decide simplesmente sair de casa. Agora, Gilbert está pronto para fazer qualquer coisa para ter sua esposa de volta.

O diretor e roteirista José Alcala trabalhou sua produção quase como uma peça, aonde temos dinâmicas intimistas dos protagonistas, em cima de um texto meio que sem atitudes, e com isso vemos tantos momentos medianos acontecendo, situações jogadas para o público pegar no ar, mas que ficam apenas como deixadas sem fluxo, e com isso o filme não anda para lado algum, parecendo que a protagonista na verdade quer ser livre depois de certa idade, e sem depender de ninguém ir para qualquer lado, mas ao mesmo tempo se mostra perdida de atos enquanto os homens procuram aparecer demais, ou seja, o diretor fez seu filme ficar leve até demais para gostarmos dele, ou se envolver com algo, além claro dos diversos temas, que não passam muito resultado.

Sobre as atuações, podemos dizer que o elenco tentou entregar um algo a mais na história fraca, fazendo muitas caras e bocas, mas sem muitas atitudes para funcionar como poderia, e sendo assim vemos um experientíssimo Daniel Auteuil fazendo um Gilbert velho, ranzinza, e que muda de opiniões demais para que o funcionamento do personagem agradasse, mas ao menos teve bons momentos espalhados. Já Catherine Frot parece realmente aquelas atrizes que são jogadas numa produção como reserva, saem fazendo um pouco de tudo, e ao final já desgastada volta para fechar o filme com os demais, de modo que sua Simone é agitada, está num período exageradamente morno de sua vida, e quer muito mais, mas o filme não lhe entrega esse mais, e assim tanto a atriz, quanto a personagem soam falsas. Bernard Le Coq é tipo um figurante de luxo chamativo para a produção, de modo que seu Etienne acaba sendo o motivo, e também o andamento da trama, não atacando muito, mas também não sendo atacado, e o resultado não vai muito além também. O jovem Solam Dejean-Lacréole até tentou chamar atenção com seu Térence, mas não flui muito, e acaba ficando deixado de lado. Melhor nem falar dos demais, pois a bomba é maior ainda, então vamos considerar eles apenas enfeites de produção.

Visualmente o longa soa até interessante e poderia ter sido melhor usado dentro da produção, de modo que vemos uma vila singela próxima a um lago, depois vemos outra vila próxima ao mar, e sempre tendo locações bem trabalhadas, elementos simbólicos para representar os atos, e atitudes até coerentes para retratar os amigos sendo mostrados seu passado em um telão, mas não aproveitaram tanto isso na trama, o que é falho, de modo que nada vai além, do que vemos rapidamente.

Enfim, é um filme que não vai muito além, que enrosca demais no ritmo passado, mas que não é uma bomba imensa, dando para curtir se não for esperando muita coisa. Claro que a ideia pareceu exageradamente bagunçada, e o propósito do filme foi fraco demais, mas é uma trama que tem atores esforçados, e o resultado até poderia ter ido bem além. Sendo assim, não recomendo ele, mas também não vou dizer que foi a pior coisa que já vi por ter algumas cenas espalhadas divertidinhas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Adam

2/08/2020 01:47:00 AM |

Existem filmes que em sua essência parecem ser mais simples do que realmente entregam, pois acabam mostrando culturas, mostrando ambientações singelas e eficazes, mas principalmente acabam nos vertendo ao tratamento que algo é feito em determinado país, e que facilmente veríamos acontecer de forma semelhante ao nosso lado também, e com "Adam" acabamos sentindo bem a presença feminina, o ar matriarcal, a densidade de um luto, e além de tudo conseguimos ver uma transformação nítida de expressão por parte da protagonista durante todo o filme, mudando seu sentimento, e praticamente nos fazendo sentir sua liberdade cênica. Ou seja, é um filme que num primeiro momento até podemos sair da sessão achando ele básico demais, mas depois acabamos refletindo sobre tudo o que foi mostrado, e o resultado acaba indo bem além.

O longa nos mostra que Abla é uma mulher viúva e mãe de uma menina de dez anos de idade. Batalhando para sobreviver e conseguir um bom futuro para sua filha, ela começa um negócio vendendo pães e doces marroquinos. Quando uma jovem grávida aparece em sua porta buscando refúgio, ela se vê obrigada a repensar seu estilo pragmático de maternidade e tem sua vida mudada completamente.

Se enalteci aos montes Maryam Touzani no seu primeiro longa como atriz em "Primavera em Casablanca", aqui em seu segundo roteiro e primeira direção também temos de dizer que será daquelas que o Marrocos vai escrever história, pois a jovem diretora e roteirista tem um estilo bem leve, uma mão direta no ponto, e principalmente sabe trabalhar bem o tema sem ficar enfeitando muito, e isso é bom de ver, pois geralmente dramas de introdução acabam sendo floreados, tendem a cair nas repetições, e aqui ela simplesmente falou para as protagonistas: "vão lá e se entreguem", pois é isso que você vê em ambas, de modo que a cada cena vão se abrindo para a diretora, e o resultado vai nos envolvendo. Claro que poderíamos esperar muito mais do filme, poderia ter algo mais tenso sabendo da cultura marroquina, poderia ter um final diferente, mas o resultado ainda assim se mantém gostoso, e essa sacada de podermos ir pensando várias coisas durante o longa sem precisar quebrar muito a cabeça funciona, ou seja, um filme leve, mas nem por isso fraco, e o acerto veio com a indicação do filme pelo país, em sua estreia, pena que não conseguiu ficar entre os cinco que vão para a premiação, mas anotem aí que ainda veremos o nome dela em grandes premiações.

Sobre as atuações é notável demais toda a expressividade de Lubna Azabal com sua Abla inicialmente fechada, cheia de medos de se abrir, corajosa em enfrentar a sociedade como uma mulher viúva que não depende de ninguém para cuidar de sua filha, e que no início tem a face tão franzida que se impõe num nível máximo, e depois com o andamento do longa vemos ela se abrir, se acalmar e até se adoçar e rir, mudando completamente trejeitos, mudando estilos, e envolvendo a todos, ou seja, foi perfeita em tudo. Da mesma forma Nisrin Erradi trabalhou sua Samia com um estilo decidido do que quer, mas precisando de ajuda, e que no decorrer conforme vai se doando para a outra protagonista a interação entre elas fica viva e emocionante num acerto incrível. A jovem Douae Belkhaouda entregou doçura para sua Warda, que foi singela nos atos, mas também conseguiu tirar muito das demais artistas, funcionando bem como elo aberto da trama. E embora apareça pouco, Aziz Hattab foi bem colocado com seu Slimani, aparecendo como ar cômico, mas também se doando em boas atitudes, o que acaba sendo um bom acerto para a trama.

Visualmente o longa não tem muito o que mostrar, mostrando a padaria/casa da protagonista com uma simplicidade de fornos, com ambientes sem nada de luxo, mas trabalhado para funcionar e envolver o público com o pouco que tem, e sabendo acertar muito no tom e na delicadeza de cada movimento de câmera, de cada close nos pães ou nos olhares das protagonistas, nos elementos cênicos como as fitas cassete, ou até mesmo nas cenas com o bebê envolto nos paninhos, até chegarmos nas cenas fora da casa com os diversos carros de viagens, as festas e culturas, o resultado soa bem feito e acerta na mosca.

Enfim, o longa está bem longe de ser perfeito, poderia ter rumos muito mais contundentes e fortes, ou então recair bem para a doçura e emocionar a todos, mas ainda assim passa através de um estilo simples sua mensagem, o estilo cultural do país no momento atual, que reflete muito do que vemos em outros lugares também, e que acaba sendo um bom acerto, valendo a recomendação e conferida. E eu fico por aqui hoje, mas volto ainda nessa semana com mais longas artísticos que apareceram pela cidade, então abraços e até logo mais pessoal.

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Aves de Rapina - Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa (Birds of Prey: And the Fantabulous Emancipation of One Harley Quinn)

2/05/2020 02:09:00 AM |

Se você sabe só um pouquinho da história da Arlequina sabe que insanidade é seu nome do meio, e com isso um filme dela (pois dando um tremendo spoiler, o grupo Aves de Rapina só vira grupo mesmo na última cena!) não tinha como ser menos maluco do que a protagonista. Ou seja, "Aves de Rapina - Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa" basicamente nos conta com uma edição maluca de idas e voltas para todos os lados possíveis da história, como foi a vida da maluquinha após se separar do Coringa, ao se meter com um maluco ainda mais insano, e como acabou no meio de uma briga insana junto com outras mulheres bem cheias de personalidade. Claro que o filme é bem louco, tem muita ação para ninguém reclamar, mas demora um pouco para acontecer, pois como é um filme de início de franquia, e a maioria do público não conhece nada das personagens, quem são, como viraram heroínas do dia pra noite, precisaram trabalhar muitas apresentações, e com isso o filme ficou um pouco narrado demais, e quase não atinge um ápice, mas quando chega nos finalmente vemos de tudo um pouco, e o resultado colorido, cheio de referências a outros filmes e personagens, com muitas interações acaba valendo a pena e diverte na medida, e agora é torcer para a bilheteria ser boa e a DC/Warner conseguir finalmente uma sequência de atos decente, pois encaixar todos os seus filmes numa linha está cada dia mais difícil.

O longa é um conto distorcido narrado por Harley, como só ela poderia contar. Quando o mais terrível e narcisista vilão de Gotham, Roman Sionis, e seu braço direito, Zsasz, começam a cassar uma jovem chamada Cass, a cidade é virada de cabeça para baixo em busca da garota. Os caminhos de Arlequina, Caçadora, Canário Negro e Renee Montoya se encontram e o quarteto improvável não tem escolha a não ser se unir para derrubar Roman.

Diria que o risco de um filme do porte desse ter caído nas mãos de uma diretora praticamente iniciante em longas foi altíssimo, pois até temos um filme muito bem feito, com uma montagem insana de cenas indo em caminhos completamente diferentes no início, para explicar um pouco cada momento sem ir numa linha mais direta, mas como é um projeto digamos novo, apesar de nas HQs já ser algo consolidado, a diretora Cathy Yan foi digamos ousada, pois pegou o roteiro de Christina Hodson e brincou bastante com as personalidades das protagonistas, colocou força visual nas lutas, não se limitou a deixar o filme bonitinho e jogou sangue para todos os lados, e com isso o filme ficou forte e bem feito. Porém, acredito que nas mãos de uma diretora (já que a produtora Margot Robbie queria um filme praticamente todo feito somente por mulheres!) mais experiente o resultado seria ainda melhor, pois seria mostrado toda a história, teríamos todas as insanidades, poderíamos até ter toda a bagunça temporal, mas o filme teria uma concisão maior, uma abertura melhor para as demais personagens, e principalmente não precisaria ter tanta narração (o que já disse ser uma fraqueza para diretores que não sabem resolver tudo na tela!), mas felizmente o resultado final flui, então vamos dizer que Yan foi bem no que fez, e quem sabe possa melhorar ainda mais numa continuação.

Falar do elenco é algo bem interessante, pois as jovens garotas souberam dominar bem a tela, mas algumas faltas são notáveis, como aonde está o Batman no meio de toda essa confusão rolando em Gotham? Ok, Arlequina se separou do Coringa, mas certamente ele também estaria disposto a conseguir o tal diamante com informações impactantes, ou seja, a trama quis focar tanto nas atrizes que esqueceu alguns panos abertos da cidade fictícia. Dito isso, Margot Robbie tem carisma para dar e vender, todo filme que entra a atriz sabe estampar sua imagem e encontrar formatos para chamar a atenção, e aqui sua Harley é ainda mais maluca que a que vimos em tantos outros longas da DC, sejam eles de atores ou animações, de modo que queremos muito ver mais dela, ver ela batendo no Batman, vendo ela destruindo tudo com o Esquadrão Suicida, e principalmente o que ela vai aprontar após o final desse filme, pois mais do que uma ótima atriz, ela conseguiu fazer seu personagem ficar ainda mais icônico do que já era. Outra que fez bem seu papel e merecia uma participação mais forte foi Jurnee Smolett-Bell que nunca tinha visto em outros filmes e fez sua Canário Negro com personalidade, cheia de marra, e que pode chamar mais atenção num filme seu, ou mais pra frente sem precisarem tanto de apresentações, pois ela foi coerente em tudo, até ter o seu grande momento em cena, que aí arrepiou de ver. Mary Elizabeth Winstead é quase daqueles personagens que surgem do nada, fazem o que tem de fazer, e depois acabam parecendo importantes com sua Caçadora, ou Assassina da Besta, pois conhecemos bem sua história pelo filme em diversos atos repetidos, e a jovem atriz foi bem de caras e bocas, mas sem nada muito a fundo. Rosie Perez entregou sua Montoya de uma forma meio que jogada demais, pois é quase uma policial renegada, que não se joga de cara, mas que talvez até tenha uma grande participação mais para frente, o que foi uma pena, pois a atriz é boa. A jovem Ella Jay Basco fez bem sua Cassandra Cain, brincando muito com estilos, roubando muito em cena, e fazendo caras e bocas para cada momento, de modo que seu resultado final não é dos melhores, mas agrada bem. Agora quanto dos vilões, diria que tanto Ewan McGregor com seu Roman Sionis, quanto Chris Messina com seu Zsasz exageraram demais em trejeitos e floreios, de modo que não os vemos impactantes, mas sim como daqueles que até tentam chamar a atenção com suas maldades, mas ficam sem muito o que mostrar de onde vieram, e assim o resultado deles ficam mornos demais para um filme forte.

Quanto do conceito visual da produção, é praticamente um daqueles filmes que quem gostar de caçar referências, easter-eggs, símbolos e tudo mais de outras produções vai ter um prato cheio, pois com uma produção colorida, uma Gotham bem bagunçada e dominada por máfias, muitas perseguições, e claro todo o acervo de armas e loucuras de Harley, o resultado acaba sendo uma festa completa com figurinos brilhantes, explosões de purpurina, gases coloridos e tudo mais para algo diferente e bacana de ver, mostrando que a equipe de arte teve um bom trabalho de pesquisa nas HQs, e que junto do roteiro acabaram enfeitando tudo para que cada momento fosse marcante. No caso da hiena poderiam ter usado mais ela, mas acredito que a computação que ficou estranha em poucas cenas, acabaria mais atrapalhando do que ajudando.

Enfim, volto a frisar que é um filme bem maluco, que conseguirá agradar quem for ao cinema disposto a ver exatamente isso: uma história de origem, cheia de apresentações, e que vai entregar muita ação e cores, então se você for querendo ver isso sairá satisfeito, mas se for esperando qualquer outra coisa a decepção pode vir direta no peito. Claro que recomendo o longa, e até esperava um pouco mais de ligações com outros filmes, mas como estamos acostumados já com os longas da DC/Warner quase sem conexões, o jeito é ir vendo e costurando sozinhos depois, pois eles não vão fazer isso por nós. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, agradecendo claro o pessoal da Difusora FM por ter conseguido trazer a pré para o interior, e volto em breve com mais textos.

PS: O longa tem uma pequena fala pós-crédito, mas é tão útil quanto o famoso "paciência" de "Homem-Aranha: De Volta ao Lar" e quem ficar na sala com certeza irá ficar bravo.

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Netflix - Joias Brutas (Uncut Gems)

2/04/2020 01:17:00 AM |

Sabe aqueles filmes que você fica tão incomodado durante a exibição que não sabe se quer terminar logo para saber o final ou se vai desistir de ir até o final? Certamente muitos irão colocar o longa da Netflix "Joias Brutas" nessa lista, pois o filme irritante, com uma musiquinha tocando meio que sem nexo do começo ao fim, com burradas em cima de burradas por parte do protagonista, com loucuras em cima de loucuras acontecendo, e com situações tão incômodas que vamos surtando com tudo o que ocorre, e quando achamos que vai rolar realmente algo bom, pá, o filme acaba da forma mais absurda possível, que até era de se esperar por todo o andamento, mas meuuuuuuu ninguém queria daquela forma! Ou seja, é um filme com uma ideia maluca, aonde a Adam Sandler está incrível (acho que nem ele sabia que atuava de uma maneira tão icônica!), mas que certamente poderia ter ido muito além, principalmente sem cansar e irritar tanto durante toda a execução, e sendo assim, ainda estou em dúvida se gostei ou odiei o filme.

O longa nos situa em Nova York, na primavera de 2012. Howard Ratner (Adam Sandler) é o dono de uma loja de joias, que está repleto de dívidas. Sua grande chance em quitar a situação é através da venda de uma pedra não lapidada enviada diretamente da Etiópia, cheia de minerais preciosos. Inicialmente Howard a oferece ao astro da NBA Kevin Garnett, um de seus clientes assíduos, mas depois resolve que conseguirá faturar mais caso ela vá a leilão. Para tanto, precisa driblar seus cobradores e a própria confusão que cria a partir de suas constantes mudanças.

Diria que o estilo insano da proposta é bem a cara dos diretores Benny e Josh Safdie, pois isso já foi visto em outros longas seus, mas aqui tudo parece tão desesperador, e o protagonista tem tanta energia em seu desespero que acaba contagiando o público, de modo que vemos a câmera desesperada também, o ambiente cheio de situações e tudo mais num âmbito tão maluco que nada parece dar certo para o pobre protagonista salafrário, de forma que sua cena forte aonde praticamente chora para falar que tudo vai mal é daquelas que certamente mereceriam aparecer no telão de uma premiação. Ou seja, o longa é uma composição insana dos diretores, em cima de um texto bizarro para não dizer outra palavra, que encontrou um ator preciso para o momento certo, resultando em um filme que não vai ter aquele que ficará em cima do muro, pois ou as pessoas irão ver até o fim esperando algo a mais e irão se irritar (ou amar o final!), ou irão parar o filme bem antes do final desistindo de tudo. Sendo assim, o resultado da trama é intrigante e muito bem feito, mas que poderia ser feito de inúmeras formas, e escolheram a mais louca de todas.

Sinceramente nem sei se o filme tem outros atores, pois é quase impossível tirar os olhos de Adam Sandler com seu Howard fazendo todas as maluquices possíveis para conseguir dinheiro, desde vender coisas falsas até repassar mercadorias de um agenciador para o outro a juros, além claro das diversas apostas ambiciosíssimas e malucas, de modo que o ator conseguiu passar toda essa insanidade com olhares amplos, com virtudes incríveis nos trejeitos, e tendo algumas cenas chaves para marcar ele acabou entregando algo a mais que muitos nem acreditavam que ele poderia fazer, ou seja, trabalhou a dramaticidade com impacto, sem deixar seu ar cômico de lado através dos trejeitos de trambiqueiro de primeira linha, dando um show em cena. Quanto aos demais, a maioria nem merece destaque, mas temos de pontuar alguns momentos bem malucos dos cobradores do protagonista com seu Arno vivido por Eric Bogosian cheio de estilo, e a insanidade vivida por Keith William Richards com seu Phil, além claro das duas participações icônicas da lenda do basquete Kevin Garnett, e do músico The Weeknd. Quanto das mulheres da trama, nem Idina Menzel cantou "Let It Go" suficiente para sua Dinah ser interessante, nem Julia Fox foi sensual suficiente para parecer uma amante ideal, e assim ficaram bem em segundo plano.

O conceito visual da trama assim como todo o filme é bem insano e cheio de espaços icônicos, como a loja do protagonista com uma porta que não funciona direito, mas que com aquele tradicional jeitinho funciona, temos uma mansão com uma família harmônica de fachada, temos o apartamento requintado para a amante, e claro temos leilões, jogos de basquete, cassinos e tudo mais que um filme desse porte envolvendo jogos necessita, além de uma reunião da família judia com suas tradições, ou seja, a equipe de arte precisou trabalhar bastante para mostrar tudo o que os diretores desejavam, e o resultado funciona, além claro da pedra brilhante cheia de misticismo, que no começo já entrega problemas para quem tenta pegar ela, e mostra que a última ponta sofre bastante com o que ganha.

Enfim é um filme bem interessante e inteligente, que irrita bastante com a trilha sonora extremamente cansativa de fundo (que nem quis gastar um parágrafo para falar dela!), e que deixará você certamente desesperado com os momentos finais, além do miolo também ser bem insano, ou seja, é um filme que vale a recomendação de conferida, mas vá preparado para xingar muito, e até para pensar em fugir no miolo meio que estranho demais. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com o texto de uma pré bem esperada desse ano, então abraços e até logo mais.

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E Agora? A Mamãe Saiu de Férias! (10 Giorni Senza Mamma) (When Mom Is Away)

2/02/2020 10:33:00 PM |

Vi o trailer do longa italiano "E Agora? A Mamãe Saiu de Férias!" umas quatro vezes nas sessões de arte, e tinha certeza absoluta de que sendo tão bizarro dificilmente apareceria pelo interior, mas infelizmente veio, e como confiro tudo que aparece, eis que fui pôr a prova de que não apenas o trailer era ruim, mas sim o longa inteiro. E agora posso afirmar, é daquelas bombas que você passa o filme inteiro sem dar uma risada sequer, daqueles que a sala inteira assiste muda, daqueles que você sai da sessão se perguntando o motivo de ter perdido o seu tempo com aquilo, ou seja, pode até ser que com os sotaques italianos algum momento do longa soe engraçado, mas a dublagem fez questão de criar trejeitos e vozes tão ruins na dublagem, que o pai parece um adolescente de 30 anos que tem filhos e que quando perde os dentes da frente ainda ganha um assovio ridículo, ou seja, o longa apela para o ridículo em diversos momentos para tentar fazer rir, e não consegue sequer tirar um sorriso da nossa cara, de modo que vemos o filme sem se emocionar com o ar familiar, sem rir das bobeiras, ou muito menos entender qual era a proposta do diretor, que não conseguiu absolutamente nada. Sendo assim, fica a dica, fuja de qualquer forma de conferir essa bomba, pois é gastar tempo e só.

A trama nos conta que Giulia é uma mãe que abandonou a carreira para se dedicar aos seus três filhos. Carlo é marido de Giulia mas, diferente dela, não tem tempo para a família e passa mais tempo no trabalho do que em casa. Tudo muda quando Giulia, cansada da monotonia de sua vida, decide sair de férias por dez dias, deixando Carlo sozinho com as crianças.

Diria que o diretor e roteirista Alessandro Genovesi tentou fazer uma comédia familiar engraçada, mostrando as desventuras de um pai que nunca ficou com os filhos ao assumir o papel das mães que se desdobram em mil, para mostrar toda a dinâmica e força que as mulheres têm se comparados ao fazer das tarefas caseiras, e se perdeu completamente colocando uma disputa de emprego, situações de puxa-saquismo fracas, envolvimentos com personagens secundários, e tudo mais, de modo que seu filme virou uma bagunça completa quase novelesca, aonde ninguém ri, ninguém se emociona, e que a mensagem soa jogada demais para que o público se envolva, mesmo que todos saibam que uma mãe se desdobra muito mais que um pai na criação dos filhos.

Quanto do elenco, vou preferir não falar sobre as atuações em si, pelo simples motivo que falei no começo, que a dublagem simplesmente destruiu a maioria dos personagens, dando vozes que não dá para acreditar que a pessoa falaria aquilo daquela forma, então vou apenas dizer um pouco sobre os personagens em si, que também se mostraram bem fracos, e como a pequena Bia diz ao final, essa é uma família de loucos, então vemos um Carlo disputando sua vaga de anos na empresa com um novato chamado Alessandro (que de novo não tem nada, parecendo ser até mais velho que o protagonista!), vemos irmãos brigando casualmente como é o caso de Camila e Tito, esse cheio de joguinhos e bizarrices costumeiras da idade, e a mais velha entrando na puberdade em plena distância da mãe, vemos um chefe meio bizarro de atitudes, e uma jovem desempregada fazendo de tudo para se manter. Ou seja, é quase uma novela em poucos minutos.

Visualmente o longa também não apresenta nada demais, uma casa com seus devidos cômodos bem organizados com brinquedos, paredes sendo desenhadas por uma criança, outra o tempo todo jogando com óculos de realidade virtual, outra enfurnada num quarto, mas todos sempre comendo em uma pequena mesa para ter um "momento familiar", uma empresa estranha aonde temos reuniões gerenciais quase todo dia em um auditório de plateia bem estranho aonde ninguém praticamente fala nada, uma festa bizarra de dia da família da empresa com disputas rápidas sem sentido, e nada chamativo, ou seja, a equipe de arte até tentou trabalhar, mas nada do que fez foi usado com coerência, e assim o resultado soou até depressivo.

Enfim, é daqueles filmes que você pode até pensar em entrar pelo pôster bacaninha, por parecer um longa legal de ver com a família toda (a maioria na sala era dessa turma de 3 a 4 pessoas com crianças!), mas que digo mais uma vez, fuja sem pensar duas vezes, pois é algo muito ruim de gastar 94 minutos da sua vida com algo que não vai levar a nada, e sendo assim não recomendo ele de forma alguma. Eu fico por aqui hoje, já encerrando os longas do cinema, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Jojo Rabbit

2/02/2020 02:34:00 AM |

Sei que tem falhas, que é um filme que falta com alguns eixos mais diretos, mas estou encantado com o que vi em "Jojo Rabbit", de modo que vi um filme duro e sério sobre um tema bem polêmico ser tratado com doçura e envolvimento de tal maneira que acabamos envolvidos com o jovem garotinho, rimos do Hitler vivido pelo diretor, e entendemos um pouco mais sobre a loucura que foram os jovens e adultos que eram apaixonados pelo ditador. Ou seja, é daqueles filmes que muitos vão esquecer, mas que souberam fazer de uma maneira gostosa de conferir, sobre a ótica de uma criança, mas com atitudes próprias para mostrar a guerra, o medo, a paixão e tudo mais, e sendo assim, o resultado vai muito além de um simples filme, mas sim uma gostosa obra que pode não ganhar muitos prêmios, pode acabar sendo segunda ou terceira opção de muitos, mas que vale sempre guardar um lugarzinho para lembrar dele.

O longa nos situa na Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial. Jojo é um jovem nazista de 10 anos, que trata Adolf Hitler como um amigo próximo, em sua imaginação. Seu maior sonho é participar da Juventude Hitlerista, um grupo pró-nazista composto por outras pessoas que concordam com os seus ideais. Um dia, Jojo descobre que sua mãe está escondendo uma judia no sótão de casa. Depois de várias tentativas frustradas para expulsá-la, o jovem rebelde começa a desenvolver empatia pela nova hóspede.

Chega a ser engraçado o que o diretor Taika Waititi faz conosco na trama, pois ele consegue capturar uma essência de ódio, afinal todos odiamos o nazismo e sabemos bem que não existe nem nunca existiu nenhum nazista bonzinho, mas acabamos nos envolvendo tanto com a personalidade do garoto que passamos a nem achar mais que ele seja um nazista, mas sim como a jovem judia diz, um garoto de 10 anos que gosta de usar uniforme e quer estar em um clube, e isso é tão bem colocado que acabamos apagando a face nazista de Jojo. Ou seja, o diretor conseguiu nos colocar no final da Segunda Guerra, com personagens bem fechados, e mostrar muita coisa dessa época, como as pessoas que escondiam nazistas, os alemães que adoravam Hitler, aqueles que queriam uma Alemanha Livre, toda a loucura ideológica que passavam, e claro a guerra em si, tudo com uma personalidade leve e gostosa de conferir, de modo que a trama flui com uma rapidez que nem sentimos a hora passar, e mais do que isso, acabamos nos emocionando com a ingenuidade do jovem protagonista, com todas as situações malucas e bizarras que se envolve, e o resultado é uma trama concisa, que mesmo com falhas em tantas situações, acaba sendo quase perfeita, pois agrada com sutileza, e trabalha o tema duro sem pesar a mão, e isso mostra a total capacidade do diretor de criar um texto maluco, afinal o roteiro também é seu (adaptado de um livro de Christine Leunens), dosar as cenas com envolvimento com outras mais duras, sacar boas comicidades, e ainda atuar como um Adolf completamente insano, ou seja, pacote completo.

Sobre as atuações, confesso que quero muito ver outros trabalhos futuros de Roman Griffin Davis, pois o jovem conseguiu fazer com que seu Jojo ficasse marcado pelas sutilezas encontradas para seu personagem, por segurar praticamente sozinho todo o protagonismo da trama, e por saber como dominar a câmera, pois o jovem encontra olhares tão bem pontuados para cada momento que ele nos hipnotiza com sua desenvoltura, ou seja, perfeito. Scarlett Johansson trouxe para sua Rosie uma personalidade gostosa, bem colocada, e que chama a atenção, e seu momento a mesa, com carvão na cara certamente foi o que a levou ser indicada a diversos prêmios, pois ali entregou sua alma e foi muito bem em cena. A jovem Thomasin McKenzie também foi singela nos atos, encontrou atos fortes para dosar doçura, e encaixou tão bem sua Elsa que acabamos torcendo pelo envolvimento dela com o protagonista, em algo quase que inocente e puro de envolvimento gostoso de ver. O próprio diretor, Taika Waititi acabou entregando um Adolf maluco, cheio de trejeitos, com um ar sarcástico bem colocado, mas duro de insinuações, e fazendo acertos tão precisos que poderia até aparecer mais, mas talvez sobreporia o garoto, então acertou bem ao aparecer pouco. Sam Rockwell trabalhou seu Capitão K de uma maneira bizarra e ao mesmo tempo insana, criando atitudes, atravessando o ar sério para cômico em instantes, e sendo preciso na loucura para não desandar, afinal é um capitão, e isso foi belo de ver. Quanto aos demais, tivemos boas cenas com o garotinho Archie Yates, e até algumas cenas bobas bem feitas por Rebel Wilson, mas nada que sobreposse o resultado dos protagonistas, o que é muito bom de ver.

No conceito cênico a trama se inicia com imagens fortes de arquivo, aonde vemos a população saudando Hitler, seus fãs malucos e tudo mais de muito impacto, depois já vemos o jovem com sua fardinha, vemos o campo de treinamento com bizarrices comuns, mas com boas sacadas, bons envolvimentos e situações comuns de serem vistas na época, com boas jogadas visuais e simples de efeitos, num segundo momento já partimos para ver o sótão aonde a garota se esconde, cheio de elementos cênicos precisos para dar o ar de esconderijo, e passamos a ver a composição do jovem em descobrir o que são os judeus, com boas alegorias e desenhos, para aí chegarmos no terceiro e mais duro ato, aonde não economizaram na destruição cênica pela guerra, além de vermos muitos enforcamentos, e tudo mais, ou seja, um impacto forte e bem detalhado, em que souberam usar as alegorias totalmente ao favor da cena, criando um ambiente diferente a cada momento.

Enfim, é um longa bem gostoso de ver, aonde tudo se encaixa em cada momento, e que através de pequenos envolvimentos somos conectados aos personagens, aos bizarros encenamentos, e principalmente ao filme por completo, de modo que se não fosse um ano de candidatos tão fortes, a trama teria grandes chances, pois é o clássico filme leve que acaba agradando a todos, e se encaixando como segundo ou terceira opção de muitos votantes, acabaria indo para cima nas predileções, e assim o resultado iria muito além nas premiações, mas já valeu ao menos as muitas indicações. Claro que indico o longa para todos, o envolvimento e emoção florescerá mesmo com ideologias partidárias colocadas, e sendo assim veja e reflita sobre o atual momento, pois vai valer a pena também. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Os Órfãos (The Turning)

2/01/2020 09:16:00 PM |

Como todos bem sabem aqui costumo colocar o que entendi sobre cada filme, e principalmente sem ler nada de outros lugares, então pode ser que esteja completamente errado sobre o que entendi sobre "Os Órfãos", pois o filme literalmente acaba com uma cena em andamento, o que acabou praticamente mudando tudo o que estava imaginando sobre a produção que mais parecia ser sobre uma enorme casa mal-assombrada (que lembrando os vários memes da internet - fantasma é tudo burguês que só assombra mansão e família rica!), mas que na virada da última cena praticamente a trama se volta para algo mais psicológico sobre a debilidade da protagonista, e dessa forma me fez crer que a ideia passada seja em cima disso, de tudo não passar de uma loucura da cabeça dela. Sei que isso pode ser um spoiler imenso para que todos os próximos que lerem aqui e forem conferir mudar a opinião, mas vejo que essa forma pode ser a que façam melhor proveito da trama, pois senão a chance de sair reclamando de um final completamente aberto é altíssima, pois foi o que o ocorreu na sessão semi-lotada que estava, aonde todos saíram reclamando demais, ou seja, fica a dica. Também vale pensar dessa forma pelo filme ser a adaptação de um conto de Henry James chamado "A Volta do Parafuso", que será usado também na segunda temporada da série "A Maldição da Residência Hill", e com esse nome dá para pensar na ideia de loucura, por falas da empregada, e tudo mais, ou seja, fica sendo minha opinião, e quem tiver mais alguma fiquem a vontade para discutir nos comentários. Dito isso, o longa é um filme quase que sem sustos, que trabalha algumas cenas rápidas para tentar pegar o espectador durante quase todo o longa, mas que fecha de forma quase absurda parando o filme e subindo os créditos, que se fosse na época dos rolos ainda, diria que o montador esqueceu uma parte para passar, mas que dá para analisar como algo aberto para pensarmos, e assim deve ter sido a ideia da diretora, que acabará sendo muito xingada mentalmente por vários espectadores.

O longa nos mostra que Kate é uma jovem professora contratada para trabalhar como governanta na mansão de uma família rica. Na casa, localizada em Essex, Londres, vive Flora e Miles, irmãos órfãos que perderam ambos os pais em um acidente próximo à casa. No entanto, ela logo percebe que no local existem outros moradores, não necessariamente vivos.

Após uma tonelada de videoclipes a diretora Floria Sigismondi resolveu fazer um longa metragem, então analisando dessa forma como uma primeira grande experiência, podemos dizer facilmente que seu filme tem muitos problemas técnicos, além do final maluco que vai deixar grandes conflitos, a trama peca em tentativas de sustos gratuitos, pois surgem com uma certa lentidão, e dessa forma acabam não causando o espanto casual do estilo, porém posso dizer que ela soube criar bem o ambiente de sua história, pois a casa tem tantos bons locais para criar tensão, os sonhos são intensos, e as atuações também acabam causando algo de forma a vermos que ela pelo menos tem propriedade no quesito terror, e se talvez melhorar um pouco a mais e não querer deixar pontas abertas, seu próximo filme pode funcionar bastante.

Fiquei me perguntando qual o motivo de um longa de terror estar tão cheio, e principalmente por adolescentes menores que os pais precisavam entregar autorizações na portaria para deixar eles entrarem (censura 14 anos, que menores só podem acompanhados dos pais!), e agora descobri que o jovem protagonista Finn Wolfhard é de uma série famosa, que não acompanho, mas que muitos amam, então diria para os fãs que aqui ele foi razoável, não sendo impactante como foi em "It - A Coisa", mas fazendo algumas caras tensas para seu Miles, sendo um mal elemento, mas trabalhando bem para o que o personagem pedia, de modo que não acrescenta muito para a trama, mas também não atrapalha. Mackenzie Davis entregou uma Kate interessante, mas com receios demais, fazendo com que sua personagem a todo momento tivesse uma dúvida, um medo, uma insegurança, e isso ficou meio que estranho demais de alguém que aceita um trabalho desses, de forma que pensarmos em sua loucura é algo até mais viável do que um emprego realmente em uma casa assombrada, mas pode ser algo completamente diferente, e assim ela poderia ter ido além. A jovem Brooklynn Prince continua sendo uma graça de trejeitos, que tanto amamos ela mesmo com olhares mais tensos aqui, quanto o que fez há 2 anos em "Projeto Flórida", de forma que sua Flora acaba interessante de ver, e bem dosada de estilos, podendo até ter feito o básico, mas acaba agradando bem no estilo que o filme pedia. Já por outro lado Barbara Marten entregou uma Sra. Grose bem estranha, daquelas que não sabemos o motivo de tanto rancor, mas que quase sendo um fantasma propriamente dito acaba entregando cenas fortes e interessantes, de forma que poderia ter sido até melhor usada.

Agora quem com certeza deu show na tela foi a equipe de arte, que conseguiram encontrar uma locação gigantesca, cheia de detalhes, com ambientes escuros sinistros, muitas bonecas feias, cortinas para todos os lados, corredores macabros, piscinas e lagos escuros, labirintos, e tudo mais que uma mega mansão deve ter, além claro de figurinos e fantasmas em sombras, o que deu um tom bem bacana para o filme, e que poderia ter surtido mais efeito nas mãos de um diretor mais efetivo, ou seja, é o famoso tenho muito pra mostrar e não sei como. A fotografia abusou de muitas cenas com quase total escuridão para pegar o público desprevenido em alguns momentos, mas nada que tenha atrapalhado o andar do filme, de forma que tudo passa bem, e é possível ver bem os detalhes.

Enfim, é um filme confuso, com pouca dinâmica, que até trabalha bem alguns elementos do terror, mas que falha demais na conclusão, e principalmente nas apresentações para que o longa pudesse ir para muitos outros caminhos, de forma que até conseguimos criar alguma conexão com ele, mas como o fechamento muda tudo o que imaginávamos, talvez só revendo para dizer que acertaram em algo, e não vou dizer que é algo que valha a pena. E sendo assim, também não o recomendo para ninguém. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Bad Boys - Para Sempre (Bad Boys: For Life)

1/30/2020 11:56:00 PM |

Se você viveu sua infância/adolescência nos anos 90 certamente viu muito "Os Bad Boys", primeiro filme do diretor Michael Bay que decolou após o longa em 1995, dançou e cantou a muito a trilha sonora, e claro provavelmente viu a continuação mediana dos anos 2003, desde então muito se falava em uma continuação ou um reboot para a franquia, mas nada saía do lugar, até que eis que aparece finalmente "Bad Boys - Para Sempre", que é um longa que diria bem digno da sequência, parecendo que não ficamos nenhum dia nesses 17 anos sem ver a dupla, que envelheceram sim, mas ainda mantêm as mesmas brigas, os mesmos tons de piada, e até mesmo as mesmas toadas de ação, de modo que o filme passa gostoso e diverte bastante, claro que com o envelhecimento eles perderam velocidade nas corridas e brigas, mas ainda soam bem colocados no que fazem. Porém pode parecer implicância desse Coelho que vos digita, mas já cansei de vilões mudando de lado no final, ficando razoavelmente bonzinhos por algum motivo (o deste aqui é ainda daqueles que mais dá raiva ainda que já vimos em outros milhões de filmes!), e assim sendo pode até ser jogada para a continuação ficar bacana com a cena colocada no meio dos créditos, mas tem de seguir a linha tradicional, e vilão é preso ou morto continuando sendo vilão.

O longa nos conta que quando Marcus está tentando dar um passo atrás e passar mais tempo com a família, uma ameaça perigosa emergirá para colocar em risco a vida de Mike – trazendo Marcus de volta à ativa, afinal, Mike também é sua família e ele não deixará que ele vá sozinho nessa missão.

Posso dizer facilmente que nunca vi nada dos diretores belgas Adil El Arbi e Bilall Fallah, mas que por serem jovens certamente vivenciaram a época grandiosa do original e sua continuação para saberem que tom seguir aqui, pois volto a frisar que a trama mantém o ritmo, mantém as pegadas, tem praticamente as mesmas sacadas, mas foram apenas atualizados para o tempo atual com drones, com equipes menos de ataque com mais retaguarda, trabalharam o lance mais familiar, e claro botaram a velhice em pauta, e assim eles conseguiram trabalhar bem, fazer funcionar tudo e entregar um resultado condizente com a franquia, de modo que nem pareceu nada  muito diferente do que já conhecíamos, e assim o resultado agrada bastante. No sentido da dinâmica de câmeras também foram bem dinâmicos, colocando um roteiro com atitude, com poucas quebras, fazendo com que o acerto fosse coerente e funcional.

Quanto das atuações, a química entre Will Smith e Martin Lawrence é daquelas que vemos a amizade nos olhares, que praticamente um joga a bola pro outro e se encaixa na cena seguinte, ou seja, nem que sonhassem conseguiriam fazer o mesmo longa sem os dois atores. Dito isso, Will Smith soube entregar a personalidade canastrona que seu Mike sempre teve, mas conseguiu ainda assim ser bem carismático, soube encontrar estilo nas cenas mais fortes, e principalmente como ainda continua fazendo muitos longas de ação, trabalhou bem as dinâmicas cênicas necessárias e agradou bastante. Martin Lawrence já aposentou as dinâmicas mais corridas faz tempo, mas aqui ele foi perfeito na área cômica, fez bem cada ato de amizade e de família, e claro divertiu a todos com estilo, não forçando a barra em nada. O vilão vivido por Jacob Scipio foi bem forte nos atos, e entregou envolvimento quando precisou, de modo que seu Armando acaba indo certeiro nas cenas fortes, porém como já disse, os atos finais ficaram levemente frouxos, e assim ele não foi como poderia finalizar na medida coerente que manteve desde o começo. Kate Del Castillo fez sua Isabel com muita personalidade, e com um começo bem estilo de filme de terror, de modo que talvez se o filme focasse até mais nisso o resultado seria diferente e até interessante, mas no seu segundo ato ficou até mais nova que muitos personagens, o que acabou estranho de ver. Da galera do AMMO diria que todos tentaram se mostrar com bem pouco, de modo que não vemos grandes atuações, mas sim personagens interessantes, tirando claro o jovenzinho Charles Melton com seu Rafe que não disse a que veio, já Paola Nunez foi bem sensual, inteligente e interessante com sua Rita, Alexander Ludwig entregou um Dorn cheio de desenvoltura tecnológica, mas depois chamou a atenção para o seu problema, e saiu detonando, e até Vanessa Hudgens entregou uma Kelly simples e bem cheia de chamariz, porém talvez fosse preciso um longa a parte para que eles se destacassem mais e contassem mais suas histórias. Quanto aos demais, foi bacana ver os antigos atores aparecendo, Theresa Handle bem rapidamente, e claro Joe Pantoliano dando esporro direto com seu Capitão Howard.

No conceito visual, mantiveram bem o estilo Michael Bay de muitas explosões, carros velozes cantando pneu, motos fazendo firulas, tiros para todos os lados, e claro cenários bem interessantes para dar molde ao filme, criando momentos bem colocados, ações na medida certa, e fazendo com que cada dinâmica entrasse no estilo que o filme já tinha antigamente, e felizmente foi mantido na medida certa para animar tanto os fãs da franquia que esperavam muito, quanto quem apenas for conferir esse, e que certamente irá gostar.

Outro ponto muito bom do longa foram as canções escolhidas, que ditaram um ritmo frenético do começo ao fim do filme, entregando personalidade, e claro dinâmica para a trama, e claro que deixo o link para todos conferirem aqui.

Enfim, é um filme que vai agradar na maior parte do tempo, vai dar aquele momento nostálgico em todos que lembrarem do longa original, entrega ação para quem gosta de ação, entrega comicidade para aqueles que gostam de tramas divertidas, ou seja, um filme completão para passar na sessão da tarde e todos conferirem como aconteceu com o longa original, e sendo assim recomendo para todos curtirem. Claro que não digo para irem com muita sede ao pote, esperando demais do longa, pois ele é simples, mas agradará com certeza a todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Quem Com Ferro Fere (Quien a Hierro Mata) (Eye for an Eye)

1/28/2020 12:49:00 AM |

É engraçado quando um filme parece ter uma proposta, daí ele vai se vertendo para outra que já era estranha de se pensar, daí quando você vê que a coisa ficou feia e vai fechar vem o diretor e consegue impactar ainda mais com algo mais forte ainda que você sequer pensou no começo. Pois bem, pode parecer loucura, mas quem conferir o filme da Netflix, "Quem Com Ferro Fere" certamente irá no miolo imaginar algumas diversas coisas, mas sequer chegará perto da ideia final que o diretor escolheu para fechar a trama, que claro deu o nome ao filme, então já é uma boa dica, mas por experiência bem vasta em filmes do estilo, imaginava que o rumo seria completamente diferente, ou que pelo menos o acontecimento final fosse ocorrer lá pela metade da trama, para ter algo a mais, mas não é fechado em close forte e bem impactante. Sei que deixei muitos curiosos com isso, mas não vou dar spoiler, e o que posso falar sobre o filme é que ele tem uma amarração digamos intrigante, alguns atos bem trabalhados, mas soa preguiçoso a todo momento, o que não é bom de ver em um filme de suspense/policial/drama, e isso chega até incomodar, pois parece que nada vai acontecer, não vamos chegar a lugar algum com tudo, para que nos últimos 20 minutos tudo aconteça rapidamente, ou seja, é o famoso preciso acabar com isso, então vamos fazer acontecer, e acontece, então fica a dica para quem gosta do estilo, mas não esperem muito, pois a chance de decepção é maior do que a de satisfação.

A sinopse nos diz apenas que um traficante de drogas procurando descanso. Um enfermeiro procurando vingança. Uma encruzilhada onde ninguém está seguro.

A base toda da trama está nessa sinopse, porém temos muitos outros objetos de percurso rolando, e o diretor Paco Plaza, muito mais conhecido pela franquia de terror que fez ("[Rec]") entregou uma trama crua de momentos, com pouco simbolismo e muito direcionamento, de modo que só com as atitudes e olhares já imaginamos os conflitos do longa inteiro, mas volto a frisar, ele foi sagaz no fechamento, afinal qualquer outro diretor normal iria por outro vértice, colocaria o fim no meio para acontecer mais coisas, ou qualquer outra coisa, mas Paco como um diretor tradicional de terror optou dessa forma, e vai causar muito impacto no público. Só digo que poderiam ter melhorado mais o roteiro para mais coisas acontecerem, pois, o filme em si enrola demais para tudo ocorrer somente no final, e nesse estilo pecar nesse conteúdo é quase pedir para que o público pare de ver.

Sobre as atuações Luis Tosar entregou um Mario de certa forma carismático, que mesmo fazendo o que faz, ainda entrega olhares coesos e bons momentos na trama, talvez um pouco mais de sangue frio ou desespero encabeçaria melhor a trama. Xan Cejudo trabalhou seu Antonio com a maior velhice possível, fazendo cenas fortes e bem densas somente com olhares e mexidas de boca, o que chamou muita atenção para seu personagem. Ismael Martinez colocou seu Toño como um maluco desesperado para tudo, que só grita e faz carões, no melhor estilo dos traficantes de novelas, e talvez um pouco mais de força no olhar fosse melhor. E Enric Auquer trouxe para seu Kike o traficante viciado maluco e noiado que não serve para nada a não ser apanhar na prisão e fazer besteira. Quanto os demais, diria que fizeram enfeite cênico, tendo leves momentos de chamariz para Maria Vásquez com sua Julia, e só.

Quanto do conceito visual da trama, vemos uma clínica de repouso simples, mas bem fraquinha de segurança, aonde nem notam coisas absurdas acontecendo com um dos pacientes, ou seja, poderiam ser mais realistas ao menos, vemos um cartel sendo desmanzelado de forma bem idiota também, e algumas perseguições malucas de carro, um hospital com um parto bem realista, e alguns flashbacks do irmão sofrendo pelas drogas, ou seja, o básico bem feito.

Enfim, é um filme que instiga e que tem boas amarrações, mas poderia ir por diversos outros caminhos, e claro ter um fechamento completamente diferente do que foi feito, mas esse foi o roteiro escolhido pelo diretor. Garanto que muitos irão ficar bravos com o fim, outros vão pensar como eu que o filme ali teria de ser continuado, mas usando o nome do filme, diria que todos pagaram pelos seus atos, levando alguns inocentes no meio do caminho, mas o nome do filme já diz tudo, então fica a dica para quem gosta do estilo. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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O Melhor Verão das Nossas Vidas

1/26/2020 10:30:00 PM |

Quem disse que quem perde um reality show não alcança um bom sucesso? Três garotas disputaram o The Voice Kids em 2016, não ganharam, mas formaram um girlband, e após várias músicas e clipes decolarem eis que surge agora um longa na carreira das garotas denominadas BFF Girls. Claro que o longa "O Melhor Verão Das Nossas Vidas" está bem longe de ser uma obra prima, pois relembra um pouco os episódios da novela teen Malhação na época que tinha bandas e escola, e com isso não tentam nem fluir nada além com a história, brincando com amores, com brigas de escola, recuperação, e sucesso musical é claro, mas também passa bem longe de ser daqueles filmes jogados sem proposta, de modo que com uma edição bem dinâmica, cheia de recortes, quadrados, aplicativos e efeitos bobinhos, o resultado até passa rápido e vai agradar o público alvo que são jovens adolescentes, mas certamente quem for mais velho conferir sairá da sessão mais reclamando do que tudo. Ou seja, é o famoso filme básico, para ajudar a decolar a carreira das jovens, apresentar novas músicas, e mostrar que possuem tino bem desenvolvido para atuação também, mas que não vai nada surpreender, e com isso, muitos vão preferir passar reto pelo longa, mesmo ele não sendo ruim.

O longa nos conta que Bia, Giulia e Laura (BFF Girls) conseguem uma grande chance de participar de um Festival de Música muito famoso no Guarujá. Só que todos os planos dessas três amigas vão por água abaixo quando elas descobrem que ficaram de recuperação na escola. Assim elas terão uma missão arriscadíssima pela frente: ir ao Festival sem que seus pais fiquem sabendo.

Além das garotas estreando na telona, também tivemos o diretor Adolpho Knauth iniciando a carreira de longas metragens, e o roteirista Cadu Pereiva também, de modo então que podemos dizer que basicamente o longa foi um grandioso experimento para todos, e até que conseguiram ser dinâmicos e criativos, trabalhando bem movimentos na edição com elementos alegóricos vindos dos aplicativos que são moda atualmente, trabalharam com cenas simples e bem rápidas para que ninguém necessitasse entregar uma atuação ou direção mais cadenciada, e com isso o filme até que funciona dentro do que se propôs, sem nada que faça dele um filme para se pensar ou daqueles que qualquer um que parar para conferir saia feliz com o resultado, mas dentro da ideologia proposta, a trama agrada bem e diverte com algumas sacadas razoáveis.

Sobre as atuações, diria que todos fizeram o possível para chamar a atenção sem exagerar em trejeitos, de modo que não vemos nada surpreendente, mas também nada que desabonasse o que as três garotas fizeram em cena, sendo assim Bia, Giulia e Laura foram coerentes nas ações e se mostraram bem dinâmicas. Enrico Lima entregou alguns atos bem simples com seu Julio, porém exagerando um pouco na dramaticidade para parecer desesperado, e isso geralmente não funciona bem, e ele acabou soando um pouco artificial demais, mas nada que tenha atrapalhado o resultado, pois ele se envolve fácil na trama, e acaba soando convincente ao menos os exageros. Giovanna Chaves e Bela Fernandes fizeram bem os opostos com suas Helô e Carol, e souberam entregar personalidade com seus papeis, mas nada que surpreendesse muito, afinal o filme não pedia muito delas também. O comediante Maurício Meirelles, podemos dizer que fez seus trejeitos tradicionais, e brincou um pouco em cena, exagerando na medida do possível, mas sem forçar tanto a barra com seu Denis. Já por outro lado, sorte a nossa que Marvio Lucio ou Carioca como é mais conhecido apareceu pouco com seu Professor Caramez, pois nas poucas cenas dele já forçou a barra ao nível máximo. Agora quanto aos demais é melhor nem comentar, pois foram apenas participações e olha com direito a exageros de todas as formas, e olha que são atores de novelas, de filmes e não deveriam exagerar tanto para aparece assim, então vamos deixar eles de fora do texto.

No conceito visual da trama, temos uma escola com uniformes tradicionais de filmes (saias para garotas e bermuda para os jovens), vemos uma pousada destruída que precisa ser refeita pelos protagonistas, e um festival fechado em uma praia, que parece mais aberto que tudo, com pouquíssimos figurantes, ou seja, poderiam ter caprichado um pouco mais na duplicação cênica para dar um resultado maior, mas como o filme é simples, talvez essa tenha sido a ideia original mesmo. Quanto aos elementos cênicos, o filme brinca muito com ideias da internet, de usar arroz para secar celular, além de envolver bem com emojis e coisas tradicionais de aplicativos mesmo, ou seja, nada muito elaborado, mas também não ficando falho dentro do que propuseram.

Uma coisa que me deixa muito chateado realmente com filmes nacionais que envolvem boas canções é eles não divulgarem os álbuns nas plataformas de música, deixando tudo em segundo plano, e aqui o filme é feito praticamente para divulgar as BFF Girls, então quem quiser escutar as músicas das jovens cantoras terá de pesquisar soltas, pois não fizeram um álbum do filme para divulgação.

Enfim, é um filme simples, mediano, porém divertido, e que dá para passar um tempo, e que mesmo cheio de defeitos funciona para o público alvo, que são adolescentes, mas principalmente os que curtem as garotas nos diversos meios sociais online, ou seja, quem for fora dessa bolha talvez saia da sessão sem entender nada do que viu na telona, mas os demais que andam indo são os que vão gostar, e assim segue o cinema de estilo, e fica dessa forma a recomendação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, encerrando as estreias dos cinemas, mas volto em breve com textos dos filmes do streaming, então abraços e até breve.

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A Divisão

1/26/2020 03:02:00 AM |

Já desde muito tempo o Brasil anda entregando bons filmes policiais, mas sempre pecando na mesma tecla: o excesso de personagens importantes na história, de forma a quase virar uma novela ou série, e alguém precisa dar essa chacoalhada no pessoal e mostrar longas mais diretos que tivemos como foi o caso de "Tropa de Elite" e até mesmo "Alemão", aonde temos sim vários outros personagens com dinâmicas, mas não passam a ser tão representativos ao ponto de precisarmos analisar as suas vidas e caminhos abertos na trama. Dito isso, ver o filme "A Divisão" é lembrar da onda de medo que não só aconteceu no Rio de Janeiro, mas como em todo o país nos anos 90, aonde todo dia praticamente tínhamos notícias de sequestros e chantagens mil que até viraram temas de várias novelas nos anos seguinte. E a grande sacada aqui foi mostrar bem a corrupção suja nos meios políticos e policiais, aonde como bem sabemos ainda é bem sujo nos bastidores, claro tendo sempre os bons, mas os ruins são os que mais aparecem, e com uma desenvoltura bem pegada, a trama funciona, chama atenção, e só não é melhor pelo motivo que comecei o texto, de ter tantas aberturas e personagens, que diria no começo não estava nem mais entendendo quem era bom ou não, e isso quase desgasta o filme, que ao final fica interessante e forte, funcionando bastante.

O longa nos mostra que no fim dos anos 1990 uma onda de sequestros abala o Rio de Janeiro. Um grupo de policiais assume a Divisão de Antissequestro (DAAS) e a missão de desmontar as quadrilhas que transformou o crime em indústria. Nos bastidores das investigações, a disputa de poder opõe de um lado, Mendonça - policial incorruptível, porém extremamente violento - e do outro, Santiago, Ramos e Roberta - eficientes porém corruptos. O resultado: em poucos anos, zero ocorrências.

Se tem um diretor que anda errando bem pouco no cinema nacional é Vicente Amorim, que ultimamente tem trazido para os cinemas um filme melhor que o outro, e aqui embora tenha já gravado o filme em dois formatos (um para os cinemas e um para uma série que será exibida na Multishow em 5 episódios) ele trabalhou o tema bem, criou boas cenas de ação, e fez seu filme ter um conteúdo forte funcional e direto, de modo que acabamos interessados por tudo, torcemos para os protagonistas conseguirem o desfecho da trama, e principalmente o resultado não soe absurdo demais. Claro que como disse o filme funcionará muito melhor como uma série, e já que já fizeram isso, quem conferir ela na Multishow depois diga como ficou, mas felizmente a trama no cinema também não desaponta, e o resultado embora tenha um começo rápido e jogado demais, no final já vemos bons atos e o estilo do diretor com uma câmera bem presente funcionando.

Sobre as atuações basicamente o longa recai o protagonismo em cima de Silvio Guindane com seu Mendonça direto no ato que não pensa duas vezes pra torturar e matar se for preciso, no melhor estilo Capitão Nascimento que conhecemos de outros filmes, e ele faz bem seus atos, pinga suor de tanta ação/adrenalina e atinge bons momentos, o que faz valer seus atos, mas precisava um pouco mais de envolvimento psicológico no personagem para ficar completo. Já com o outro lado do protagonismo de Erom Cordeiro, tivemos quase o oposto, com alguém metódico e em busca de aparecer ou melhor se livrar da confusão com seu Santiago, o ator acabou ficando meio que apenas de olhares e vértices pontuais, sem direcionar muito atitudes fortes nem cadenciar algo que marcasse a cena, e assim seu resultado fica frouxo em diversos momentos, de forma que poderia também ter mais ação, embora tenha sido bacana ver o personagem assim também. Marcos Palmeira nem se esforça muito para mostrar que seu Benício é daqueles diretores corruptos que fazem questão de aparecer para não levar suspeitas para casa, mas como não era para dar tanto destaque nele, seu personagem meio que fica de lado durante todo o filme, e isso não é bom de ver, então falha mais pela edição em si, do que pelo próprio ator. Natalia Lage deu um tom aberto demais para sua Roberta, de modo que parece estar de um lado, daí recai pra outro, e consegue ficar ainda pior mais para o fim, mas a uma certa lógica em suas atitudes para se livrar de acusações, e a jovem faz suas caras e bocas pensando sempre nisso, o que é bacana de ver. Thelmo Fernandes foi coeso no estilo de seu Ramos, bem técnico de atitudes e chamando pouca atenção, mas fazendo acontecer, e acaba agradando bastante nas cenas que dependeram dele. Agora quanto aos demais, tivemos praticamente todos com atitudes para chamar atenção, mas como o tempo era curto demais para desenvolver os personagens, acabaram soando insossos, e isso é sempre ruim de ver, de modo que temos os deputados corruptos desesperados para aparecer na TV, a pessoa de marketing disposta a tudo para fazer seu candidato aparecer, os ex-policiais procurando uma brecha para ganhar dinheiro na aposentadoria, e por aí vai, até termos uma sequestrada gritando com caras e bocas, mas sem nada que chamasse a atenção para ela, ou seja, não vale destacar nenhum ator tirando os principais, ao menos no longa, quem sabe na série dá para ver melhor eles e falar sobre.

No conceito cênico da trama, tivemos bons momentos nas favelas sendo invadidas com toda pompa e tiroteios comuns, conseguiram criar cativeiros bem interessantes e fortes visualmente, tivemos uma delegacia simples de ambientes, mas com locais bem sinistros de atitudes, e claro muitos elementos cênicos funcionais, como armas, equipamentos de tortura, viaturas e figurinos bem trabalhados, além de televisões e telefones da época para remeter bem o estilo que víamos das negociações de sequestro da época. A fotografia usou muitas cenas escuras por trabalhar mais com ações noturnas, e isso foi bem funcional para o ato cênico, de forma que o filme todo poderia ter falhado, mas com as luzes de contra o resultado ficou até bonito de ver.

Enfim, é um filme bem trabalhado, denso na medida, mas que falha um pouco por querer ir além no desenvolvimento de personagens e não trabalhar isso, de forma que vemos tudo acontecer bem, mas como não conhecemos quase ninguém da forma que precisa, os atos parecem corridos e não chama tanta atenção. Mesmo com esses defeitos é um longa que dá para recomendar para quem gosta de uma boa ação policial, e que lembrará bem os casos de sequestro dos anos 90, mas não vá esperando muita coisa, que aí a chance de gostar bastante é maior. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até breve.

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Um Espião Animal em 3D (Spies In Disguise)

1/25/2020 10:25:00 PM |

Nem sempre transformar um estilo em outro funciona, e longas de espionagem possuem um formato próprio que acaba soando intrigante pela forma própria que acabam funcionando. Então ao desenvolver "Um Espião Animal", o principal erro ficou em entregar um estilo sério demais que não cativaria as crianças, com algo cheio de firulas que não prende tanto os adultos, e dessa forma a trama embora seja bem construída, acaba ficando no meio do caminho, o que resulta em algo estranho, mas divertido em alguns atos. Ou seja, não diria que tenha sido uma animação que vá ser lembrada daqui alguns anos, mas que talvez uma continuação faça funcionar tudo depois e resulte em algo melhor.

O longa nos conta que o superespião Lance Sterling e o cientista Walter Beckett são completamente opostos. Lance é sofisticado, elegante e atraente. E Walter... não. Mas a habilidade social que falta em Walter é compensada por sua esperteza e uma fantástica capacidade de inventar coisas incríveis para Lance usar em suas missões épicas. Mas quando algo inusitado acontece, Walter e Lance terão que confiar um no outro de um jeito completamente novo. E se essa dupla estranha não conseguir trabalhar como um time, o mundo todo estará em perigo.

Diria que a estreia dos diretores Nick Bruno e Troy Quane, depois de muitas outras animações em setores artísticos foi razoável, pois conseguiram ser criativos na formatação cênica, e brincaram bastante com ideias de ciência e gênios malucos que preferem o bem ao invés de armas assassinas, e essa sacada até tinha tudo para dar certo, porém faltou algo a mais na trama para funcionar: decidir o público alvo, pois não vemos nem algo bobinho para crianças rirem e dançarem, nem algo mais sério e emocionante para funcionar para jovens e adultos, de modo que o filme até flui, mas não envolve tanto como poderia. Claro que estou exigindo um pouco demais do filme, mas a ideia em si tinha tudo para ir além, mas optaram pelo simples, e as vezes ousar é a melhor opção. Ou seja, aqui acredito que foi a falta de uma experiência maior por parte dos diretores de não atacar tanto, pois outros fariam algo a mais com certeza que ligaria tudo a vértices maiores.

Sobre os personagens foram bem sacados os formatos do desenho nos atores americanos que representam, tanto que Lance é a cara completa de Will Smith, e aqui dublado por Lázaro Ramos até que funcionou bem, mas ainda acho que faltou ritmo no personagem já que era o maior espião da agência, e ficou simples demais. Enquanto Walter tem todos os trejeitos de Tom Holland e acabou funcionando bastante dentro da trama, mas ainda poderia ter ido além com jeito de algo como um gênio mirim, não que seja ruim no que fez, mas ainda foi pouco. Claro que todos os pombos malucos ajudam bastante e divertem bem como secundários, mas ficaram apenas bobinhos o que não é muito legal. E quanto ao vilão e os policiais, inclusive com a esposa de Lázaro, Taís Araújo dublando, foram coerentes com suas personalidades, fazendo com que ficássemos com certas raivas de suas atitudes, o que é funcional para uma trama.

No aspecto técnico, a BlueSky sempre entrega boas perspectivas cênicas, e aqui abusaram bastante de muitas armas estranhas e engraçadas, muitos voos e perspectivas, além de muita purpurina para que os efeitos 3D funcionassem mais, não sendo nada muito impressionante, mas também mantendo a necessidade da tecnologia, ou seja, é um filme dinâmico, com uma modelagem até que bem feita, ambientes visuais bacanas e que resultam em algo bacana de ver inclusive com bons efeitos tridimensionais, mas ainda poderiam ter ido muito além.

Enfim, como vocês viram falei muito no texto que poderiam ter ido além na trama, e sendo assim, diria que o resultado final do longa foi algo mediano que não impacta tanto, mas também não decepciona, e dessa forma quem for conferir o longa com os filhos até terá bons momentos na sessão, mas sem um impacto para querer depois comprar algo relacionado com o filme, pois é simples demais para uma maior recomendação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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A Possessão de Mary (Mary)

1/25/2020 02:23:00 AM |

Um dos estilos que mais são lançados filmes dentro do gênero terror é o famoso jump-scary que nada mais é do que aqueles filmes aonde coisas surgem do nada, pessoas gritam e tudo mais parecendo um grande trem-fantasma daqueles parques de diversão bem fajutos de antigamente, mas quando é bem feito, mesmo usando desse artifício um filme acaba segurando o espectador para ter o algo a mais que tanto esperamos ver. Dito isso, posso afirmar que "A Possessão de Mary" até tentou ser um algo a mais colocando um ator de peso na trama, e uma história de miolo até que razoavelmente convincente com o que é dito logo na abertura escrita, mas o fantasma é tão fraco, o estilo das mortes são tão clichês, a loucura, e tudo mais que nem uma onda imensa para dar uma certa tensão no momento de chuva em alto mar salvaria a trama do desespero que acaba sendo, e assim sendo, o filme não chega a ser uma tremenda bomba, sendo até daqueles que dá para curtir numa sessão da tarde, mas passa completamente longe de ser um filme de terror que cause algo a mais no público.

O longa nos mostra que David é um capitão de colarinho azul que luta para melhorar a vida de sua família. Estranhamente atraído por um navio abandonado que está em leilão, David impulsivamente compra o barco, acreditando que será o bilhete de sua família para a felicidade e a prosperidade. Mas logo depois que eles embarcam em sua jornada inaugural, eventos estranhos e assustadores começam a aterrorizar David e sua família, fazendo com que se voltem um contra o outro e duvidem de sua própria sanidade.

Diria que toda a criatividade que Anthony Jaswinski teve para com o roteiro de "Águas Rasas", aqui ele deixou na casa dele ao entregar algo sem muita dinâmica e sem muita desenvoltura para um diretor de episódios de séries (frisando episódio, pois é daqueles que só pegam um capítulo de uma série de vários e acaba saindo jogado) chamado Michael Goi, e o resultado acaba sendo um filme de sustos espalhados, que nada entrega demais, e que até tenta ser algo no meio do cinema de terror, mas vemos o filme esperando o algo a mais, meio que já sabendo onde ele está, e a hora que acontece, o que acontece? O filme acaba! Ou seja, o diretor poderia ter reduzido todo o filme pela metade, e contado a partir da última cena o que rola ali, pois aí sim teríamos um suspense/terror de ação, e o longa encaixaria muito melhor.

Sobre as atuações, sabemos bem a capacidade de Gary Oldman, e ficamos a todo momento nos perguntando se a crise bateu na sua porta também para estar caindo em projetos desse tipo, pois aqui qualquer ator de esquina faria o mesmo papel, além de não queimar sua carreira, ou seja, ele faz bons trejeitos, trabalha seu David de uma maneira coesa para o papel, mas não tem como ninguém recuperar um roteiro fraco, e ele certamente viu isso na metade do filme, pois vemos uma descida de nível seu da metade para a frente, e ele inclusive passa a aparecer menos na trama. Dessa forma, Emily Mortimer pode ser considerada a protagonista da trama com sua Sarah, afinal é a pessoa que mais aparece no longa, e ela se esforçou para não ser singela demais, criando olhares meio jogados, e sabendo dosar o temperamento forte da personagem, com o seu passado, e claro com o seu futuro, de modo que a jovem até faz alguns atos bem feitos, mas poderia ter passado mais temor em alguns momentos para soar mais verdadeira. Quanto dos demais, as garotas Stefanie Scott e Chloe Perrin até soam bem com seus medos e tensões, mas nada que valesse um destaque propriamente dito, mas a cena do copo que tem no trailer inclusive é uma das melhores do longa, e elas fizeram muito bem, e os outros dois tripulantes Owen Teague e Manuel Garcia-Rulfo começaram fracos demais, mas quando a loucura/possessão pega passaram a chamar atenção pelo menos, ou seja, fizeram caras e bocas interessantes nos seus atos de raiva. Quanto da investigadora, vivida por Jenifer Esposito, talvez um abajur em cena fizesse mais diferença.

No quesito visual a trama praticamente se passa toda dentro de um barco que aparenta ser minúsculo, mas que se olharmos o tanto de cenários que conseguiram fazer no seu interior parece quase um veleiro imenso, pois temos dois quartos, sala, cozinha, despensa enorme aonde colocam caixas, cômodos escondidos, além claro da sereia esculpida na frente do barco e um convés bem amplo para as cenas corridas, além claro de se passar em mar aberto aonde quase nem vemos ondas mesmo com grandes chuvas (acho que esqueceram de colocar isso nas filmagens na piscina, mas a gente releva!!). Ou seja, uma cenografia até que bem elaborada, que não foi muito bem gasta, mas que passa a mensagem do longa.

Enfim, é um filme fraco que até tinha potencial para ir muito além, pois como já falei no melhor ato de onde tudo poderia se desenvolver o longa acaba, deixando brecha para talvez um segundo (o que espero que não aconteça!), e com isso o filme acaba não sendo daqueles que recomendamos para os amigos, não que ele seja uma tremenda bomba, só que será gastar dinheiro e tempo à toa vendo um filme sem muitas atitudes, e que não desenvolve o que deveria. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até lá.

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O Farol (The Lighthouse)

1/24/2020 01:12:00 AM |

Um filme intenso, que tem força motora pelo estilo escolhido e pelas ótimas atuações dentro de uma fotografia única bem trabalhada. Quem ler essa primeira definição que digo caber completamente dentro do filme "O Farol" até vai achar que adorei o filme, mas aí vamos aos problemas, é muita loucura para um filme só, é abstração em cima de abstração, a ilha aonde fica o farol praticamente seria quase que um purgatório puxado para o inferno aonde os personagens estão lá vivos para sofrerem um perrengue atrás do outro, além de uma lentidão tão forte que só os fortes mesmo conseguirão ver o longa inteiro sem dar uma "pescada" de olhos. Ou seja, é um filme interessantíssimo, que poderá abrir diversos vértices para discussão, mas que exageraram demais em tudo. Claro que o formato em si vai impressionar, as atuações acabam fluindo e sendo as melhores das carreiras de ambos os atores, mas passa longe de tudo o que muito se andou falando sobre ele, e diria que pouquíssimos irão se apaixonar pelo longa.

O longa nos situa no início do século XX. Thomas Wake, responsável pelo farol de uma ilha isolada, contrata o jovem Ephraim Winslow para substituir o ajudante anterior e colaborar nas tarefas diárias. No entanto, o acesso ao farol é mantido fechado ao novato, que se torna cada vez mais curioso com este espaço privado. Enquanto os dois homens se conhecem e se provocam, Ephraim fica obcecado em descobrir o que acontece naquele espaço fechado, ao mesmo tempo em que fenômenos estranhos começam a acontecer ao seu redor.

Posso felizmente falar que (ao menos na opinião desse que vos escreve!), o diretor Robert Eggers teve uma grandiosa evolução, pois ainda não consigo enxergar nada de útil no filme "A Bruxa" que muitos amaram, mas pra mim foi apenas ok, e agora a trama tem uma consistência interessante, causa uma certa tensão por não saber o que pode acontecer ali com a loucura dos dois homens completamente isolados, que ninguém vem buscar eles e tudo mais, dá para referenciar muitas ideias de mitologias marítimas, dá para brincar com a ideia de morte e pecados, dá para fluir ideias de serviços ruins, e tudo mais, que o diretor conseguiu abrir seu leque e da mesma forma que costuma não entregar sua opinião, deixar aqui algumas possibilidades mais fechadas dela, e assim o resultado embora não seja fenomenal, consegue criar um clima, e principalmente pela excelência na estética e na direção de atores, transformar seu filme em algo que nos envolve e passa algo a mais, porém, ele ainda tem a mesma falha que seu primeiro longa, a falta de uma dinâmica mais trabalhada para mudar o eixo de seu filme de exageradamente artístico para algo mais comercial (que alguns até acham ruim, mas como costumo dizer, se não vender vira cult e morre!), e aqui o filme poderia ter os dois elos facilmente.

Sobre as atuações é fácil dizer que o filme só não é pior por culpa exclusiva dos protagonistas, pois seus trejeitos, seus diálogos e tudo o que fazem em cena certamente prova que ambos tiveram aqui os seus melhores momentos da carreira, pois temos um Willem Dafoe genial de clima, completamente insano, cheio de desenvolvimentos, e principalmente levantando a bola para que Pattinson cortasse na medida, pois geralmente em filmes desse estilo, os grandes nomes não costumam dar abertura para os mais jovens, e aqui seu Thomas é perfeitamente bem colocado em cada ato, e o envolvimento que acabamos tendo pelo filme se deve completamente a ele. Robert Pattinson é um ator que já cresceu, abandonou completamente seus trejeitos ridículos que tinha no começo da carreira, e aqui parece ter muito mais idade pela maquiagem feita, e claro pela personalidade que desenvolveu para seu Ephraim, de modo que se ele fizer só metade desse estilo no seu novo "Batman" já iremos ficar bem felizes com o estilo mais sério, pois aqui deu show também.

Outro ponto positivo da trama ficou a cargo da locação e do visual criado pela equipe de arte, pois o longa possui tantos elementos cênicos importantes com significados muito maiores do que apenas são realmente que acaba sendo daqueles filmes que uma discussão cênica daria para mais de hora, pois desde o bonequinho de sereia, a lâmpada do farol, a bebida, o cesto de pegar lagosta, os penicos, a torneira, e por aí vai, de modo que tudo é muito importante reparar, e cada momento pode ser diferente para cada um dependendo de como interpretar. Sobre a fotografia em preto e branco em um quadro de 1:19:1 ou o famoso 3:4 como muitos chamam é daquelas para sentir, e certamente se o filme fosse feito de outra forma não daria o mesmo impacto, então parabéns pela escolha, e claro com isso estão sendo indicados em todos os prêmios pelo que foi feito.

Enfim, é um filme completamente diferente do que já vimos, que muitos vão odiar, outros irão amar, e por incrível que pareça dá para ficar em cima do muro, pois assim como o Coelho que vos digita aqui, gostei de muitas coisas, mas o ritmo da trama raspou a trave de me fazer dormir, e como costumo dizer se o filme não pegar pra valer, a chance dele desandar e começarmos a ver defeitos até nas plantas cenográficas é altíssimo, e aqui foi o que acabou acontecendo, pois como muitos classificaram, é certeza do longa virar um grande clássico do cinema mais para frente, mas cansa e muito com o formato extremamente abstrato. E sendo assim, recomendo ele para bem poucas pessoas, pois muitos não irão entender nada, outros irão filosofar aos montes, e assim é o cinema de arte. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.

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