Rodeio Rock

10/06/2023 12:56:00 AM |

É tão engraçado você ir para uma sessão pronto para tacar todas as pedras possíveis e imaginárias no filme, e se pegar no final com o saco de pedras inteiro guardado e ainda feliz por ter visto uma produção funcionar por completo! Sim, até eu estou surpreso que gostei bastante do que vi em "Rodeio Rock", pois sempre falei que as comédias românticas brasileiras falhavam infinitamente em transformar um filme numa novelona cheia de personagens jogados, aonde nada ia para lugar algum, e no final tudo dava muito certinho, mas hoje com "Rodeio Rock", que tinha visto o trailer uma vez só, mas que julguei completamente pela embalagem, me surpreendeu demais com algo funcional do estilo, com uma pegada romântica leve, boas sacadas dinâmicas e bem colocadas, um visual bem bonito e bem desenvolvido, e claro ainda contando com personagens secundários bem colocados, mas principalmente não sendo um capítulo de novela na telona, e assim sendo o resultado na tela funcionou demais, tem estilo, e vai agradar até quem não curte sertanejo.

O longa acompanha dois músicos idênticos em aparência, mas muito diferentes em seus corações: Hero é um roqueiro muito talentoso, mas pouco reconhecido; Sandro é o sertanejo mais famoso e polêmico do Brasil. Após uma cirurgia deixar o sertanejo em coma, o roqueiro tem a chance de trocar de lugar com ele e embarcar em uma grande turnê pelo país - mas a viagem não vai ser tão simples, já que Hero conhece a ex-namorada de Sandro, Lulli, e se apaixona pela garota. Agora ele precisa decidir se prefere a fama ou seus princípios.

Gosto muito do trabalho do diretor Marcelo Antunez, e em todos os seus filmes solo sempre falei que a culpa de alguns erros não era sua, pois em uns exagerou demais no conteúdo e a edição picotou, em outro ficou faltando um pouco mais de foco, mas nem sempre citei seu nome como codiretor de grandes sucessos nacionais, ou seja, sempre se mostrou muito efetivo com o que entregava, e agora finalmente acertou em cheio, pois o filme tem o tempo de tela perfeito para não cansar, os personagens ficaram com uma química gostosa de ver na tela, a comicidade mesmo tendo alguns elos bobos não soou forçada, e a ideia do ator Felipe Folgosi em seu primeiro roteiro foi muito bem desenvolvida, de tal maneira que vemos o funcionar na tela, não sendo daqueles filmes que você se esforça para gostar, mas que vai entrando no clima e quando vê já gostou de tudo. Ou seja, é a famosa frase do menos é mais, aonde não querer ousar muito funciona melhor do que algo enfeitado que cansa, e como eu sempre digo, ir esperando o pior melhora demais a sessão, pois confesso que estava com muito medo do que veria hoje na tela, e o acerto do diretor e do roteirista foi muito bom.

Outro ponto que estava com muito receio era do cantor Lucas Lucco interpretar dois personagens no longa, mas ele soube encontrar trejeitos bem bacanas, misturar as ideias de estilos, encontrar boas facetas para não ficar bobo fazendo movimentações de roqueiro disfarçado de sertanejo, e conseguiu passar bons olhares conforme a trama se desenvolveu, ou seja, funcionou com o que a proposta pedia, e não desandou como facilmente poderia ocorrer. Carla Diaz já mostrou em filmes, novelas, e até mesmo em reality show, que sabe atuar com muita facilidade, criando ou representando personagens, e aqui ela trabalhou sua Lulli inicialmente com a ferradura lustrada (como diriam alguns amigos) dando coice e porrada aos montes no protagonista, depois foi amansando a personalidade, e sendo bem direta no que precisava fazer em suas cenas, de tal modo que não só ajuda o protagonista nas cenas em conjunto, como se destaque bem nos momentos mais amplos, sendo um ponto marcante na produção. Ainda tivemos bons atos de Charles Paraventi com seu Agnaldo cheio de sotaque, divertido e bem dinâmico nas cenas entregues (bem diferente dos personagens que faz na maioria dos filmes) e claro o destaque para a expressividade de Felipe Hintze (que eu não conhecia) com seu Pança/Nelson que como melhor amigo do protagonista trabalhou emoções e deu todo um carisma icônico para o personagem.

Visualmente a equipe contou com boas sacadas, mostrando que muitos roqueiros acabam precisando trabalhar em lojas para manter seus sonhos de um dia estourar, então vemos um começo bem sacado numa loja de guitarras, depois a necessidade de grana tendo de tocar em festas de formaturas, até chegar no glamour do sertanejo universitário, com carrões, bebidas, jantares e tudo mais, além disso mostrou bastante das belezas do Pantanal com suas cavalgadas, jacarés, pássaros e muito mais, além claro de um tremendo show no rodeio de Jaguariúna, aonde a equipe gravou no intervalo de trocas de bandas mantendo claro a lotação sem precisar de figurantes extras para a trama, ou seja, uma produção bem esperta e cheia de detalhes. Além disso a equipe de maquiagem brincou bastante sumindo com as tatuagens do cantor e claro com os visuais diferentes entre os dois cantores.

Enfim, não posso dizer que seja algo espetacular, que vai trazer várias emoções para o público e nem que não tenha defeitos, pois tem alguns atos que davam para limpar um pouco mais com os coadjuvantes, deixando a obra mais fechada somente nos protagonistas, mas temos de pensar no coletivo e ao menos não ocorreu nada que atrapalhasse o andamento do filme, e claro volto a dizer que fui muito surpreendido com algo bem bom dentro de um gênero que falham mais do que acertam, então minha recomendação é que quem gosta do estilo romântico e cômico bem leve deve ir conferir, pois vai valer o ingresso. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.

PS: Talvez num dia de maior revolta eu desse uma nota um pouco menor para o longa, mas como tudo funcionou bem e fui surpreendido pelo que vi, vai valer essa nota colocada!


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