Netflix - Camaleões (Reptile)

10/01/2023 05:11:00 PM |

Costumo dizer que não dá para inventar muito em uma trama de suspense policial, pois ou todas as pistas são entregues de modo bem fácil e reclamamos disso, ou o diretor segura o máximo que consegue, trava todas as ideias possíveis que acaba ficando até uma investigação confusa, e aí surpreende com alguma sacada fora da base nas cenas finais, e também reclamamos. Ou seja, é o gênero que o público vai reclamar de qualquer forma, e quando muito bem feito, acabamos achando algum defeito escondido, então diria que já que é para reclamar, o lançamento da Netflix, "Camaleões", até tem cenas intensas bem trabalhadas e um desenvolvimento bem clássico do estilo, porém dava para ser mais ágil e trabalhar melhor algumas alegorias, mas o estilão que optaram para o protagonista teve bem essa pegada mais lenta e calma, cheia de nuances complexas de desconfiar até da sombra, e assim sendo, o longa até agrada bem com a forma escolhida para fechar. 

A sinopse nos conta que Tom Nichols é um detetive durão que persegue destemidamente um caso onde nada é o que parece ser. Trabalhando no caso brutal de assassinato de uma jovem corretora de imóveis, ele acaba destruindo suas próprias ilusões e começa a dissipar certezas de sua própria vida.

Diria que faltou experiência para que o diretor e roteirista Grant Singer transformasse seu filme de algo bom para algo espetacular, pois a trama pedia um algo a mais para o filme, um desenvolvimento mais pegado e/ou atos mais conflitivos, pois não digo que sua estreia tenha sido ruim, muito pelo contrário, afinal mudar de videoclipes musicais para um suspense investigativo é algo que poucos acertam a mão, e por muitas vezes até estragam toda a expectativa do público, e ele soube como ocultar bem toda a ideia completa das duas facetas que mais procuramos no estilo, o quem cometeu o crime e o motivo do crime, só que talvez nas mãos de alguém que já fez mais esse estilo, teríamos algo mais dinâmico e talvez mais criativo, o que talvez não criasse tanto suspense também. Ou seja, o resultado final acabou sendo daqueles que ficamos pedindo algo a mais, mas nem sabemos se esse a mais resolveria ou atrapalharia, só sabemos que faltou aquele algo que fizesse o queixo cair, e nesse sentido talvez alguém mais experiente acertaria melhor, mas volto a frisar que foi uma excelente estreia, pois conseguiu nos enganar completamente sobre quase tudo da trama completa.

Sobre as atuações é fato que o elenco é daqueles que qualquer um sonha em sua estreia na direção de longas, e Benicio Del Toro conseguiu chamar tanto a responsabilidade para seu Tom Nichols que os demais quase se apagam atrás dele, e olha que temos muita gente boa na trama, mas ele pegou um ar mais fechado, daqueles investigadores que sentem tudo e todos, conseguindo criar ambientações mesmo aonde não teria, sendo sagaz e bem trabalhado nos detalhes, o que acaba agradando bastante do começo ao fim, ou seja, deu show, mostrando o motivo de muitos diretores gostar de colocar ele nesse estilo de papel. Já Justin Timberlake pareceu muito preso dentro de um formato que não faz seu estilo com seu Will, de tal forma que ele mesmo fazendo bons trejeitos, desenvolvendo algumas nuances e sendo intenso quando precisou ir mais além, ficou engessado, o que é estranho, pois sempre vemos ele mais solto e imponente, o que acabou não acontecendo nesse papel. Alicia Silverstone entregou uma Judy tão investigativa quanto o marido na produção, sabendo elucidar alguns detalhes, conseguindo ajudar aonde precisava no papel, e ainda tendo seu próprio estilo na produção, o que acaba sendo interessante de ver, pois se olharmos bem a fundo seu papel é tão secundário quanto muitos na trama, e ela não deixou que isso ocorresse. Ainda tivemos outros bons personagens vividos por Francis Fisher como a mãe de Will meio suspeita de atitudes, Michael Pitt entregando um Eli completamente maluco e cheio de suspeitas ao seu redor com o que faz em cena, Karl Glusman fazendo um ex-marido da vítima com tudo indicando suas desenvolturas ruins. Além desses tivemos os policiais bem colocados em cena como Ato Essandoh como um bom parceiro do protagonista, Eric Bogosian fazendo um capitão com problemas de saúde, mas bem disposto no que entrega, Domenick Lombardozzi fazendo um Wally durão e cheio de propostas, e até mesmo Mike Pniewski trabalhou o chefe de polícia Marty bem encaixado, mostrando um time meio diferente, porém ousado.

No conceito visual, o longa brincou bastante com as facetas do mercado imobiliário americano, mostrando várias casas gigantes, cheias de personalidade aonde o corretor usa seus artifícios e charme para vender, vemos o outro lado algumas casas mais abandonadas e bagunçadas aonde vivem os personagens mais problemáticos que acabam virando suspeitos, várias jogatinas e festas dos policiais até com apostas envolvendo quem poderia ser o culpado, mas a grande sacada foi que o diretor não trabalhou tanto com pistas, tirando o fato do carro e da dentada, algo incomum nesse estilo de filmes, então ficou tudo meio que na sombra, o que é um pouco estranho por não trabalhar tanto com isso junto da equipe de arte.

Enfim, é um filme interessante que tem uma boa pegada, que talvez desse para melhorar um detalhe aqui e outro ali para soar mais imponente e dinâmico, mas ainda assim mostrou bem a estreia do diretor e claro o show dos protagonistas na tela, valendo com certeza a recomendação para quem gosta do estilo. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas volto mais tarde com mais um texto, então abraços e até logo mais.

PS: Até dava para dar uma nota menor por alguns detalhes, mas o resultado final acaba agradando bastante, então vamos seguir assim.

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