Globoplay - O Alfaiate (The Outfit)

2/07/2023 10:32:00 PM |

Costumo dizer que uma produção tem de ser pensada nos mínimos detalhes, e principalmente na data de lançamento se almejar concorrer bem às principais premiações, afinal sabemos que existem alguns longas que são feitos com um maior estilo esperando ganhar prêmios e notoriedade, enquanto outros apenas são comerciais e se vendem sozinho pelas estrelas e dinâmicas, e posso dizer facilmente que o longa "O Alfaiate" é um exemplar que é muito mais artístico do que comercial, e errou feio ao ser lançado nos EUA e na Inglaterra em março do ano passado, pois ficou longe de todas as possíveis premiações, e com isso acabou "esquecido" pelos votantes, mas é daqueles filmes tão incríveis de amarrações, com um roteiro redondinho de estilo, que prende o espectador que fica pensando em como o protagonista irá se safar de tudo, mas ao final a vontade é de aplaudir sua inteligência nata, ou seja, é daqueles perfeitos dentro do estilo, que poderia ser transposto para uma peça teatral incrível também com pouquíssimos ajustes, mas que na tela teve todas as nuances abertas para acompanharmos e vivenciarmos tudo no espaço pequeno, e quem ganha é o pessoal do streaming, afinal agora entrou em cartaz na Globoplay/Telecine, e mais do que dou a dica, digo que é daqueles que muitos irão se apaixonar e pensar em como não viram um outro filme assim.

O longa nos mostra que Leonard, um alfaiate inglês costumava fazer ternos na mundialmente famosa Savile Row de Londres. Mas depois de uma tragédia pessoal, ele acabou em Chicago, operando uma pequena alfaiataria em uma parte difícil da cidade, onde ele faz roupas bonitas para as únicas pessoas ao redor que podem pagá-las: uma família de gangsteres cruéis. Uma noite, dois assassinos batem em sua porta precisando de um favor - e Leonard é empurrado para o tabuleiro em um jogo mortal de decepção e assassinato.

Esse longa marca a estreia de Graham Moore como diretor de longas, depois de ter roteirizado e ganhado muito dinheiro com o incrível filme "O Jogo da Imitação", e aqui novamente ele brinca com as situações e amarra (ou melhor usando um termo do filme costura) todos os detalhes, todos os envolvimentos em uma brilhante noite de situações conflituosas entre gangsteres da Chicago dos anos 50/60, e com elementos pontuais tão bons ele consegue nos deixar aflitos com tudo o que ocorre, ficamos o tempo inteiro imaginando as possíveis facetas para que o protagonista consiga se safar, quais suas origens e quais anseios ele vê no meio do que acaba se envolvendo que somos também enganados facilmente assim como os gangsteres da trama, e ao final quando tudo nos é revelado pelo protagonista, vemos o quão genial foi o roteiro do diretor, quanto o estilo escolhido por ele, pois se olharmos a fundo é um filme baratíssimo em um único lugar, com três ambientes internos, aonde precisou mais do figurino e da equipe de arte para mostrar o que é tudo ali do que tudo, e apenas empunhou com sábios diálogos a tesoura para que a edição ficasse perfeita e não cansasse. Ou seja, é daqueles filmes que você se vê no mesmo ambiente que tudo está acontecendo e que funciona demais, e se qualquer diretor de teatro for bem esperto usará esse texto aos montes daqui para frente, pois é brilhante.

Sobre as atuações, sabemos o quão bom é Mark Rylance, então ele dispensa todas as apresentações e aqui ele pega o seu Leonard de uma maneira tão bem colocada, que sinceramente penso que ele já foi alfaiate alguma vez na vida, pois tem os trejeitos corretos da profissão, sabe se portar como os verdadeiros lordes ingleses que praticamente cuidavam das roupas da mesma família por anos, sabendo onde estar, fazer as devidas posturas e tudo mais contando com diálogos calmos e bem pontuados, ou seja, você não vê o ator em cena, mas sim o personagem em todos os momentos, e se isso não é ser brilhante eu já não sei mais o que é. Poderia até dizer que os demais foram meros enfeites frente a tudo o que o protagonista entregou, mas não, todos se dão belos encaixes e souberam abrilhantar ainda mais tudo, desde o jovem Dylan O'Brien com seu Ritchie contando com um ego maior que o seu tamanho por ser filho do maior mafioso da região, passando pela jovem Zoey Deutch com sua Mable astuciosa e bem determinada nas cenas principais, chegando em toda a imponência de Johnny Flynn com seu Francis bem prepotente e com impactos certeiros nos devidos trejeitos, ou seja, o quarteto se encaixou nos devidos momentos e agradou bastante com tudo. E claro não poderia deixar de lado as ótimas participações finais de Simon Russell Beale como o mafioso principal Roy e Nikki Amuka-Bird como a elegante dona dos cassinos La Fontaine, que pegaram todos os elos e tiveram postura e determinação para chamar tudo para si nos atos de encerramento.

No conceito visual, como já disse o roteiro foi muito sagaz de não precisar praticamente de cena alguma fora da alfaiataria, então só precisaram criar muito bem todo o ambiente de corte e costura, uma recepção simples, um cofre, um baú e toda a parte de figurino de época bem requintado, todos os elementos cênicos de costura que nos é bem ensinada no começo, e claro muitos tiros, sangue e trapos chiques sendo usados para limpar tudo, ou seja, a equipe brincou com tudo e foi muito bem nos acertos de cada objeto bem usado para representar cada ato.

Enfim, só não darei a nota máxima para o filme mais pelo erro que falei no começo de falharem com a data de lançamento, pois certamente veríamos ele ganhando todos os prêmios possíveis, e também pelo diretor ter economizado no miolo para resolver um pouco rapidamente (apesar que foi bom pela surpresa), então diria que daria um 9,5 para tudo, mas vou manter a euforia e dar 9 recomendando demais para todos que gostam de filmes bem fechadinhos e certamente irei esperar mais longas dirigidos ou roteirizados por Moore, pois ele mostrou qualidade de um nível gigantesco. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


2 comentários:

Anônimo disse...

Com tantos filmes ruins por aí, esse merece ✫✫✫✫✫ filme muito bom. André

Fernando Coelho disse...

Fala André... esse é daqueles que surpreendem e valem o play mesmo... abraços!

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