Diria que o diretor e roteirista Thomas Kruithof fez um trabalho gigantesco de pesquisa política para poder criar sua trama, pois um fator inegável da produção são os jargões políticos, as desenvolturas ocultas que existem nesse meio, e claro todo o jogo de vantagens que alguns levam em não ter melhorias para algum grupo, além claro de todo o desenvolvimento de partidos e indicações que muitas vezes mudam todo o jogo político de um partido ou de uma candidatura. E só não diria que ele foi melhor com o que fez, devido seu filme ser muito fechado num nicho que alguns podem não crer por achar que é totalmente ficção ou então alguns acharem que é totalmente ficção quando estamos falando de algo que tem uma boa base realista, e nessa brincadeira ele se perdeu um pouco, pois dava para seguir mais uma linha só. E por incrível que pareça esse defeito do longa é ao mesmo tempo o que dá um certo brilhantismo para que seu filme tivesse esse viés real/ficcional como uma boa brincadeira cênica, funcionando bastante para quem entrar no clima, e assim sendo o resultado agrada mais do que incomoda.
Sobre as atuações é inegável o talento de Isabelle Hupert em qualquer papel que lhe entreguem, e aqui como uma prefeita no final do segundo mandato, que está tentando fechar as promessas de alguns problemas graves ao mesmo tempo que se vê num jogo múltiplo, a atriz acaba conseguindo fazer com que sua Clémence fosse esgotada ao máximo com dinâmicas políticas, olhares, gestuais e sem perder o salto se encaixar completamente em algo que certamente não é de seu gosto pessoal, fazendo claro a política da atuação e da boa vizinhança e nos convencendo muito do que faz em cena. Da mesma forma Reda Kateb faz um chefe de gabinete daqueles dispostos a tudo pela amizade e pela lealdade de sua assessorada, fazendo com que seu Yazid fosse astuto, cheio de traquejos e muito bem preparado para tudo, agradando tanto no estilo quanto nos envolvimentos, sendo perspicaz e muito interessante de ver em todas as cenas. Ainda tivemos outros grandes nomes se entregando bastante como Soufiane Guerrab como um cobrador de alugueis de imigrantes de um complexo de prédios popular cheio de sagacidade e boas conexões, Jean-Paul Bordes como o síndico dos prédios com um envolvimento bem marcante e Laurent Poitrenaux bem impositivo com seu Narvaux disposto a jogar contra a protagonista em acordos não tão bem colocados.
Visualmente vemos boas cenas num complexo de prédios bem degradado, com apartamentos vazando água, apartamentos abarrotados de imigrantes pagando aluguel para golpistas com fiação exposta e tudo mais, vemos todo o jogo político em festas e reuniões, e claro a casa da protagonista sendo a prefeita da cidade, mas com algo bem abandonado também, afinal mostra que fica menos tempo ali do que em qualquer outro lugar, e cheio de símbolos de campanha, muitos telefonemas e tudo mais o resultado acaba sendo bem chamativo, mostrando que a equipe de arte não criou muito, mas soube escolher bem as locações para ser muito representativa.
Enfim, é um filme muito bem trabalhado, aonde vemos grandes atuações em uma história bem interessante, que vale ser visto tanto para conhecer um pouco mais desse mundo ardiloso, quanto para discutir sobre política de uma forma melhor, pois muitos acham que um prefeito, vereador, deputado, governador, senador, presidente e tudo mais vai chegar lá no poder e fazer tudo o que quer de uma forma bem fácil sem negociações e perdas, então fica a dica e a recomendação para a estreia a partir da próxima quinta 02/03 em alguns cinemas. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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