Casamento em Família (Maybe I Do)

2/24/2023 12:29:00 AM |

Sempre tenho o receio que quando uma peça é adaptada para funcionar como filme se tire a essência cênica bem fechada e redondinha para acrescentar coisas desnecessárias apenas para que fique mais visual, mas felizmente isso não acabou acontecendo com "Casamento em Família", pois mesmo não tendo conferido a peça, o diretor foi cirúrgico para desenvolver as quebras de conversas intercalando as famílias e os grupos, misturando os pares nos devidos atos, dando nuances diferentes de pensamentos e tudo mais que praticamente na peça deve ter sido muito difícil de ser entregue (teria de ser dois ambientes próximos com um apagado e o outro claro intercalando bem em sincronismo para funcionar legal) e dessa forma o texto em si acaba sendo bacana para as reflexões da forma como os mais velhos e os mais novos ali pensam, cada um da sua forma de criação e de vivência, que acaba passando várias mensagens, e também mostrando o quão bom o elenco é para dominar tudo sem ficar cansativo. Ou seja, é daqueles filmes que em casa você vê rapidamente numa sentada na frente da tela, e que no cinema parece passar ainda mais rápido que os 95 minutos de projeção (para ser sincero acho que teve até mais trailer do que filme!), sendo algo gostoso de ver, mas que você não pode esperar nada mais do que apenas pensar sobre as facetas do motivo real de se casar (aliás, a opinião de William H. Macy que já está no trailer é a melhor filosofia para se pensar quando for querer casar!).

A sinopse nos conta que Michelle e Allen estão juntos há algum tempo e Michelle está começando a querer dar o próximo grande passo e se casar. Mas Allen não tem tanta certeza e entra em pânico. Desesperados, os dois recorrem aos pais. Mas eles têm seus próprios segredos. Quando o casal decide que todos podem se encontrar para jantar, o caos se instala, pois ambos os pais parecem ter uma conexão com o parceiro um do outro.

Em sua primeira incursão na direção de longas, depois de muitos roteiros para filmes, séries e peças, Michael Jacobs, resolveu pegar um texto muito bem trabalhado e que diria até fácil de se desenvolver para o cinema, e que chama a atenção justamente por ser dessa forma, afinal ele nos dá toda a sensibilidade de alguns personagens por julgar o casamento como um elo eterno e tenro, traz os vértices das várias experimentações fora do ambiente para se valorizar, e também não julga aqueles que veem essa quebra como um pecado demoníaco, ao ponto que com todas as ideias é possível se emocionar e rir em altas quantidades e isso é o que mostra o bom feitio de um texto, mas também mostra que o diretor soube se comportar para chegar na edição e falar para quebrar todos os textos nos momentos certeiros como se uma coisa dependesse da outra, e isso é genial. Claro que volto a frisar que não é um filme brilhante como cinema, pois talvez pedíssemos um pouco a mais de tudo, mas a medida escolhida pelo diretor é o fato simples do texto não precisar desse a mais para funcionar, e assim sendo é um filme correto e que diverte dentro do que propõe, e fique feliz com isso.

Diria que mais do que uma grande sacada em cima do roteiro, o diretor foi muito premiado em escolher um elenco de primeiríssima linha que soubesse segurar toda a responsabilidade do texto sem pesar a mão, e muitos começariam pela ordem do pôster, mas prefiro começar pelo lado mais sensível de William H. Macy com um Sam tão bem trabalhado, cheio de emoções para desenvolver, passando aquela conexão que você vê num homem que mais do que carinho/sexo deseja alguém para conversar e passar boas horas fazendo isso, ou seja, um emocional tão bem colocado que agrada bastante. Sendo completamente o oposto de sua esposa, que aliás só ficaram juntos mesmo como disseram no filme pelo filho, já que Susan Sarandon deu todo seu ar cômico para que sua Mônica fosse expansiva, cheia de calor e de palavras, ainda se sentindo apta e com um grande fogo para muitos relacionamentos, e isso não é errado, afinal sabemos que existem essas mais fogosas, e a atriz entregou muito bem isso. Do outro lado tivemos claro todo o envolvimento e o estilo mais recatado de Diane Keaton com todas as nuances e semblantes preocupados com o que sua Grace fez, desesperada com as falas do marido, do pastor e de tudo o que sua mente oscila já que só tem olhos e vontades para seu marido, e a atriz soube segurar tudo com muita certeza de não falhar em nada. E junto dela tivemos um Richard Gere sempre com postura, reflexivo mas disposto a sair da linha com seu Howard, mas também pensante sobre tudo o que está vivendo ali, e conseguiu entregar bem as devidas dinâmicas, sendo simples, mas bem colocado. Ou seja, sobrou praticamente nada para os jovens Luke Bracey e Emma Roberts com seus Allen e Michelle, mas ambos ainda tiveram alguns atos de filosofia e envolvimento, trabalharam bem alguns pensamentos e se mostraram bem apaixonados, não sendo uma química forte como deveria, mas foram bem ao menos nos poucos atos deles, afinal diria que o filme é mais da turma da terceira idade.

Como já disse o que temos aqui é uma adaptação de uma peça, e pensando dessa forma até que o diretor foi premiado pela equipe de arte com ambientes bem completos, pois temos duas festas de casamentos simples porém bem colocadas, temos o apartamento do rapaz também sem muitos detalhes, mas funcional para as cenas que ocorrem ali, tivemos as duas casas das famílias bem cheia de adereços, com a dos pais do rapaz tendo destaque apenas para a sala e a cozinha com um ar mais moderno, e a dos pais da garota com vários ambientes que os personagens vão andando com um ar mais tradicional e rústico tendo destaque o quarto dela, a área externa e a cozinha também, além dos primeiros atos rolando num hotel chique contra um cinema, uma lanchonete de frango frito e um motel bem acabado, ou seja, imaginem isso num palco só como seria, e assim deem todo o valor para a equipe de arte que deu tudo para o diretor.

Enfim, é um longa simples e gostoso de curtir, que com certeza você dará algumas boas risadas de algumas cenas e vai filosofar pensando na vida em outros atos, então quem gosta do estilo pode ir conferir tranquilamente que não tem apelações e o resultado funciona, mas quem esperar algo a mais talvez se desaponte um pouco, então curta como um bom passatempo. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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