Netflix - Meu Nome é Chihiro (ちひろさん) (Chihiro-san) (Call Me Chihiro)

2/26/2023 07:51:00 PM |

Falar de filmes introspectivos é algo que costuma ser meio complexo, pois a pessoa que vai assistir precisa estar praticamente na mesma sintonia que a trama, ou pelo menos já ter vivido algo do estilo, senão acaba achando tudo muito bobo e sem envolvimento. E a grande sacada do longa japonês da Netflix, "Meu Nome é Chihiro", é mostrar a empatia e a síntese de ser alguém ou pertencer a um lugar, de modo que temos uma pessoa ou alma diferenciada que vive em determinados locais e consegue enxergar as pessoas ali de formas diferentes, vendo quem realmente precisa de sua ajuda e de seu conforto para passar para uma fase melhor, e claro ao concluir "seu trabalho" naquele lugar, ela vai para algo novo para se enxergar com outras vertentes e ajudar novas pessoas a sair do fundo do poço. Claro que é um filme bonito que não é tão fácil de enxergar todas as nuances, alguns vão se cansar com tudo, mas ao se envolver com a protagonista passamos a refletir sobre tudo o que nos aflige, em como podemos ser útil para alguém e até se emocionar com alguma situação, mas voltando ao que falei logo no comecinho, você precisará se conectar mais com o filme, senão não vai rolar.

A sinopse nos diz que tem certeza que você vai querer conhecê-la. Chihiro é uma ex-trabalhadora do sexo que trabalha em uma loja de bentô em uma pequena cidade litorânea. Ela tem uma boca suja e segue seu próprio ritmo. E ela está livre. Essa garota está flutuando na cidade. Ela é uma estranha "adulta". Mas, por algum motivo, você quer conhecê-la. Uma estudante do ensino fundamental esperando a mãe voltar para casa, uma colegial que não consegue dizer o que realmente pensa e um morador de rua que não fala muito. Vamos conhecer Chihiro para vivenciar essa maravilha.

O longa que é baseado no mangá de Hiroyuki Yasuda foi muito bem adaptado para o cinema pelo diretor e roteirista Rikiya Imaizumi, que conseguiu dar as nuances dos personagens que estão precisando de alguém para conversar, alguém que esteja disposto a levar algum sentido para sua alma solitária, que mesmo estando junto de outras pessoas não consegue se ver presente ali, mas junto da protagonista que vê o que você tem de bom consegue dar as devidas dinâmicas e se soltar. Ou seja, o diretor conseguiu fazer um daqueles filmes cheios de exemplares para que o público se enxergue ali também, e comove com atos simples bem feitos e dosados da maneira correta, não sendo nem impositivo demais, nem aberto para que a trama fuja do eixo, mas se pudesse mudar algo eu fecharia um pouco mais as pontas, pois tudo acaba sendo em demasia de reflexões e de personagens, e por vezes nos perdemos um pouco, mas como ela diz: com certeza deve ter alguém do mesmo planeta que você esperando para se conectar e isso você deve abrir bem os olhos para enxergar.

Sobre as atuações, a base mesmo fica em cima de Kasumi Arimura com sua Chihiro cheia de empatia, com olhares e gestuais doces e bem colocados, desenvolvendo tudo para os outros sem pensar muito em si, mas abraçando o mundo com o que pode fazer dentro de seu ser, ou seja, a jovem atriz precisou ser muito emocional, feliz e cheia de conexões para que sua personagem não soasse falsa, e isso foi algo bem trabalhado e com muito envolvimento que poucos conseguiriam fazer, e assim deu muito show com o que fez na tela. Quanto aos demais, tivemos boas cenas com os mais jovens vividos por Hana Toyoshima com sua Okaji curiosa com os demais, mas longe do ambiente familiar, o garotinho Tetta Shimada que demonstrou um Makoto bem disposto a tudo mesmo estando sozinho em casa com a mãe trabalhando o tempo todo, e até a isolada Becchan vivida por Itsuki Nagasawa foi bem carismática na sua essência, além claro dos adultos que tiveram suas conexões bem interligadas dentro do pequeno restaurante ou da vida de trabalhos antigos, com o claro destaque para Jun Fubuki com sua Tae demonstrando um algo a mais sem enxergar com os olhos, mas vendo o carisma da jovem pela sua alma.

Visualmente o longa mostra bastante o pequeno restaurante de bentôs, mostra a escola das garotas sempre numa aula de matemática, vemos uma casa abandonada aonde os protagonistas vão para ler mangás, a casa da protagonista bem simples e quase sem nada no interior, vários passeios pela orla e claro símbolos em todos os personagens para dar a devida referência, com destaque para o senhorzinho andando com sua casa nas costas, sem falar, apenas disposto a ter bons momentos e viver, tivemos ainda um pequeno festival e ainda alguns momentos da época em que a protagonista era garotinha aprendendo um pouco de tudo, ou seja, a equipe de arte arrumou locações bem colocadas, mas sem grandes chamarizes, e isso é algo bem legal de ver.

Enfim, é um filme que tem sua graça e envolvimento e que traz boas reflexões, e sendo assim vale a recomendação de ver ele se abrindo para a mensagem e sentindo um pouco de tudo o que se passa na tela, que claro dava para focar um pouco mais em menos personagens, mas ainda assim o diretor não se perdeu no miolo, e o resultado agrada bastante. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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