Morte a Pinochet (Matar a Pinochet)

2/12/2023 01:38:00 AM |

Filmes de guerrilha costuma entregar bons personagens, ações desmedidas e planos bem trabalhados que costumam dar certo e mostrar tudo com muito envolvimento, mas sabemos bem que pela História muitos atos que foram tentados contra Pinochet deram bastante errado por terem infiltrados ou por não se organizarem muito direito, de forma que tudo pode ser bem intenso numa trama e não ir muito longe. E o filme "Morte a Pinochet", que entra em cartaz na próxima quinta 16/02, mostra uma dessas tentativas, desenvolvendo os personagens principais do ato, suas intensões e dinâmicas e tudo o que pensavam nos momentos mais diretos do ataque, de modo que vemos uma trama bem marcada e um estilo bem cheio de desenvolturas, porém é um filme rápido demais, de tal maneira que parece não desenvolver o tanto que precisava os atos, com personagens soltos e entregas não tão imponentes quanto poderia, e assim o resultado é um filme interessante de ver, mas que quando acaba fica parecendo que não nos foi mostrado tudo, e isso é um pouco ruim. Ou seja, é um bom filme e tem bons personagens, mas dava pra ter ido mais além, e como costumo dizer, mesmo uma história sendo baseada em fatos reais, precisam dar aquele algo a mais ficcional para que algo vá além cinematograficamente.

O longa nos situa no Chile. Em setembro de 1986, um grupo de jovens tinha nas mãos a oportunidade de mudar o destino de um país: acabar com a ditadura de Pinochet matando-o. Enquanto o Chile vivia uma das ditaduras mais cruéis de Augusto Pinochet, poucos ousados consideravam o impossível: matar o tirano. O professor de educação física Ramiro, a psicóloga Tamara, e Sasha, nascido na favela, marcam o ataque armado para uma tarde de domingo em 1986. Ramiro, ex-professor de educação física que se dedicou à luta armada, esquecendo-se das relações pessoais; Sacha, um jovem humilde das favelas de Santiago, um entusiasta do futebol, sem formação política, e Tamara, uma psicóloga atraente que deixou uma família de classe alta para viver na clandestinidade e se tornou a única mulher com posto de comandante na Frente Patriótica: todos eles têm um objetivo comum - matar Pinochet. Baseado na história real de um ataque fracassado lançado por um braço armado do Partido Comunista Chileno.

Diria que o diretor e roteirista Juan Ignacio Sabatini estudou bastante todo o ato ocorrido em 86 para desenvolver ele de uma forma que ficasse bem crível e envolvesse com dinâmicas bem contundentes, porém faltou para ele o famoso ir além, que ao contar um pouco as diversas histórias adjacentes até entramos no clima de alguns protagonistas, mas não no clima da revolução em si, pois o uso de algumas imagens de arquivo, e alguns poucos atos de imposição não deram o real clima da revolta chilena, e que mesmo sabendo de toda a tirania do General Pinochet, de todos os fatos históricos e tudo mais, o filme não entrega essa abertura para o público, já caindo de paraquedas no meio de tudo e apenas vendo acontecer. Ou seja, diria que faltou brincar um pouco mais com o antes dos atos para sentirmos mais o envolvimento todo, e aí sim partir para o campo, pois ele soube trabalhar bem o conflito armado, deu algumas nuances de tortura, e passou alguns elos familiares para contextualizar o sentimento deles, mas não explodiu, e isso é o que transforma uma trama simples em algo brilhante.

Sobre as atuações, a grande base fica em cima de Daniela Ramirez com sua Tamara, que traz bons olhares, tem uma determinação forte, sendo uma personagem determinada e forte como uma comandante deve ser, mas que não brilha como poderia, sendo intrigante alguns de seus atos, mas com calma demais, o que sabemos que não são pessoas dessa forma que partem para um conflito, então faltou aquele tino mais explosivo para marcar mesmo. Outro que é bem destacado na produção é Cristián Carvajal com seu Ramiro imponente e reflexivo demais, que desenvolve a personalidade nos sentimentos e chama tudo para si, de modo que talvez pudessem ter dado um foco maior nos seus atos que agradaria bem, mas não ousou como poderia. Agora quem se jogou para cenas bem fortes foi Gastón Salgado com seu Sacha, dando facetas mais fortes e entregando atos diretos e duros com muita sagacidade, sendo torturado e mostrando a que veio do começo até o fim, sem segurar nada para que seu personagem não explodisse, e se mais personagens fossem como o seu certamente teríamos um filme bem melhor. Quanto aos demais, a maioria ficou muito em segundo plano, mas tivemos Gabriel Cañas e Juan Martín Gravina bem colocados como os arquitetos do plano, fazendo boas cenas também junto com os demais protagonistas.

Visualmente a trama mostrou bem o atentado sendo planejado, o treinamento militar que deram para os jovens que entraram para o grupo de rebeldes, vemos a protagonista visitando sua antiga casa bem rica de detalhes, visitando o pai na empresa dele, tivemos atos de assaltos a bancos, de invasão de rádios e como já disse algumas imagens de arquivos reais mostrando um pouco da revolução, contando com muitas armas, e bons trabalhos cênicos, o resultado ao menos visual acaba chamando muita atenção.

Enfim, é daqueles filmes históricos que podem até ser usados em aulas, por conter fatos e trabalhar bem algumas dinâmicas, mas que dava para facilmente ser muito mais chamativo, e isso sim faria dele uma daquelas tramas marcantes que chamaria atenção e valeria todo o tempo de produção e de conferida. Ainda assim digo que é um filme que tem seu valor marcante e dá para recomendar a conferida, então fica a dica, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais pessoal.


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