Netflix - Um Dia Difícil (Sans Répit) (Restless)

2/26/2022 01:43:00 AM |

É até engraçado como o longa francês, "Um Dia Difícil", que estreou na Netflix é parecido com vários outros, mas tecnicamente ele apenas é uma refilmagem de um longa sul-coreano, que tem praticamente a mesma premissa e mudado bem poucas coisas (irei tentar achar o original para ver depois e analisar por completo), porém isso não impede dele ser um passatempo bem interessante e gostoso de se curtir, afinal tramas de ocultação de cadáver com pegadas policiais sempre dão bons tinos, e junto de um protagonista bem cheio de trejeitos, e bem carismático fazendo de tudo para se safar, acabamos nos envolvendo com tudo e o resultado acaba indo até além. Ou seja, se formos analisar friamente é daquelas tramas que você até pularia por talvez achar que já viu o mesmo filme, mas ele é bem trabalhado e cheio de desenvolturas que fluem rápido, tem as diversas bizarrices do estilo, e principalmente não se leva muito a sério mesmo tendo alguns atos fortes de ver na tela, ao ponto que no final acabamos gostando bastante, e assim quem sabe até torcer para uma continuação.

A sinopse nos conta que Thomas é um policial corrupto que nunca foi pego, mas quando ele tem que ir aos extremos para encobrir um acidente, sua vida toma um rumo bem complicado. E tudo piora quando ele acaba recebendo ameaças de uma testemunha perigosa que pode colocar ele na cadeia ou algo pior.

Depois de muitos anos como cinegrafista, Régis Blondeau estreou muito bem nas funções de diretor e roteirista, ao ponto que soube adaptar bem para o cinema francês um estilo que vemos pouco ocorrer por lá, afinal temos muito mais comédias e dramas mistos por lá do que tramas policiais e de ação, e sem exagerar muito no eixo, ele conseguiu dar nuances próprias para uma adaptação, e ainda fazer com que seu filme ficasse leve dentro da perspectiva agitada do protagonista. Ou seja, é notável ver que a todo momento a trama parece que vai explodir, mas é aberta alguma sutileza e o filme se acalma novamente, em seguida temos novas nuances rápidas, e uma pontuação dramática, fazendo com que tudo tivesse um bom estilo e não saísse dos eixos. Porém é notável que como cinegrafista de anos, ele optou muito por ângulos, por cenas mais amplas e momentos que tivesse algo cênico para ser empenhado, e focou menos nos diálogos e nas interações, o que acaba dando um peso menor para o filme, mas como o estilo tem essa liberdade de não necessitar de grandiosos roteiros, o resultado final funcionou, e quem sabe no próximo ele possa explodir melhor em tudo.

Sobre as atuações, Franck Gastambide tem estilo, e sabiamente entende que seus trejeitos são bem mais amplos que sua entonação para os diálogos, e assim sendo ele fez com que seu Thomas estivesse sempre correndo, fazendo olhares fortes, se jogando em cena, partindo para o ataque, e tudo mais que fosse seguro para si, e isso acertou de tamanha forma que ele chega a parecer até um pouco Vin Diesel em alguns atos, o que é bacana de comparar, pois certamente não era essa a perspectiva do diretor. Simon Abkarian já foi por outro rumo ao ser colocado meio como um vilão, e jogando trejeitos mais fechados e abstratos que não dava muito para pegar qual era sua ideia do personagem, o que não é ruim, mas acabou soando estranho na maioria dos atos, ou seja, poderiam ter jogado para ele logo algo mais de impacto, que chamaria mais atenção. Michaël Abiteboul entregou até que boas nuances para seu Marc, mas o personagem é bem secundário na trama, ao ponto que funciona bem como amigo, e aparece bem nos momentos que precisam abrir a trama, porém poderiam ter ido além e usado mais ele, ou seja, ficou quase de lado em tudo. Agora falando em ficar de lado, usaram todas as mulheres da trama de meros enfeites, desde Jemima West como a irmã do protagonista que passa o filme inteiro fazendo pilates, quanto a pobre Tracy Gotoas que faz uma policial estagiária que tentaram dar alguma comicidade para seus atos, mas ficou mais jogado ainda em cima de tudo, ou seja, era melhor focar só nos protagonistas.

Quanto do visual da trama, usaram bem todas as locações, desde um hospital com uma capela simples, porém que foi genialmente usada com um brinquedo para levar uma corda (jurei que o bonequinho ia arrastar o corpo, aí eu desligaria a TV), nessa mesma cena ainda tivemos vários itens cênicos sendo usados como balões para tampar câmeras, cadarços ultra resistentes para remover pregos, e até um sapato sendo usado como martelo, ou seja, a criatividade do diretor não teve limites, antes disso tivemos toda a interação do protagonista nas cenas do carro, depois numa briga absurda em uma blitz, e e ainda tivemos vários atos no cais, muitas cenas dentro de uma delegacia até que bem montada no formato clássico com vestiários, muitas mesas, e claro toda a investigação num lugar cheio de barcos abandonados, aonde vai dar numa rodovia, e claro câmeras de segurança que não servem para nada, ou seja, absolutamente tudo em cena é usado, e o diretor fez valer o orçamento que lhe foi dado dando muito trabalho para a equipe de arte, e assim funcionando e divertindo com tudo, inclusive com boas explosões.

Enfim, é um bom filme, que abusa bastante do público para acreditar em tudo o que ocorre em cena, saindo até um pouco demais do eixo crível de um longa policial, mas como já disse os franceses gostam de colocar um tino cômico em tudo, e aqui isso foi bem usado e funciona para criar um bom passatempo como já disse. Ou seja, vale o play para quem gosta do estilo e curte algumas loucuras meio que insanas, então se você é desse time, bom entretenimento para você. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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