Netflix - A Noite de Fogo (Reze Pelas Mulheres Roubadas) (Noche de Fuego) (Prayers For The Stolen)

2/09/2022 10:31:00 PM |

Já disse outras vezes que um dos estilos que menos consigo gostar, e isso é algo próprio meu por me cansar o ar comum, é o drama cotidiano, que mesmo que não seja de uma situação boa, como é o caso das mulheres que vivem no meio do cartel mexicano das plantações de papoula (para geração do ópio), não consigo ver uma dramaticidade acontecendo ao ponto de entrar no clima, mas a maioria dos críticos gostam disso, e acabam enchendo os longas de prêmios, então se for do seu agrado, confira o filme "A Noite de Fogo" ou "Reze Pelas Mulheres Roubadas", que estreou na Netflix e que mesmo sendo uma produção de diversos países acabou sendo o indicado mexicano para o Oscar 2022. Digo para conferirem pelo seguinte motivo, o longa não é ruim, tem técnicas, tem um estilo bem marcante, mas não passa o sentimento de desespero, de algo intenso e forte rolando, de uma situação que possa ser diferente, e como costumo dizer, um filme que não seja documental precisa ter um ar ficcional que chame a atenção, que impacte o público, e na maioria das vezes o drama cotidiano da vida de uma pessoa ou de um grupo de pessoa acaba sendo monótono demais para chamar a atenção e só quem quiser florear mesmo tudo vai entrar no clima, e sendo assim, volto a frisar que para o meu gosto pessoal, esse lançamento mais me cansou do que chamou atenção.

A sinopse nos conta que em uma cidade solitária situada nas montanhas mexicanas, três amigas ocupam as casas daqueles que fugiram e se vestem de mulheres quando ninguém está olhando. Enquanto magia e alegria abundam no próprio universo impenetrável delas, suas mães treinam as três garotas para se protegerem dos grupos de sequestradores que atuam na região, até que um evento altera a rotina do povoado.

E é bem fácil entender a opção da diretora Tatiana Huezo em entregar seu primeiro longa de ficção dessa forma, pois sempre fez apenas documentários, então é mais fácil criar um drama quase que documental sobre um povo do que inventar toda uma situação tensa em cima de algo, e aqui ela usou o livro de Jennifer Clement como base e não quis criar muito para tirar o sentimento das garotas de aprenderem a viver sua adolescência no meio conflituoso das montanhas de papoulas, aonde tudo gira em cima dos carteis e quem quiser que viva para eles. Ou seja, a diretora usou sim de sutilezas para mostrar a tristeza de cortar o cabelo para parecer um menino, o desespero da mãe pela primeira menstruação, o esconderijo ficando pequeno para ocultar quando ouvirem algo, e se estamos falando de ouvir todo o treinamento para escutar barulhos bem de longe, as diversas mudanças de professores na escola, e assim todo esse cotidiano de vida vai rolando e acontecendo, mas sem realmente explodir nada, o que é ruim de seguir. Claro que é notável toda essa beleza técnica, todo esse envolvimento para aprender a conviver a adolescência nesse meio pronto para explodir, já que ficou maiorzinha já é levada embora, mas poderiam ter criado algo a mais para o filme ter uma vida realmente, e não apenas ser algo "documental".

Diria que a escolha de elenco foi bem sutil para arrumar garotas que nunca atuaram, e que fossem bem simples de expressividade, pois nem tenho como falar que foram surpreendentes no que fizeram, pois não foram, apenas fizeram caras e bocas nas cenas mais tensas, se divertiram em cena, e choraram muito com o corte de seus cabelos no começo, ao ponto que diria que as garotas novas se entregaram bem mais do que as adolescentes, com olhares mais vivos e dinâmicas mais precisas, tendo claro o destaque maior para Ana Cristina Ordóñez González com sua Ana no começo e depois para ela já adolescente mas menos expressiva com Marya Membreño. Outro que tentou aparecer um pouco foi o jovem Julián Guzmán Girón com Margarito já jovem, mas quando botou pra jogo sua interpretação acabou podado. E dentre os demais daria apenas uma ênfase na mãe da garota, mas nada que fosse muito além.

Visualmente a trama foi bem feita, mostrando a exploração das montanhas com as pedreiras, o cultivo das papoulas com as colheitas de resinas para fazer o ópio, mostraram os carteis apenas como pessoas que ficam andando de carrões atirando, sem nenhuma grande ênfase, deram algumas cenas com os médicos vindo para a cidade necessitando proteção do exército, mas esse mesmo tem medo dos cartéis e se esconde, e claro toda a simplicidade das casas, as pessoas pegando as coisas que sobram das casas que sobram após as pessoas serem levadas embora, e tudo mais, ou seja, é uma trama bem simples, porém direta no que desejava mostrar.

Enfim, sei que muitos conhecidos vão adorar o longa, por ser um estilo completamente próprio de festivais, com nuances requintadas e simbólicas de uma vida sofrida e tudo mais que o pessoal ama nesse estilo, mas se você for do tipo que prefere algo mais comercial, mais ficcional fuja, senão a chance de dormir é bem alta, aliás o longa tinha de estrear no Mubi e não na Netflix, pois muitos vão dar play nele e irão parar na metade. E assim fica minha dica, e eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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