Licorice Pizza

2/20/2022 02:26:00 AM |

Confesso que mesmo sabendo que "Licorice Pizza" era o filme mais leve de Paul Thomas Anderson fui conferir o longa bem preparado para as várias reflexões que o longa me entregaria e para a dor de cabeça que seria imaginar tudo o que ele desejava passar com a trama, afinal esse é o estilo clássico do diretor, e não iria deixar de lado seu jeito tradicional mesmo que fosse para mostrar algo que dizem ser um pouco de sua história, mas agora que já cheguei em casa posso dizer com toda tranquilidade que o filme é sim bem tranquilo, tem toda a pegada dos romances das antigas que víamos na TV, e que sem ter grandes atos expressivos consegue cativar e mostrar toda uma pegada clássica do estilo, sendo representativo nas ideias, e tendo o carisma dos personagens para funcionar dentro de algo comum da época. Ou seja, o filme tem boas dinâmicas, tem todo um envolvimento clássico dos romances de fuga como costumo chamar (o famoso não quero você, mas fico com ciúmes se está com outra, faço ciúmes também e fico com você no final), e assim se torna mais gostoso de ver do que até pensamos inicialmente, sendo daqueles que cairia facilmente numa sessão da tarde e pegaria um bom público, pois é daquelas tramas artísticas em grande espécie, mas que não força a mente para algo chato como acaba sempre acontecendo no estilo.

O longa nos mostra a história de Alana Kane e Gary Valentine crescendo, correndo e se apaixonando no Vale de San Fernando, em 1973. Os dois iniciam vários negócios, flertam, fingem que não se importam um com o outro e, inevitavelmente, se apaixonam por outras pessoas para evitar se apaixonar um pelo outro. Mas há um detalhe entre os dois: ela tem 25 e ele 15. Eles se conhecem em um dia de foto na escola de Gary, onde Alana está ajudando os fotógrafos no fatídico dia. 

Como já disse, o diretor e roteirista Paul Thomas Anderson costuma sempre entregar longas bem filosóficos e cheios de envolvimento, mas aqui ele desejou trabalhar um tema bem mais leve e dinâmico que todas as suas obras anteriores, ao ponto que muitos podem até assustar com toda a dinâmica esperando algo a mais em determinado momento e não acontecer, pois ele usa bases comuns de uma vida de alguém "famoso", sendo conhecido nos restaurantes, tendo as devidas amizades que gostam de sair com ele para algo bacana, e que usa seu dinheiro para empreender aonde vê a possibilidade de um sucesso momentâneo, e junto com isso claro impressionar e tentar fazer com que uma garota 10 anos mais velha se apaixone por ele, ou seja, o diretor usou o básico do estilo de trama de vida, marcando bem os atos dos protagonistas, e brincou com muitas coisas no miolo para mostrar suas nuances clássicas, não deixando nada passar batido, desde a falta de combustíveis, vendas de produtos idiotas que muitos caem por ter bons vendedores, feiras juvenis, policiais sem noção que saem prendendo sem nem perguntar nada, voluntários de eleições, amores proibidos, atores que se acham e querem aparecer a qualquer custo, processos seletivos de atores, e muito mais, sendo uma grande ode completa a esse mundo do entretenimento, que funciona e agrada.

Sobre as atuações, foi bacana ver a família inteira da atriz Alana Haim em cena, pois não bastando entregar bons atos, fazendo trejeitos carismáticos e bem chamativos, a jovem ainda levou para a tela toda a família real Moti Haim, Este Haim, Donna Haim, Danielle Haim, fazendo com que não precisassem arrumar pessoas bem semelhantes a ela na composição familiar de algumas cenas, e assim sendo a jovem em seu primeiro grande trabalho de atuação conseguiu manter bem os elos, e funcionar para a trama, embora talvez uma garota mais experiente chamasse mais atenção em cena. Cooper Hoffman também estreou muito bem com Gary Valentine, sendo estiloso, fazendo cenas bem recheadas de envolvimento, trabalhando caras e bocas de uma maneira leve e bem descontraída, e assim acertando em cheio no que precisava para que a sua história fosse maior dentro da trama toda, ou seja, foi simples como o filme pedia e agradou bem com tudo o que faz. O engraçado é que praticamente todos os demais, inclusive atores de grande impacto em Hollywood foram usados apenas de conexão na trama, ou seja, nem foram muito além em nada, tendo leves destaques para Bradley Cooper com seu John Peters galanteador, mas um tremendo ator que se acha demais, o mesmo acontecendo com Sean Penn e seu Jack Holden, só que de formas bem diferentes, ainda tivemos Benny Safdie com seu vereador Joel Wachs querendo virar prefeito, mas tendo algo incomum na época escondido, entre vários outros, ou seja, talvez se o filme focasse em algo mais fechado eles poderiam ter dado mais para o filme, mas não foi o que o diretor desejou, então fizeram o que podiam nas suas devidas cenas. E quase já ia esquecendo, um leve destaque também para vários momentos do garotinho Milo Herschlag como Greg, o irmão do protagonista, pois fez atos bem colocados também.

Visualmente o longa é um luxo completo dos anos 70/80, com figurinos, restaurantes, apresentações, voos com grandiosas refeições e charme, todo o chamariz dos carros e a falta de combustíveis, a moda dos colchões de água, todo o processo de venda com sensualidade e festas bem colocadas, depois o mundo da volta do pinball, e claro sempre tudo muito marcado, mas simples de ser visto, mostrando que o trabalho de pesquisa de época funcionou até mais do que o resultado completo, e assim entramos no clima que o diretor desejava mostrar.

Enfim, é um tremendo filme de época, que dá para se envolver bastante, e se apaixonar por cada momento, rir em diversos atos, e que quem gosta de simplicidade artística vai acabar entrando completamente na trama toda, claro que não é um romancinho jogado adolescente como vemos na maioria dos filmes atuais, e sendo assim muitos nem vão curtir tanto, mas recomendo ver com toda certeza, pois vai agradar bastante, só ainda não consegui pegar bem a ideia do nome da trama, mas isso não vem ao caso, e sendo assim fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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