Netflix - Minha Vida Perfeita (Moje Wspaniale Zycie) (My Wonderful Life)

2/28/2022 10:18:00 PM |

Vou ser bem direto ao falar sobre o longa polonês que estreou hoje na Netflix, "Minha Vida Perfeita", pois não tem como defender ele de ser daquelas tramas que até possuem algo a mostrar, como no caso de uma pessoa que acaba tendo uma vida dupla envolvida em drogas e traições como fuga de uma outra conflitiva aonde tem de passar serenidade para parecer perfeita para a família tradicional, porém enrolam tanto e entregam algo tão sem ritmo que acaba desanimando mais do que realmente empolgando como poderia. Ou seja, até posso dizer que se o filme caísse nas mãos de algum diretor francês funcionaria mais, mas aqui infelizmente desanima e não consegue ter sequer um momento de gracejo ou funcionalidade, e isso é muito ruim em uma plataforma de streaming, pois a pessoa pode desistir muito facilmente dele, o que só não ocorreu por eu ser insistente.

A sinopse nos conta que Joanna desempenha perfeitamente os papéis de uma filha carinhosa, uma mãe descontraída, uma professora popular, uma esposa com quem você pode contar para tudo. Mas há muito tempo que ela não se sente a mesma desempenhando as diferentes personagens. É por isso que ela leva uma vida dupla, tendo um segredo que não compartilha com ninguém. Porque se alguém descobrisse, seria o fim de tudo que parece tão "maravilhoso" no mundo dela. É a história de uma mulher que não quer mais ser uma boa menina. Mas sua coragem é suficiente para se rebelar, abalar o casamento, perder sua reputação e perseguir o que realmente importa?

Diria que o diretor e roteirista Lukasz Grzegorzek até teve uma ideia bem colocada, mas que não soube como a desenvolver para que ela funcionasse por completo, e isso pesa muito em cima de uma trama, afinal o estilo clássico sempre é bem dosado e dita um ritmo que chame atenção, mas se o diretor não se abrir e ousar em roteiros envolvendo famílias, o resultado desanda com a maior facilidade. Ou seja, vemos aqui que ele não quis dar a opinião dele sobre a mulher estar certa ou errada, o que poderia gerar grandes críticas em cima da ênfase que escolhesse, e assim fez tudo ser jogado demais, ser simples demais, e por consequência cansativo demais, ao ponto que o sono chega a vir forte durante o miolo da trama, voltando a ter alguma consequência mais chamativa apenas nos atos finais, de forma que não tem como defender sua escolha, pois facilmente ele deu a nuance no final de que a família precisa tanto dela que acaba nem ligando para as suas escolhas, mas e quanto à todo o restante? Fica aí a discussão, e e assim a omissão do diretor.

Sobre as atuações, posso dizer que a base toda do longa ficou a cargo da expressividade de Agata Buzek que já vimos se entregar bem mais para personagens mais dramáticos, e aqui sua Joanna ficou parecendo faltar algo a mais que fizesse a atriz querer ir além, ou seja, não vemos a atriz ir muito além, mas vemos também ela se explodir nos devidos atos e ter muita presença cênica para que o filme fluísse ao menos, e assim seu resultado até é aceitável, mas certamente poderia ter ido além de trejeitos mornos para que tudo chamasse mais atenção. Jacek Braciak faz o tradicional corno que sabe o que tá rolando, mas não quer ver, e o ator faz exatamente todos os trejeitos tradicionais desse estilo de personagem, ou seja, tenta segurar o eixo de um diretor mais amplo, mas não vai muito além, e isso pesa no filme. Quanto dos demais, tivemos o amante completamente estranho e excêntrico vivido por Adam Woronowicz, tivemos a filha bizarra do amante que não conseguimos ver muito além que a garota Julia Kuzka quis fazer, e principalmente os filhos da protagonista numa bagunça completa de um querendo aparecer mais que o outro, fazendo com que apenas Jakub Zajak tentasse mostrar algo a mais com seu Adam, mas sem grandes explosões, que aliás ficaram apenas bem mostradas com a avó vivida por Malgorzata Zajaczkowska.

Visualmente o filme tem um estilo bem bagunçado contando com cenas na casa lotada dos protagonistas, com uma família gigante e totalmente conflitiva, uma escola com professores mais novos que alguns alunos, o apartamento dos pais da protagonista aonde ela usa para seus momentos de fumo e traição, aonde o amante leva o cachorro para passear, o carro bizarro do amante anunciando comida, as cenas dentro do carro da protagonista brecando sem parar, alguns momentos em um bar de karaokê aonde o protagonista vai para expandir suas ideias, e algumas cenas em hospitais fazendo exames, ou seja, a equipe de arte conseguiu ficar mais confusa com o roteiro todo do que os atores, e o resultado embora chame alguma atenção para cenas com luzes piscando, detalhes de cartas de ameaças e pichações, acaba não indo muito além para lugar algum.

Enfim, é um filme que tem uma ideia com um leve potencial, mas que não consegue fluir e nem chegar a lugar algum, fora não ter ritmo, o que causa um cansaço emocional durante toda a exibição, ou seja, não tenho como recomendar o longa para ninguém, e assim sendo é melhor pular ele na lista de estreias da Netflix, pois garanto que não vai ser algo agradável para ninguém. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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