Matrix - Resurrections (The Matrix - Resurrections)

12/23/2021 01:13:00 AM |

Quase 20 anos se passaram e se me falassem alguns anos atrás que alguém iria tentar continuar/refazer algo da série Matrix eu diria que a pessoa estava sonhando, pois lá em 1999-2003 tudo foi muito revolucionário, com efeitos brilhantes e impossíveis de serem imaginados na época, com toda uma pegada ideológica cheia de metáforas e lutas tão imponentes que muitos saiam até cansados com a explosão que fazia na mente em todos os filmes, mas eis que uma das diretoras criou coragem e resolveu revisitar seu projeto mais ambicioso e de sucesso até hoje lançando agora "Matrix - Resurrections", que é algo bem novo, mas que ousa em colocar muita coisa do passado interagindo, muitas conexões, e que principalmente entrega tudo sem que você realmente precise ver todos os demais filmes hoje mesmo para entender, pois vai trabalhando o conceito da Matrix, o conceito de realidade, ilusão, jogo, vida paralela e tudo mais que podemos interpretar, colocando as cenas antigas acontecendo conforme vamos revisitando o passado, em uma grandiosa bolha memorável que vai fazer muitos explodirem a mente, muitos filosofarem eternamente (tenho até medo de alguns reviews que vão sair na internet!), e que ao trabalhar bem tantos personagens secundários quanto os protagonistas, acaba soando interessante e gostoso de ver, em algo que não é cansativo (tirando a passagem do 3° para o 4° ato - sim o filme foge da base convencional que quando você acha que está acabando volta tudo para uma nova resolução - que é meio lenta) e agrada demais.

Se passando 20 anos após os acontecimentos de Matrix Revolutions, Neo vive uma vida aparentemente comum sob sua identidade original como Thomas A. Anderson em São Francisco, Califórnia, com um terapeuta que lhe prescreve pílulas azuis para neutralizar as coisas estranhas e não naturais que ele ocasionalmente vislumbra em sua mente. Ele também conhece uma mulher que parece ser Trinity, mas nenhum deles se reconhece. No entanto, quando uma nova versão de Morpheus oferece a ele a pílula vermelha e reabre sua mente para o mundo da Matrix, que se tornou mais seguro e perigoso nos anos desde a infecção de Smith, Neo volta a se juntar a um grupo de rebeldes para lutar contra um novo e mais perigoso inimigo e livrar todos da Matrix novamente.

Uma das coisas que sempre reclamei das Wachowski é a falta de poder de concisão delas, de saber cortar um filme sem dó, afinal sabemos que é caro filmar tudo o que se pensa no roteiro, que muita coisa precisa aparecer para ficar bem explicadinho, mas em todos os seus filmes tem muita sobra, ao ponto que aqui a trama ficou apenas a cargo de Lana, diferente dos demais Matrix que fez junto de Lilly, tem 148 minutos e facilmente com 120 ficaria ótimo, mas optou por mostrar ambientes gigantescos, muitas interações de personagens que praticamente apenas aparecem, vários atos lotados de figurantes, conversas alongadas e tudo mais que numa reflexão maior até acaba sendo importante e bem trabalhado, mas hoje o cinema necessita de ação, de desenvolvimento, e toda essa reflexão não vai ser usada infelizmente por todos, e assim o filme acaba tendo algumas barrigas como disse principalmente no terceiro ato aonde tudo parece se desenrolar, mas acaba ficando mais enrolado ainda, e assim damos aquele famoso bocejo, alguns dão olhada na hora do celular, e isso facilmente poderia ser evitado com alguns cortes. Ou seja, Lana conseguiu unir o passado e o futuro, e acertar muito em um filme novo e bem trabalhado, mas dava para ficar mais dinâmico e agradar ainda mais.

Sobre as atuações, Keanu Reeves sempre entrega muita personalidade em todos os papeis que faz, e seu Neo/Thomas continua sendo imponente, ele já bem mais velho que em 99 ainda dá seus saltos, faz trejeitos e entrega muita dinâmica em suas desenvolturas bem expressivas de dúvida e tudo mais, encaixando as devidas nuances para impactar muito em cena. O mesmo podemos dizer de Carrie Anne-Moss que é outra mulher desde o que fez lá nos anos 90 com sua Trinity, e aqui fazendo ainda ares bem sedutores e maduros, conseguiu dar as devidas nuances para as duas personalidades tanto de sua Trinity nos atos finais quanto de sua Tifanny durante todo o longa, ou seja, trabalhou muito em dobro e foi muito bem. A jovem Jessica Henwick fez muito bem seu papel de Bugs, brincando com a personificação de uma capitã da missão, se jogando muito nas lutas e tiros, e encarando atos fortes bem colocados cheios de elementos duplos, o que acaba chamando muita atenção e agradando bastante por ser alguém tão jovem no papel. Outro ator que é icônico em tudo o que faz é Neil Patrick Harris, e aqui seu analista é perfeito de nuances, trabalha bem toda a desenvoltura do papel, e cai perfeitamente com o papel importantíssimo da trama, pois pelos trailers e tudo mais parecia ser alguém meio que jogado, mas não, ele deslancha muito e o ator soube segurar essa responsabilidade com muita personalidade, agradando demais em seus atos cheios de trejeitos. Yahya Abdul-Mateen II e Jonathan Groff deram novas versões de Morpheus e Smith, brincando bem com toda a tecnologia da trama, e fazendo as clássicas interjeições do passado, criando desenvolturas que até nos confundem um pouco, mas que entregam bem tudo o que precisavam. Do passado mesmo voltou ainda Jada Pinkett Smith agora completamente diferente com uma Niobe bem velha, mas bem interessante para o conceito da trama, ao ponto que até poderia ter ido além, mas fez bem o que precisava, aliás temos um corte estranho seu no filme meio que mudando rapidamente de opinião parecendo que o filme tinha algo a mais ali no miolo, mas já enrolaram muito, e foi bem pelo menos. Quanto aos demais, vale uma rápida menção para Toby Onwumere com seu divertido Seq, mas mais pelas dinâmicas de ir abrindo os portais do que pela atuação em si.

Visualmente o longa é imponentíssimo, brincando com um mundo real ilusório totalmente tradicional, mas com muitas nuances interessantes, como o protagonista trabalhando numa empresa de design de jogos, com toda ambientação de várias telas de computadores, toda a criatividade rolando nas reuniões, e muita desenvoltura cheia de grandes sacadas, várias interações com muitos personagens dando tiros para todos os lados, cenas em prédios, com carros, motos e tudo mais, uma oficina de motos bem trabalhada, um café bem requintado e marcante, mas as cenas mais interessantes e bonitas recaem para a cidade de Io aonde temos a realidade com máquinas voando, muitos personagens robóticos, câmaras de corpos, cabos para todos os lados, criações de alimentos por máquinas e muito mais que daria para viajar muito no roteiro pelo ambiente todo, mas isso quem sabe fique para um outro filme.

O longa tem uma sonoridade bem marcante, com dinâmicas explosivas marcantes, muita ambientação musical e vários atos que amplificam tudo pela marcação sonora, o que mostra uma direção precisa e bem colocada na trama, fazendo com que o filme ficasse com um bom ritmo, além da canção "White Rabbit" que já estava no trailer e no filme ficou com um ritmo ainda mais diferenciado.

Enfim é um filme que mexe muito com nossa mente, que tem uma pegada imponente tanto pelos temas que trabalha, quanto pela desenvoltura tecnológica bem marcante, porém tem defeitos, o principal está na duração alongada, e na sequência querer ampliar um horizonte de uma forma exagerada demais que até tem todo um sentido demonstrado, mas que precisamos abstrair muita coisa para aceitar completamente. Porém mesmo com esses detalhes ainda é um tremendo filmaço que vale a conferida, então vou recomendar para todos que gostaram da franquia lá nos anos 90/2000 e quem sabe empolgam para mais algumas continuações que iremos torcer. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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