Netflix - Não Olhe Para Cima (Don't Look Up)

12/27/2021 12:58:00 AM |

Não sei dizer a base de pesquisa do diretor e roteirista Adam McKay para fazer o filme "Não Olhe Para Cima", mas dá para acreditar facilmente que deu algumas voltas pelo Brasil para se inspirar na criação do longa, afinal o envolvimento político da trama é bem semelhante a muita coisa que rola por aqui, com muitos detalhes bem nítidos e até alguns personagens com aparências próximas, ou seja, dá para desconfiar, mas como bem sabemos que lá no hemisfério norte também tivemos alguns problemas técnicos nesse sentido, podemos dizer que material ele teve para criar toda a loucura de seu novo filme da Netflix. Ou seja, é um filme que tem um conceito científico bem marcante, mas a dominação fica a cargo da política, aonde os famosos negacionistas tendem a avacalhar com tudo o que os cientistas provam e pedem para se fazer para ganhar votos, cargos, dinheiros, mídia e tudo mais, e nessa brincadeira maluca que pode até fazer rir com muitas situações, o resultado acaba parecendo mais bizarro pela realidade das situações do que algo fictício bem imaginado, e assim funciona bem, mas que sendo um pouco alongado com cenas aleatórias meio que jogadas, o resultado não deve divertir a todos, principalmente quem for mais seguidor dessa ideologia.

O longa conta a história de Randall Mindy e Kate Dibiasky, dois astrônomos que fazem uma descoberta surpreendente de um cometa orbitando dentro do sistema solar que está em rota de colisão direta com a Terra. Com a ajuda do doutor Oglethorpe, Kate e Randall embarcam em um tour pela mídia que os leva ao escritório da Presidente Orlean e de seu filho, Jason. Com apenas seis meses até o cometa fazer o impacto, gerenciar o ciclo de notícias de 24 horas e ganhar a atenção do público obcecado pelas mídias sociais antes que seja tarde demais se mostra chocantemente cômico.

O diretor e roteirista Adam McKay tem um estilo bem próprio de trabalhar temas fortes da sociedade e discutir com pitadas cômicas bem encaixadas para o resultado ficar mais leve, e essa sua forma de brincar e desenvolver tudo acaba sendo bem trabalhado aqui em seu novo filme, tanto que a base da discussão é o quanto políticos e empresários tão se lixando para o que a ciência fala, e que muitos vão enxergar muito mais em tudo. Porém ele quis segurar tanto a dramaticidade do longa para não ficar exagerado no realismo que mesmo as piadas acabam saindo forçadas, e acaba parecendo até que os elenco estelar não estava tão favorável a fazer suas cenas, ou seja, vemos tudo acontecer bem, rimos das situações em si, mas não tanto das cenas como deveria, sendo um misto daqueles filmes sérios que tentam ser engraçados e daqueles filmes engraçados que tentam ser sérios, se perdendo um pouco para todos os lados. Mas dito tudo isso, o resultado final da trama é até bem interessante, e entrando no clima completo acaba sendo até melhor, mostrando que a Netflix vai tentar empurrar muito ele nas premiações, e deve dar certo.

Sobre as atuações, diria que a escolha do elenco estelar fez muita diferença tanto para o lado bom quanto para o lado ruim, pois embora alguns atores fizessem personagens bem expressivos na trama, os mesmos ficaram parecendo levemente forçados, o que nunca é legal de ver em uma produção, e assim talvez atores sem tanto renome cairiam melhor para o filme ter a mesma pegada ainda, e ser mais impactante. Dito isso, Leonardo DiCaprio está marcante como sempre com seu Randall, mostrando bem toda a ansiedade característica de toda pessoa da área de exatas quando vai falar com pessoas importantes ou na TV, e o ator certamente pesquisou bem para entregar boas dinâmicas e trejeitos bem impostos para todos os seus atos. Agora quando falei em exageros, coloco totalmente o que Jennifer Lawrence fez para sua Kate, pois inicialmente até caberia seu estilo mais doidão, com drogas na cabeça e tudo mais, mas depois vamos seguindo com a atriz fazendo trejeitos meio jogados, parecendo estar à beira de um colapso nervoso e sem muitas estruturas que valesse o que escolheu fazer, ficando falso de certa forma. Meryl Streep e Jonah Hill exageraram também bastante com sua Presidente Orlean e seu filho Jason, mas o papel pedia essas situações, e seus estilos foram bem colocados da forma que acabaram executando, ao ponto que funcionam bem e até divertem com o que fazem. Já Rob Morgan ficou muito jogado dentro da trama, não indo para lado algum, fazendo atos bobos, porém sérios ao ponto que seu Oglethorpe parece quase um convite de última hora para o ator, que sem muita estrutura para tudo não vai além em momento algum. Já Mark Rylance foi ao escracho em nível máximo com seu Peter, e como o ator sabe dominar bons trejeitos falsos acabou caindo muito bem no que fez, sendo chamativo ao mesmo tempo que irritante, e diria até que Ron Perlman aparecendo bem pouco com seu Drask acabou indo pelo mesmo caminho. Ainda tivemos bons atos de Cate Blanchett com uma Brie chamativa, mas genérica demais no papel, juntou-se a Tyler Perry com um Jack âncora de jornal, mas sem carisma algum, ou seja, poderiam ter ido mais além. Quanto aos demais, ainda estou procurando saber qual a necessidade de jogar Timothée Chalamet na produção, mas ele recebeu, então apareceu, enquanto Ariana Grande serviu para um grandioso show e cantar a música que deve concorrer nas premiações pela boa tematização da trama.

Visualmente o longa tem uma boa pegada, muitas cenas nas ruas com muitos figurantes, mostrando seja o lançamento dos foguetes ou até mesmo os shows de campanhas políticas e de apoio, tivemos cenas dentro da Casa Branca, em locais de pesquisas e até em grandiosas representações de companhias tecnológicas, e para isso usaram uma boa quantidade de efeitos especiais que acabaram sendo chamativos e bem colocados, além claro de um programa jornalístico meio bobo, mas cheio de detalhes técnicos bem trabalhados, ou seja, a equipe de arte ficou com um orçamento bem menor do que o de elenco, mas conseguiu ser bem representativo e não decepcionar.

Enfim, é um filme bem feito, com uma proposta interessante e uma dinâmica bem trabalhada, porém é alongado e como disse no começo exagerou tanto nas personalidades para tentar soar engraçado e forçou na seriedade para não ficar bobo, e assim não acertou nenhum dos dois lados ao ponto que poderia ter melhorado em ambos os lados para ficar perfeito. Diria que quem entrar completamente no clima irá rir bastante, ou se preocupar bastante, mas do contrário irá mais reclamar de tudo que ficar feliz. Além disso o filme tem duas cenas nos créditos, uma no começo e uma no fim, então acelere os créditos no controle remoto e veja elas, pois foram bem bacanas, e assim sendo recomendo o filme com as devidas reclamações. Bem é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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