O trabalho feito pelo diretor Andaç Haznedaroglu até tenta ter uma proporção bem interessante entre comicidade e dramaticidade, porém acaba se segurando demais em todas as pontas sem criar nada que fizesse realmente nem o público rir, nem chorar, apenas mostrando claro as dificuldades da garota com as imposições da família para com religião, casamentos, políticas e tudo mais, segurando os extremos com pitadas meio que forçadas de acontecer, ou seja, não indo muito além em momentos mais sutis que acabariam envolvendo bem mais. Além disso temos toda a analogia dos vagalumes que pode representar muita coisa por visões diferentes, mas diria que a maior parte do tempo aqui prevaleceu como símbolo da solidão da protagonista, de se enxergar mais no escuro do que no seu próprio ambiente, e com isso o diretor poderia ter até refletido mais em vários momentos, mas não fluiu também. Ou seja, o filme tinha tudo para ir muito além, mas ficou só no quase em vários atos, o que acaba sendo ao mesmo tempo um erro e uma leve decepção, não sendo um filme ruim, mas também passando longe de ser algo bom.
Sobre as atuações, diria que talvez uma atriz menos exagerada, e talvez mais duas para cada época da trama seria o ideal, pois usar a mesma atriz nas três épocas que o filme se passa só funciona bem com muita maquiagem digital boa, e principalmente com atrizes expressivas de nível altíssimo, o que não foi o caso aqui, pois Ecem Erkek ficou um pouco forçada demais com as ironias de sua Gülseren, não dando nuances nem trejeitos emotivos que marcassem a dramaticidade que o longa pedia, ou seja, ela foi direta em tantos pontos, e não segurou as pitadas emotivas que o filme pedia, e assim seu ar muito colocado para cima acaba resultando em algo sem muita fluidez, o que acaba não agradando. E o mais curioso é que o filme foca tanto na protagonista, que quase esquecemos dos demais ao redor, e claro que o pai da garota vivido por Engin Alkan merece todo o destaque, pois seu Nazif foi preciso de olhares, desenvolveu bem cada momento singelo, e acabou agradando bastante nos seus diversos atos, além claro de ser um contraponto bem marcado com a mãe vivida por Devrim Yakut que sempre brigou com a filha do começo ao fim com um estilo levemente forçado, ou seja, não entregando leveza nos atos como poderia ser. Quanto aos demais, tivemos ainda os dois tios opostos, um totalmente religioso e o outro totalmente político militante, que não chamaram tanta atenção pelos trejeitos, mas sim pelas loucuras que acabaram acontecendo com Ushan Çakir e Bülent Çolak, ou seja, poderiam ser bons contrapontos na trama, mas acabaria puxando muito para o lado novelesco, e não era isso que a trama pedia, e ainda tivemos a paixão da protagonista vivido por Ahmet Rifat Sungar, mas que teve poucas cenas para se desenvolver, e com isso ficou levemente apagado.
Visualmente o longa foi muito amarrado dentro da mansão da protagonista, com algumas saídas para o lado de fora com uma mata aonde a jovem via seus vagalumes, mas dentro com muitos ambientes ricos em detalhes, que foram mudando conforme as épocas foram mudando também, até chegar na Turquia atual, moderna, cheia de luzes piscantes, letreiros e tudo mais aonde nem dá mais para ver os vagalumes, e claro a entrevista rolando num asilo com a protagonista maquiada como idosa, não agradando nem um pouco, mas também tivemos a protagonista como adolescente numa escola mal desenvolvida, algumas cenas nas ruas para mostrar as brigas políticas, e poucos símbolos, ou seja, um filme sem muito conteúdo visual, mas que funciona dentro do que propõe.
Enfim, é um filme que até tinha um potencial maior, que o trailer engana bem o que parecia ser passado, mas que não vai muito além, sendo daqueles que muitos vão acabar indo conferir pelo mesmo motivo que eu fui, e que com muita certeza irão se decepcionar, então não tenho como recomendar, mesmo não sendo uma bomba tremenda. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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