Uma coisa que é bem marcante no estilo do diretor Lee Daniels é que ele gosta de ousar sem perder a segurança, e vimos isso em todos os seus filmes e aqui ele demonstra isso ao tentar mostrar a briga da cantora em ser ela mesma, vivendo cada dia com mais drogas para estar disposta a cantar, mas ao invés de deixar rolar a vida da protagonista, ele segurou a trama com muitas cenas dela cantando, e não que isso seja algo fácil, mas mostrou a presença imponente da cantora no palco, e a briga dela com os policiais federais ficando sempre em segundo plano, ou seja, ele ampliou o leque da trama para algo bem mais musical do que certamente é o livro no qual o roteiro foi baseado, mas para quem curte um bom jazz certamente vai amar cada minuto da trama, além de sentir toda a presença da protagonista dentro do que o diretor queria exibir. Ou seja, o diretor foi amplo em vários momentos, mas sabendo sempre como segurar para o filme não ir muito além, valendo claro para conhecermos alguns momentos fortes da vida de Billie, mas sem sairmos praticamente dos palcos, rodando claro pelos bastidores regados a muita droga, sexo e confusão, que se pesquisarmos um pouco saberemos que a cantora foi muito além disso.
É inegável que o filme é de Andra Day, pois a atriz se entregou ao máximo para a personagem Billie Holiday, trabalhou olhares, trejeitos, dominou cada ambiente, e claro cantou muito, pois foi divulgado que a jovem cantou todas as canções do filme, ou seja, cantou o longa inteiro, e claro que nos momentos mais fortes fez a intensidade da trama ficar toda em cima dela, ou seja, detonou do começo ao fim. Trevante Rhodes também deu um bom tom para seu Jimmy, entregando um estilo com uma levada interessante e misteriosa, sabendo arquitetar bem os olhares para a protagonista com muita sensualidade, mas também sendo duro nos atos para se aparecer para o governo, e isso certamente deve ter pesado bastante na vida dele, e com cenas bem intensas junto da protagonista conseguiu chamar bastante atenção na tela. O longa tem ainda diversos personagens/atores que foram importantes na tela, desde Tyler James Williams com o trompetista e grande amigo da protagonista Prez, passando por Rob Morgan como o marido da protagonista Louis McKay até chegarmos claro no detetive que não saia do pé da protagonista vivido por Garrett Hedlund, além de vários outros, mas se for ficar falando de cada um vai a noite inteira, então apenas friso que cada um teve a devida participação de conexão com a protagonista, e o melhor sempre com ela mantendo a base, ou seja, nem vemos quase nenhuma cena de qualquer outro personagem sem ela estar no centro da tela, e isso é o que fez como disse o longa ser de Andra.
Visualmente o longa é incrível, recriando uma época de forma perfeita, vários shows, figurinos, ambientes e com tantos elementos e objetos cênicos fico pasmo dele não ter sido indicado nem na como melhor figurino nem em direção de arte, pois é de uma técnica brilhante, tudo é recriado tão perfeitamente que quase nos sentimos na época, além de termos cenas fortes e envolventes de maneira figurativa ao mostrar a infância da protagonista, ao mostrar o símbolo de sua música e muito mais, ou seja, a direção de arte deu um show minucioso que vale muito a atenção.
Talvez eu seja julgado pelo que vou escrever aqui, mas não conhecia nenhuma canção de Billie Holiday, e muito menos sabia que Andra Day era uma tremenda cantora, ou seja, as músicas entraram em minha mente de uma forma completamente nova, dando o ritmo completo do longa de uma forma tão gostosa que não tem como não curtir, e mais do que isso, dá para ficar ouvindo depois de assistir pelo link que deixo aqui para todos.
Enfim, é daqueles filmes para ver, sentir e ouvir, que além de passar a mensagem que o diretor propôs consegue fluir e envolver com excelentes atuações, e que funciona demais do começo ao fim. Diria que é um pouco longo, afinal o diretor quis colocar a cantora para cantar uma seleção imensa de canções, mostrar vários shows e ainda tentar desenvolver uma história de fundo das drogas e do conflito com o governo (que nem foi tão ao longe como deveria), mas que com um bom ritmo acaba passando bem tranquilamente e fazendo valer demais a conferida para quem gosta do estilo drama/musical. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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