Amazon Prime Video - Silk Road: Mercado Clandestino (Silk Road)

4/09/2021 01:26:00 AM |

Quem me conhece um pouco sabe que gosto praticamente de todos os estilos, mas que exijo o principal de uma trama: envolvimento! E particularmente quando uma trama entrega algo que me deixe completamente preso, curtindo todos os movimentos dos protagonistas, torcendo por algum deles para que alcance o objetivo, e que entregue tudo de uma maneira simples sem precisar de grandiosas reflexões, é dito e feito, me apaixono pelo resultado e já começo a indicar o longa para todos, e nessa semana quando estava lendo os nomes e breves sinopses dos filmes que estreariam em Abril nas plataformas digitais já fiquei bem curioso com a trama de "Silk Road: Mercado Clandestino", e hoje ao conferir posso dizer que é um tremendo filme maluco, com uma história completamente envolvente, e que facilmente enxergamos na trama muitas semelhanças com outros filmes de criações, como foi a história de "A Rede Social" ou "Jobs", mas que se nesses filmes nos foram mostrados como as mentes brilhantes chegaram ao ápice fazendo algo "bom" para o povo e para o Estado, aqui vemos um jovem filósofo libertário que resolve quebrar o Estado fazendo o Ebay ou Amazon das drogas na dark web, e que com um site bem simples passou a ganhar milhões de bitcoins e que só não foi além por ter na cola um grande agente do DEA lascando com suas ideias. Ou seja, é um tremendo filme simples, que funciona demais, e que quem gosta de filmes policiais investigativos diretos, sem mistérios ou grandes nuances, mas tudo bem colocado vai gostar bastante do que verá.

No longa acompanhamos Ross Ulbricht, um filósofo na casa dos vinte e poucos anos. Insatisfeito com sua carreira, ele decide mudar radicalmente e cria o Silk Road, um site de vendas de drogas. Com o objetivo de pôr um fim no império do jovem filósofo, Rick Bowden, agente da DEA, se disfarça para derrubá-lo.

Sempre falei que é difícil demais imaginar um documentarista de tantos anos migrar para o lado da ficção e acabar acertando bastante no resultado, mas hoje posso mudar minha opinião, afinal o que Tiller Russell fez adaptando um artigo jornalístico de David Kushner para o cinema foi algo surpreendente, com uma pegada informal e ao mesmo tempo clássica, com desenvolturas marcadas, mas também bem abertas, com nuances e situações cheias de símbolos, porém efetivas sem muita preocupação, ou seja, fez uma verdadeira ficção embasada em fatos reais, sem apelar, nem forçar nada, apenas contando toda a história e criando momentos bacanas de se ver com os protagonistas, ao ponto que vemos desde o jovem que não sabia nada desse mundo e aprendeu como criar algo do zero, quanto um agente que sequer sabia ligar um computador direito aprender tudo sobre o mundo digital ao ponto de enganar um jovem idealista. Ou seja, a trama foi tão bem contada, tão bem amarrada, cheia de momentos interessantíssimos que acaba agradando até mais do que parecia no início, e que se tivesse de queixar de algo colocaria apenas os fechamentos cênicos congelando os personagens em determinados momentos, que acaba lembrando um pouco um ar de novela da Globo, mas isso é um mero detalhe, que dá para ignorar e esquecer, pois tudo o demais é muito bom de ver, e certamente lembrarei do diretor pela sua primeira ficção muito bem dirigida e roteirizada.

Sobre as atuações acaba sendo bem bacana ver a forma despretensiosa que o jovem Nick Robinson entregou seu Ross Ulbricht, ao ponto que vemos realmente que o jovem era alguém que estava ligando para o nada, que foi aprendendo conforme as coisas foram acontecendo, e que só lhe interessava quebrar o Estado, e o ator foi tão bem colocado, tão cheio de trejeitos desesperados quando tudo começa a ruir, demonstrando a todo momento a inexperiência e a leve "ingenuidade" para com os momentos que ia viver, que realmente vemos que o ator teve um grandioso crescimento depois de tantos filmes românticos, ou seja, foi muito bem. Já pelo outro lado, tivemos um Jason Clarke completamente disposto a encarar tudo o que estava para vir com seu Rick Bowden, entregando uma personalidade forte e interessantíssima de ver, cheio de momentos engraçados, mas cheios de força no personagem, e que principalmente foi encaixado na operação de uma maneira simples, mas efetiva e esperta, afinal viu que não estavam nem aí para ele, então usou o que tinha em sua expertise para ganhar também, ou seja, foi muito bem no papel, e agradou demais. Paul Walter Hauser sempre pega papeis ligeiramente bobos, mas entrega personalidades tão bem colocadas, que acabamos nos divertindo e torcendo por tudo o que faz, e aqui seu Curtis é daqueles que nem imaginamos a capacidade de fazer tudo acontecer, mas que se desespera totalmente quando a corda explode para seu lado, e o ator fez trejeitos tão bem colocados que não tem como não rir de todos os seus atos. Da mesma forma, Darrell Britt-Gibson apareceu em poucas cenas com seu Rayford, mas foi engraçado nas nuances, teve momentos marcantes e conseguiu ter uma boa química com o protagonista ao ponto de inicialmente parecer um personagem sem muita utilidade, mas nas cenas finais o resultado acaba sendo icônico com tudo o que faz. Quanto das mulheres do longa, tanto Alexandra Shipp que já conhece o protagonista de diversos outros longas, e acabou entregando até uma boa química entre ele e sua Julia, quanto Katie Aselton com sua Sandy, entregaram de maneiras simples as bases mais centradas para os maridos/namorados malucos da trama se conectassem, e assim acabaram se envolvendo com tudo, fazendo boas cenas, e funcionando bem. Quanto aos demais, a maioria apareceu bem pouco e nem teve grandes expressividades na trama, tendo um destaque negativo para a arrogância do jovem diretor do setor de crimes digitais vivido por Will Ropp, mas mais pelo personagem do que pelo ator em si.

Visualmente o longa foi simples, porém efetivo na proposta, mostrando o desapego do protagonista (apesar de parecer ser de família bem rica), e assim não ligando para roupas chiques, casas, e ficando amontoado na casa da namorada, o site também bem simples sem nada muito chamativo, mas usaram bastante material de chamadas de jornais, e deixaram claro uma delegacia bem simples também, porém na casa do traficante mesmo foi algo muito divertido de ver com sua proposta de loucura, seu ambiente, e tudo mais, ou seja, a equipe de arte nem gastou muito para criar todos os ambientes, mas acertaram bem os símbolos ao ponto de tudo ser bem encaixado e a investigação ser bem mostrada.

Enfim, foi um tremendo de um filmaço, com uma proposta simples, que até chega a chocar pela realidade mostrada, afinal a trama toda acabou acontecendo, e mostra que no mundo do crime não dá para ser ingênuo, de forma que com uma trama bem maluca e surpreendente acabamos nos envolvendo bastante e mesmo com algumas leves falhas acaba agradando demais, ao ponto que recomendo o longa com toda certeza. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.

0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...