Netflix - Passageiro Acidental (Stowaway)

4/23/2021 01:15:00 AM |

Não me vem a mente algum filme de viagem espacial que tenha um enredo divertido (salvo claro as paródias), pois geralmente os roteiristas incorporam dramaticidades e diversos problemas que fazem os protagonistas sofrerem, se desafiarem e tudo mais que seja possível, e que na maioria das vezes envolvem perdas de personagens que geram claro o sentimento de luto. E com o lançamento da semana da Netflix, "Passageiro Acidental", vemos exatamente isso, mostrando através de ótimas atuações como é descobrir um problema imenso logo após a decolagem, e trabalhar as possibilidades pensando em como não precisar fazer o pior, ao ponto que o filme é até engessado demais, pois assim como outros filmes de tragédias certamente dava para pensar em outras possibilidades, mas a escolhida acaba sendo bem tensa, e claro triste. Diria que o filme tem a dinâmica completa na medida, não sendo nem um longa de ação agitado, nem um filme filosófico aonde acabamos dormindo, seguindo um ritmo calmo e de atitudes precisas, que até demora um pouco para acontecer a explosão dos atos realmente (quase a primeira hora inteira), mas assim que ocorre o filme fica intenso, forte e sentimental, e funciona bem (ao menos para os que gostam do estilo).

A sinopse nos conta que em uma missão para Marte, um passageiro clandestino acidentalmente causa um dano ao sistema de suporte à vida da nave. Com poucos recursos e perspectivas potencialmente fatais, a tripulação é forçada a tomar uma decisão impossível.

É interessante ver o que youtuber brasileiro MysteryGuitarMan, agora mais conhecido como diretor e roteirista Joe Penna, acabou entregando em seu segundo filme (o primeiro "Arctic" nem foi lançado ainda por aqui, mas vamos torcer para aparecer agora que saiu esse novo!), pois vemos realmente um longa de precisão expressiva, aonde ele conseguiu tirar muito dos atores, afinal a dinâmica dentro de uma nave nem dá para ocorrer muita coisa, e praticamente com uma ideia de viagem de 2 anos mais ainda, e ele trabalhou os motes de uma forma simples, que acabamos pensando muito em várias possibilidades (a equipe em Terra só pensou em uma, e a da nave em duas, mas certamente daria pra pensar em mais) de todos saírem vivos da nave, e certamente as cenas de conversas primeiro de David com Michael, e depois de Barnett com Zoe figuraram com toda a intensão que a trama necessitava. Ou seja, o filme está bem longe de ser perfeito, mas tem uma ideia tão precisa, uma dinâmica coesa, e uma segurança nas atitudes que o resultado acaba sendo bem interessante de conferir, e que talvez um pouco mais de duração após o ato final, ou algumas dinâmicas a mais impressionariam e resultariam em algo mais imponente ainda, porém valeu pelo estilo forte, pelas boas atuações, e diria que o diretor tem futuro em Hollywood, pois teve uma boa mão para equilibrar tudo.

Sobre as atuações, o elenco foi bem preciso nas expressividades necessárias, e conseguiram cada um da sua forma chamar a atenção para seu papel, com claro todos funcionando dentro do que a trama necessitava, e principalmente agradando nos detalhes. Dito isso vemos Anna Kendrick bem à vontade com sua Zoe, sendo a pessoa com maior coração ali dentro, e que sendo médica não conseguiu pensar em tirar uma vida, se esforçando ao máximo e mostrando com muita personalidade que estava disposta a tudo, e com bons olhares a agora produtora também da trama foi bem no que se dispôs e agradou de certa forma em todas as cenas. Toni Collette é daquelas atrizes multifaces que consegue segurar a onda de uma personagem forte como a comandante Barnett, mas que também sabe ser sutil nos atos mais emocionantes quando precisa, e todos os seus atos são tão bem colocados que mesmo sabendo que ela está apenas atuando, suas caras e bocas durante as ligações com a base e discutindo com a tripulação ficaram icônicas. Daniel Dae Kim tem um estilo tão centrado, que mesmo no ato mais direto de seu David não conseguimos ficar revoltados com o que ele faz, e durante o percurso fora da nave vemos esforço nos seus trejeitos mostrando que o ator estava realmente aparentando fazer força (o que sabemos que não ocorreu!), e assim foi muito bem em cena também. Diria que Shamier Anderson entregou personalidade para seu Michael, de forma que vemos ele mostrando todo o carinho para com a irmã, fazendo olhares simples e afetuosos, mas também temos de pensar e se ele já sabia que estava lascado e apenas convenceu a garota a defendê-lo? Fica aí o questionamento.

Visualmente o longa entrega o tradicional de todo filme de viagem no espaço, com uma nave cheia de ambientes minúsculos, muitos botões, fios, paredes brancas, claro as salas de pesquisas, quartos minúsculos, e uma academia que acaba virando quarto do clandestino, ainda vemos algumas peças danificadas, as tradicionais roupas espaciais, e claro uma travessia sufocante entre naves, muitas estrelas e o fechamento forte que muitos não esperavam acontecer, ou seja, a equipe foi simples na criatividade, mas bem correta, e assim o longa funciona bem.

Enfim, como disse o longa entrega um bom entretenimento, consegue surpreender um pouco, e traz um filme bem triste de certa forma pela condição de fechamento, mas certamente dá para pensar bastante e refletir em algumas possibilidades, fazer alguns questionamentos e pensar em outras saídas que a equipe não pensou, ao ponto que diria que foi um filme correto, bem longe de ser perfeito, que envolve e agrada quem gosta de longas do estilo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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