Netflix - Você Nem Imagina (The Half Of It)

5/05/2020 02:00:00 AM |

Os longas românticos teen da Netflix costumam entregar sempre algo formatado pronto para criar um carisma e trabalhar bem as sacadas presentes em algum texto, de forma que vemos o filme já pensando qual outro filme que ele parece, mas mesmo assim sempre são bonitinhos e acabam agradando com o resultado final. Dito isso, "Você Nem Imagina" tem um ar um pouco diferenciado por se apoiar muito em citações de filmes e livros, brincar com a famosa deixa de um fazendo o papel do outro, e principalmente por não ser casual, nem forçado. Porém embora seja bonitinho, faltou aquele elo que fizesse o público se emocionar, que criasse um carisma maior entre os personagens, ao ponto de que no final apenas esboçamos um sorriso legal, e tudo bem, mas que pelo tema em si, pelo desenvolvimento bem esmiuçado da diretora, certamente ela poderia ter ido muito além para discutir mais cada um dos temas que o filme deixa subjetivo como religião versus homossexualismo, ricos achando que podem comprar qualquer pessoa, e até mesmo a imigração que importa grandes graduados e subutilizam eles, a desvalorização da família, ou seja, o filme apenas joga os temas, e esquece deles depois, ou melhor, apenas lança as discussões e as deixa num cantinho para que alguém que queira os discuta.

O longa nos mostra que Ellie Chu, é uma estudante tímida e homossexual, que se sente isolada e sem amigos em sua cidade remota de Squahamish, onde ela faz alguns papéis extras necessários para seus colegas do ensino médio. Ellie relutantemente concorda em ajudar o apaixonado jogador da escola Paul Munsky a escrever cartas de amor para Aster Flores, a garota que os dois amam secretamente. Enquanto todos os três embarcam em uma viagem inesperada de descoberta, eles formam um complicado triângulo de amizade à medida que chegam a um acordo com seus próprios sentimentos inesperados sobre o amor e encontram conexão nos lugares mais improváveis.

Ou seja, o filme é sim um acerto por conter diversas discussões, e mostrar que em seu segundo filme a diretora Alice Wu que é uma cientista de formação sabe dominar algo a mais do que programar computadores do MIT, mas sim jogar com simplicidade elos, envolver o público com uma história leve, e principalmente saber condicionar os momentos sem precisar implicar em romances exagerados, ou teorias forçadas. De forma que vemos o filme tão tranquilamente, que tudo passa voando, cada elemento acontece quase que ao acaso, e o resultado funciona. Claro que como disse, tudo poderia ser discutido na trama, tudo poderia ser mais desenvolvido, mas a diretora e roteirista quis brincar com cada elemento, quis dar para o público seu floreio de frases de efeito, e com isso certamente veremos os fãs teen usando vários elementos da trama logo mais, de forma que o filme flui e agrada, ao menos dentro do que se propôs a fazer.

Sobre as atuações, a jovem Leah Lewis depois de muitas séries se entregou completamente em seu primeiro longa, e trouxe para a protagonista Ellie trejeitos fortes, uma segurança bem pautada no que deseja, mas com uma timidez retraída bem marcada, de forma que vemos todas suas nuances transparecer nas conversas via celular, via cartas, e até mesmo nas redações que faz como um ganho na escola, e isso é algo muito comum na garotada hoje em dia, ou seja, a pesquisa dela nem precisou ir muito além, pois certamente conhecia vários assim, e a atriz fez muito bem cada momento seu, agradando bastante, mesmo que escondida através da narração. Também foi a estreia de Daniel Diemer em longas, e seu Paul é engraçado, suave, e tem estilo, fazendo suas cenas meio que desajeitado, mas sempre bem encontrado com cada momento, de forma que acabamos nos envolvendo com seus atos, agora não sei se foi a qualidade da Netflix, ou exageraram na sua maquiagem para tirar olheiras, que o jovem em diversos atos pareceu estar com os olhos marcados de amarelo, e isso ficou estranho de ver em muitas cenas, mas espero que seja um erro da qualidade, pois senão é um erro grotesco da equipe de maquiagem que costuma passar apenas pó nos garotos para não brilhar tanto. Alexxis Lemire também teve seu primeiro longa, e entregou uma Aster bem colocada, mas que ficou bem como referência dos dois protagonistas, e não tanto com desenvolturas chamativas, mas ainda assim se saiu muito bem em todas suas cenas, chamando atenção pelo menos para o resultado da trama. Dentre os demais, tivemos alguns exageros por parte do galãzinho da trama vivido por Wolfgang Novogratz com seu Trig, mas o destaque mesmo foi pela simplicidade, mas excelentes trejeitos de Collin Chou com seu Edwin Chu, que mesmo ficando bem de lado, chamou muita atenção em tudo que fez.

Visualmente, a cidadezinha de Squahamish não foi tão chamativa para a trama, apenas se mostrando como totalmente pacata, tendo cenas em algumas aulas dentro da escola, tendo o tradicional show de talentos como clichê generalizado para todas as tramas do estilo, com os devidos gracejos e sacanagens de alguns, festinhas com bebidas liberadas para os jovens, uma cena numa piscina quente natural bem bacana, que poderia ser até algo a mais, uma lanchonete erma, e claro o principal, com a estação de controle de trens, que é bastante usada para as devidas desenvolturas da trama, com os personagens dentro de trens abandonados, ou em pequenos elos, e tudo funcionando muito bem, ou seja, a equipe desenvolveu bem cada elemento, mas não forçou suas utilizações, deixando que a trama focasse mais nos diálogos e narrações. Como já disse ficou estranho alguns pontos de maquiagem e iluminações, parecendo erros técnicos, mas não sei se foi devido a Netflix ter baixado a qualidade das transmissões durante esse período caótico, então nem vou considerar isso na nota.

Um ponto que sempre costuma ser bem agradável nos romancinhos da Netflix são as trilhas sonoras bem escolhidas, e aqui tivemos vários exemplares, que claro deixo aqui o link para vocês, então curta antes ou depois do filme.

Enfim, é um filme gostoso, leve, que tem um bom mote, e que discute vários temas, então quem estiver de boa e gostar do estilo mais adolescente vai curtir a ideia toda, mesmo que com vários clichês que já vimos em outros longas da plataforma, ou seja, não pode ir com muita sede ao pote, mas também não deixa a desejar. Sendo assim, fica a recomendação, e eu fico por aqui, voltando em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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