Netflix - Jo Pil-ho: O Despertar da Ira (악질경찰) (Akjilkyungchal) (Jo Pil-ho: The Dawning Rage)

5/17/2020 09:37:00 PM |


O cinema sul-coreano é daqueles que vemos coisas bem comuns parecerem tão diferentes que até assustamos com o resultado, de forma que um filme policial envolvendo máfia, crimes de ocultação de provas, policiais corruptos e testemunhas acabam parecendo ser algo que vai muito além do comum. Ou seja, o longa da Netflix, "Jo Pil-ho: O Despertar da Ira" tem uma pegada bem imponente, desenvolturas comuns de vermos em filmes do estilo, mas a todo momento tudo parece ir para outro rumo, e isso não é ruim, é apenas estranho de ver, pois num filme americano, ou até mesmo europeu, veríamos uma trama cheia de saltos, de tiros, de ações imponentes, e aqui tudo procura ser em cima da dinâmica, em cima das provas, em cima das testemunhas e das ocorrências, e com isso o filme acaba se alongando um pouco e parecendo meio arrastado, mas ao mesmo tempo acabamos nos conectando mais com os personagens, e até mesmo com o protagonista maluco, ao ponto de quem sabe se houver alguma continuação, já sabermos o que ele tem para nos entregar. Ou seja, é um filme que nem todos vão curtir a ideia toda, mas que funciona, e mesmo cheio de pequenos defeitos exagerados, passa sua mensagem dentro do que se propôs a fazer.

A trama nos conta que Jo Pil-ho é um policial corrupto que ajuda um parceiro a escapar após um assalto. Juntando-se a uma aparentemente última, Pil-ho e seu parceiro decidem assaltar o depósito da polícia, mas uma explosão frustra seus planos, deixando Pil-ho inconsciente e seu parceiro morto. Quando seu próprio departamento começa a suspeitar de seu envolvimento na explosão, pela qual ele não é responsável, Pil-ho decide apagar todas as evidências que apontam para ele: e, no processo, encontra a ajuda de uma adolescente para expor um escândalo corporativo. Inicialmente fazendo isso apenas para obter seu nome limpo, Pil-ho acaba se tornando o improvável protetor da garota depois de uma série de eventos violentos.

O diretor e roteirista Jeong-beom Lee fez muita fama com seu segundo filme, "O Homem de Lugar Nenhum", e até muitos gostaram de "Assassino Profissional", então já era esperado um filme intenso e bem feito depois de muito tempo, pois ficou um período longo sem apresentar nada para o público, então aqui o filme tem uma pegada forte, tem bons ensejos, mostra o estilo do diretor, e principalmente consegue conectar ao público a algo que já estamos até acostumados de ver, de torcermos para o policial corrupto ser o menos ruim e fazer o bem, ou seja, é uma trama costumeira, com muita pancadaria, e até alguns elementos dramáticos, que consegue dar bom tom e funcionar bastante com as diversas reviravoltas, e principalmente com toda a loucura final, porém poderia ter um ritmo mais acelerado para que o filme não enrolasse tanto, pois a duração é de pouco mais de duas horas, mas sentimos certamente bem mais pela enrolação e pelo exagero de conflitos ao invés de ir direto ao ponto, e não que isso seja algo que soe ruim ou fraco, mas acaba sendo desnecessário.

Quanto das atuações, Sun-kyun Lee é praticamente daqueles imortais que apanham tanto, se cortam, pulam de alturas, torcem seu braço, e ele ainda segue firme e forte com seu Jo Pil-ho, no melhor estilo dos protagonistas heroicos americanos de filmes policiais, ou seja, ele entregou o que queríamos ver, e fez bem, claro que exagerado, mas bem feito ao menos. A jovem So-nee Jeon fez sua Mi-na bem trabalhada, mas meio sem sal demais, de modo que até entendemos suas ações, seus trejeitos, mas poderia ter chamado um pouco mais de atenção. Hae-joon Park trabalhou bem seu vilão/gangster, brigando, lutando e fazendo atos imponentes, mas sendo simples de expressões, o que é ruim, mas ao menos brigou bem com o protagonista, e isso foi bacana de ver. Quanto aos demais, posso dizer que todos exageraram, mas faz parte do estilo, e isso é algo que não temos como ficar dimensionando, afinal em cada país o pessoal gosta de ver a pancadaria de uma forma, e aqui não foi diferente.

A equipe de arte precisou trabalhar bastante, colocando um galpão para ser explodido, diversas locações para mostrar a correria em busca de pistas, uma delegacia meio sem muitas características, e claro uma corporação gigantesca cheia de elementos de luxo, além claro de figurino a rodo para uma cena com centenas de figurantes, além claro de muito sangue para as cenas de socos, tiros e cortes, afinal o protagonista levou umas boas bordoadas, ou seja, é o básico de um filme de ação, mas foi feito com boas premissas e funcionou.

Enfim, é um filme bacana de ver, que quem gosta de longas policiais vai acabar curtindo, mas que é bem enrolado e alongado, então cansa um pouco ver toda a desenvoltura criada, abrindo precedentes para que o filme saísse do tradicional. Como costumo dizer é aquele famoso filme que passa a mensagem, mas para isso precisa embrulhar num papel transparente para parecer chique, e assim sendo vemos o mesmo produto embrulhado que já conhecíamos. Vale a conferida, mas sem muitas expectativas, pois desanda um pouco no miolo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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