A Grande Viagem da Sua Vida (A Big Bold Beautiful Journey)

9/19/2025 12:38:00 AM |

Uma coisa que me incomoda muito em filmes fantasiosos com uma proposta reflexiva é que o diretor e o roteirista tentam fazer você acreditar em algo, sem que esse algo exista, e para isso cria tantas facetas e histórias que uma trama que tem apenas 109 minutos fica parecendo que passamos dias dentro da sala do cinema, e em alguns casos isso acaba virando um caos de enrolações que ninguém acaba suportando, mas por vezes o resultado em si funciona bem, mesmo sendo algo alongado. E felizmente "A Grande Viagem Da Sua Vida" pertence ao segundo grupo, pois a trama é bem bonita e interessante, ao nos fazer pensar como seria nossa vida e como devemos mudar o agora, revendo e revivendo momentos-chaves do passado que deram muito errado, e que claro mudaram nossa personalidade em cima do ocorrido. De tal forma que a trama brinca muito com as possibilidades e com a fotografia do ambiente, levando a trama para nuances fortes e densas, mas que ao se desenvolver flui bem na tela, e o mais engraçado de tudo que é o longa não tenta parecer realista, e muitas vezes até chegamos a pensar que fosse outra coisa, e assim sendo é capaz que alguns fiquem ressabiados com o resultado final.

O longa acompanha a jornada mágica e reveladora de David e Sarah, dois desconhecidos que se esbarram no casamento de um amigo em comum. Ambos solteiros, eles flertam um com o outro na festa e acabam juntos numa viagem comandada pelo GPS do carro antigo que David aluga. Quando a ferramenta deixa a dupla no meio de um lindo campo com apenas uma porta vermelha, eles resolvem atravessá-la e acabam embarcando numa aventura fantástica pelo tempo. Uma trajetória na qual ambos têm a chance de reviver momentos determinantes de seus passados. Contemplando o caminho que os levou até o momento presente, David e Sarah estabelecem uma conexão profunda enquanto imaginam novas possibilidades para o futuro.

Como não assisti aos trabalhos anteriores do diretor Kogonada, vou apenas dizer que ele mostrou uma sensibilidade bem direcionada na tela, pois seu filme facilmente poderia explorar alguns vértices mais impositivos e ir para outros rumos na tela, porém ele soube florear com paisagens incríveis, uma fotografia primorosa, e principalmente deixando que os protagonistas fluíssem na tela ao invés da história, de modo que vamos no ritmo deles, na essência de cada momento, e isso soa bem diferente do estilo hollywoodiano tradicional. Ou seja, ele pegou a história de Seth Reiss, trabalhou os personagens com os atores, e os colocou para vivenciar tudo, de forma que por vezes parece até que eles não sabiam o que estava acontecendo realmente e sendo surpresos se doavam para os atos, e isso é um grande acerto de direção, ao mesmo tempo que poderia virar uma tragédia monstruosa e sem entendimentos algum. Sendo assim, o único aquém que colocaria na direção dele é que dava para cortar talvez algumas dinâmicas ou acelerar um pouco alguns momentos, pois como disse no começo, parece que seu filme tem muito mais tempo do que apenas 109 minutos.

Quanto das atuações posso dizer facilmente que embora tentem não passar uma química entre os protagonistas, meio que deixando isso acontecer de uma forma não muito natural, o resultado dos diálogos nas dinâmicas funcionou muito, e isso agrada demais na tela. E dito isso, Colin Farrell é daqueles atores que sabem atuar dentro da sua atuação, ao ponto que seu David chega a nos confundir com o que está fazendo, sendo por vezes artificial demais, e em outros atos mais sentimental, com olhares bem devaneados, mas dando um show no seu ato musical, e sendo sutil quando precisou, o único porém que vou pontuar é o que a equipe de maquiagem fez com ele no seu último ato, pois pareceu estar usando uma barba pintada de festa junina, e isso foi literalmente um crime. Da mesma forma Margot Robbie já se jogou com um carisma acima do normal para sua Sarah, mas que no fundo vemos seus problemas sentimentais bem passados e durante toda a trama vamos vendo seus erros que lhe moldaram, e sem precisar apelar para gracejos, ela consegue nos cativar com essa sua essência, ou seja, fez bem o papel. 

Visualmente posso dizer que a equipe de arte trabalhou demais para que o filme tivesse toda uma conexão extra-sensorial na telona, de modo que vemos belas paisagens, muita chuva, que inclusive fica belíssima dentro do contraponto famoso de misturar sol e chuva, tivemos as portas bem representativas com os lugares, e claro tivemos os passados, seja num museu, numa escola, num musical, num farol, num hospital e em um café, além das casas de infância dos personagens, tudo muito recheado de detalhes que envolvem o público e a entrega na tela. E claro não poderia esquecer do galpão de locação de carros completamente estranho que ainda por cima locou um carro bem antigo com um GPS mais estranho ainda, ou seja, tudo bem dentro de uma fábula irreal.

Enfim, é um longa que fui esperando outra coisa, mas que me envolveu com a entrega, porém volto a afirmar que alongaram um pouco além do necessário, e assim para conferir após um dia puxado de trabalho acaba cansando não ir a fundo logo de cara, mas que o resultado final é gostoso e interessante, isso é, então vale a indicação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até breve.


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