Horizonte

2/13/2024 06:08:00 PM |

Costumo dizer que desenvolver filmes que envolva brigas familiares e terceira idade é algo que muitas das vezes consegue emocionar e também passar mensagens mais simbólicas, de tal maneira que o diretor precisa encontrar bem toda a sua síntese antes mesmo de filmar, senão corre o risco de vermos um filme morno que não atinge ninguém. E posso dizer que o diretor de "Horizonte" soube encontrar esse meio termo na trama, pois seu filme consegue passar o sentimento do protagonista por dois momentos bem colocados, o primeiro sendo ignorado pela família, e o segundo já solitário, mas com uma boa vontade de tentar se conectar com sua vizinha da frente em um condomínio para idosos. Não digo que o filme tenha algo que vá emocionar com tanta força, mas sua síntese é bem encontrada e acaba funcionando com classe dentro da pegada toda.

Na trama, Rui e Jandira se conhecem após se mudarem para uma “vila de idosos”. Mesmo com reticência por parte de Jandira, eles começam uma amizade. A solidão os leva a cumplicidades únicas até que se veem apaixonados. Para eles, aquilo tudo é novo, pois é a primeira história de amor de suas vidas.

Diria que o diretor Rafael Calomeni não conseguiu ir tão além quanto poderia em sua estreia na cadeira, depois de muitos filmes como ator, pois ele até criou situações bonitas bem encaixadas e com um certo trabalho bem dominado na tela, mas faltou para ele desenvolver melhor os atos espalhados, pois mesmo não transformando a trama do roteirista Dostoiewski Champangnatte em algo novelesco, ele acabou segurando demais cada momento do filme, sem que tivesse uma desenvoltura mais pegada e interessante de ver. Ou seja, o filme acaba não fluindo tanto quanto poderia e ao invés de nos conectarmos mais com os personagens acabamos ficando amarrados à eles. Outro ponto que entro num quesito que não costumo colocar tanto que é o opinativo, é o motivo do protagonista voltar para sua antiga casa quando descobre que foi "traído" pela parceira, pois era apenas dispensar ela e continuar vivendo ali, mas isso são opiniões direcionadas, e não tanto pela ideia da produção em si.

Quanto das atuações, o protagonista Raymundo de Souza soube segurar muito bem todos os atos de seu Rui, desenvolver as emoções na tela com uma boa dinâmica, e principalmente criar uma cadência bem trabalhada de trejeitos para que o filme ficasse bem em cima de suas nuances, ou seja, agiu como um bom personagem dramático deve ser e agradou. Fazia tempo que não via Ana Rosa atuando, provavelmente estando bastante no teatro, e aqui sua Jandira é bem fechada num primeiro momento, quase ignorando por completo o protagonista, mas vai se apegando e trazendo boas nuances expressivas para que sua personagem saísse da concha e marcasse presença, o que mostra seu gabarito e agrada com a forma sutil de se envolver. Ainda tivemos Suely Franco bem direta com sua Dona Fia, mas sem ir muito além do que uma vizinha faladeira que tanto vemos no mundo todo.

Visualmente a equipe de arte decorou bem a casa como um lugar simples, o barracão como algo ainda mais singelo, e quase uma prisão para o protagonista, e o condomínio Horizonte como algo gracioso e mesmo sendo bem pequeno entregando algo bonito para a trama, aonde o protagonista vai criando seu espaço e desenvolvendo tudo com muito carinho e precisão, o que acaba chamando muita atenção e mostrando para o público a diferença cênica.

Enfim, é um filme gracioso e bem encaixado, que não vai trazer nada memorável para o público, mas que mostra que para muitos alguém da terceira idade já está se encaminhando para a morte, enquanto para outros vale a busca pela felicidade ainda não encontrada, e assim sendo o gracejo que o diretor optou por mostrar acaba sendo gostoso de ver, e que talvez melhor lapidado iria até mais longe. E é isso pessoal, o longa estreia na próxima quinta dia 15/02 em vários cinemas, então fica a dica, e eu fico por aqui agora agradecendo claro os amigos da A2 Filmes pela cabine, então abraços e até logo mais.


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