Netflix - Caminhos da Sobrevivência (Wil)

2/01/2024 12:56:00 AM |

Costumo dizer que se existe algo que nunca vai acabar é filme que use algo novo que não conhecemos sobre a época da Segunda Guerra e todo o conflito ocorrido na dizimação dos judeus, cada vez visto por um ângulo diferente, por um país diferente, e sempre mostrando o quão caótico foi tudo por aqueles que sofreram e também por aqueles que foram forçados a fazer algo contra suas vontades, mas como o próprio nome do filme em português entrega "Caminhos da Sobrevivência", que estreou na Netflix, vai mostrar como um jovem policial da Antuérpia vivenciou alguns dias logo após começar a trabalhar na delegacia e chegarem os nazistas alemães na cidade para a caça aos judeus usando eles como escolta. Claro que a trama traz logo de cara algo que mancha a vida do jovem e temos todo o processo que ele viveu para conseguir sobreviver no meio de tanta mentira, e o longa tem uma boa pegada em cima disso tudo, mostrando atos violentos e bem encaixados, mas também acaba sendo algo de nicho bem fechado que poderia ser até mais impactante, ainda que tudo seja chocante tanto pelo visual quanto pelos dilemas mostrados.

O longa nos mostra que Wil e Lode são policiais auxiliares na Antuérpia ocupada. Eles são obrigados a participar da caça aos judeus na cidade, mas ao mesmo tempo também apoiam a resistência. Em meio a todo o caos e violência, o amor floresce: Wil se apaixona perdidamente pelos encantos da irmã de Lode, Yvette. Um coquetel conflitante de emoções o leva à beira do abismo. Porque como você salva simultaneamente a si mesmo, seus entes queridos e os judeus das garras do ocupante?

Não é muito comum vermos longas belgas, então não estou familiarizado com o estilo de direção e roteiro de Tim Mielants, mas o que posso dizer de cara é que ele gosta de algo mais cru e direto na tela, mostrando com personalidade tudo o que os jovens precisaram ver e fazer estando dos dois lados da história, se envolvendo e se desenvolvendo com tudo, de modo que o filme acaba sendo pesado em suas mãos, não tendo atos tranquilos para dar qualquer quebra ou principalmente um alívio cênico na trama. Ou seja, o filme vai num linear tão forte que não tem atos para poder surpreender o público com qualquer ato de virada, mas sim todo um cerne pesado e cheio de interações que acabam sendo marcantes dentro de toda a ideia. Claro que isso pesa pelo fato de não vermos a mão do diretor de um modo influenciável, mas acaba agradando por mostrar que ninguém saiu da guerra sem um trauma, mesmo não indo para o front.

Quanto das atuações, diria que o jovem Stef Aerts trabalhou seu Wil com trejeitos tão expressivos que parece estar assustado do começo ao fim, mesmo nos atos aonde não está com alguém da SS ele transmite que tem algo errado com ele, e isso acaba dando algumas nuances meio que não tão realistas para alguém que conseguiu ocultar tanta coisa e sobreviver, de tal forma que dava para seu personagem ter algumas quebras cênicas de olhares e tensões, mas acredito que essa tenha sido a escolha do diretor, e da base que veio de um livro. Já Matteo Simoni fez seu Lode inicialmente alguém com um ar mais medroso, mas que consegue se soltar mais no miolo, dar alguns floreios e desenvolturas expressivas menos densas, mas que tem alguns atos secos demais, e assim também não vai tão além. Outra que acabou chamando atenção no estilo de atuar é Annelore Crollet com sua Yvette, sendo bem dura e direta na forma de trabalhar a personagem que acabou marcando, mas como é um personagem secundário não pode ir muito além. Ainda tivemos outros bons papeis, mas sem dúvida a frieza e o estilo bem imponente de Dimitrij Schaad com seu Gregor, de tal forma que facilmente sobrepõe vários momentos dos demais, e valeria talvez até mais atos seus.

Visualmente o longa tem um ar pesado e até sujo, parecendo que na cidade só chovia pelo tanto de barro pelo caminho, mostrou muitas cenas fortes e violentas de torturas, capturas, entre outras coisas, vemos algumas casas de judeus ricos invadidas por membros da cidade, cidadãos normais vendo filmes nazistas e saindo para atacar redutos judeus, e muito mais que a equipe de arte foi a fundo para retratar bem.

Enfim, é um filme bem intenso, com boas nuances e um ar bem chamativo que certamente vai agradar quem gosta de longas sobre o tema, mostrando mais uma vez esse período horrível da História mundial, então fica a dica para a conferida, pois mesmo não sendo perfeito, o resultado chama bastante atenção. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...