Netflix - Orion e o Escuro (Orion And The Dark)

2/04/2024 11:07:00 PM |

Já discuti algumas vezes com alguns amigos sobre filmes que tentam representar coisas que não possuem formas reais, e a sagacidade das companhias de animação em conseguir trabalhar esses elementos como personagens é algo que chega a ser brilhante, pois traz o lúdico para algo mais físico e isso acaba tendo tantas nuances que o público passa a refletir sobre tudo. Já vimos isso acontecer com "Divertidamente", com "Elementos", ambos da Pixar, depois citei o longa francês "O Príncipe Esquecido" como sendo uma versão live-action do clássico e agora a DreamWorks veio brincar com a ideia do escuro, dos sonhos e outros elementos da noite no longa "Orion e o Escuro", que estreou na Netflix trazendo uma ideia bacana em cima de um garotinho com medo do escuro e sua vivência para perder ele ao viajar o mundo junto do personagem alegoricamente vivido na tela como um ser bacana e divertido, porém vemos depois que tudo era apenas uma forma que um pai contava sua história para a filha, e finalizamos ela (dando um leve spoiler) como a filha já contando a história que ouviu do pai aumentada para seu outro filho. Ou seja, é o famoso dar vida aos sonhos mais lúdicos para criar interações que tirem o medo das crianças, mas diferente das alegorias fáceis de entender da Pixar, aqui a trama ficou meio que complexa demais, sem um ar emocional bonitinho que agradasse as crianças, ao menos no meu olhar, mas como o longa ficou em 1° durante todo o final de semana, é provável que muitos assistiram e recomendaram!

O longa nos mostra que um menino medroso teme o escuro mais do que tudo, mas o próprio Escuro decide levá-lo em uma aventura noturna para que ele possa superar suas inseguranças. Na animação, Orion se assusta facilmente com quase tudo, incluindo lugares altos, insetos, valentões da escola e muitos outros. Porém, nada o apavora mais do que o escuro, fazendo com que ele faça de tudo para amenizar a escuridão na hora de dormir. Em uma noite de apagão, o próprio Escuro fica tão inconformado com o tamanho do medo do garoto que decide fazer uma visita a ele e mostrar que não há motivos para temê-lo. Junto com as outras entidades da noite, o Escuro leva Orion em uma aventura pela noite para que ele enfrente seus medos.

Diria que o diretor Sean Charmatz teve uma estreia não muito brilhante na cadeira de direção depois de muitos anos como animador, porém trabalhou bem toda a ideia do roteiro na tela, tanto que os personagens são carismáticos e as desenvolturas acontecem com uma leveza gostosa de ver, e esse acaba sendo o ponto mais positivo da trama com uma entrega bem pautada e desenvolvida, porém acredito que desenvolveram demais algo que dava para ser mais lúdico, mais emocional e cheio de vivências do que um filme que tem uma pegada meio que cheio de reviravoltas, que claro uma composição de sonhos e histórias para dormir sempre vai muito além, mas acabou não ficando algo leve para crianças, o que é uma pena, pois dava para ser algo bem mais direto, dinâmico e com mais nuances, que aí sim funcionaria para a família toda. Volto a frisar que não é algo ruim, só acabou sendo um pouco confuso demais.

Quanto dos personagens, diria que o garotinho Orion é bem interessante, tem uma pegada inicial bem tímida e medrosa, mas que se desenvolve bem dentro da história, se confunde um pouco dentro das qualidades do dia quando está falando com os personagens da noite, e tem boas sacadas já adulto para dar as dinâmicas necessárias, mas poderia ter sido mais fluido na entrega e emocionar mais. O personagem Escuro é bem fofo, e não tem como ter medo dele, de tal forma que conseguiram colocar um estilo bacana para não assustar as crianças e assim sendo a trama fez dele quase o mocinho do filme, o que acabou dando um tom diferente para tudo. Já os demais personagens tem cores bem colocadas, e é bem divertido ver como o Sono põe todo mundo para dormir na base da porrada, como a Insônia acha boas fitas para deixar muitos acordados, e como é a composição de um bom Sonho sendo feito na medida certa, e claro como o pequenino Silêncio consegue comer tantos barulhos, além do estranho Barulhos Inexplicáveis cheio de estilo, mas sem dúvida o conflito da trama se deu ao inserir a garotinha Hipátia, pois acabou trabalhando algumas nuances mais filosóficas para o longa, e assim o filme ficou levemente preso. Isso sem falar no malucão da Luz do dia que praticamente é aquele meme que sai queimando todo mundo.

Visualmente é algo bonito, cheio de cores e bem colocado, que até parecia que não iria muito além, afinal estamos falando de um filme sobre o escuro, mas que brincaram com toda a essência do dormir, dos problemas e ansiedades, medos, e tudo mais, que acabou sendo bem representativo na tela, com um traço bonito quase que tridimensional na totalidade, mas com uma pegada meio quase que 2D desenhada, e isso acabou dando um bom tom diferente do tradicional que tanto vemos.

Enfim, está longe de ser um filme ruim, mas também passou bem longe de ser algo perfeito de ver na tela, de tal forma que agradará os mais velhos que conseguirão refletir sobre tudo o que é mostrado na trama, e claro os pequeninos irão se conectar com as cores, mas a Dreamworks tinha potencial para ter feito algo muito melhor e mais elaborado, então fica a reclamação, mas que com certeza vale a recomendação com algumas ressalvas. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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