Pobres Criaturas (Poor Things)

2/02/2024 12:56:00 AM |

Desde que "Pobres Criaturas" surgiu nas premiações sem nem termos visto o trailer passando por aqui fiquei ao mesmo tempo curioso como também meio sem entender o motivo de tanto sucesso e falação, afinal tinham piadas envolvendo tesão, partes e tudo mais nos diálogos dos apresentadores, e numa primeira olhada bem rápida no trailer não se tem bem essa ideia do filme, de modo que parecia ser apenas uma cópia meio que diferente de "Frankenstein", com pessoas desfiguradas, estranhas e claro brincando com o colorido e o preto e branco. Mas aí finalmente chegou o longa para conferirmos e meus amigos!!!!!!!!!!!!!!! É praticamente a mistura desse filmão de monstrengo, com uma pegada meio que de "Barbie" pelo lado existencialista, socialista, capitalista, purista, e muitos outros istas, com pasmem "Ninfomaníaca", pois a jovem criação irá descobrir que gosta muito de saltos e depois vai descobrir muito mais sobre esse mundo fechadinho. Ou seja, é uma trama que muitos podem torcer a cara pelo trailer, pela ideia em si, mas é tudo tão divertido que todos (não imaginava uma sessão bem cheia no horário que fui) riram bastante com toda a entrega da história, e principalmente com as atuações perfeitas de um elenco bem estrelado, sendo daqueles filmes que surpreendem por completo, e só digo que faltou uma coisa para ficar perfeito: não ter sido o bode no final e sim o doutor! (spoiler enigmático para ficarem curiosos).

Referenciando o clássico Frankenstein, a história se passa na Era Vitoriana e acompanha Bella Baxter, trazida de volta à vida após seu cérebro ser substituído pelo do filho que ainda não nasceu. O experimento é realizado pelo doutor Godwin Baxter, um cientista brilhante, porém nada ortodoxo. Querendo conhecer mais do mundo, a jovem foge com um advogado e viaja pelos continentes, exigindo igualdade e libertação.

Quem conhece o cinema do diretor Yorgos Lanthimos também foi para a sessão bem desconfiado de algo que tem como classificação um drama romântico cômico, afinal se tem alguém que entrega tramas estranhas é ele, mas essa ideia de irmos desconfiados para a sessão até que foi uma ótima ideia, afinal sem expectativa alguma o resultado acabou sendo tão bem trabalhado que acaba chamando atenção do começo ao fim, e sendo baseado no livro de Alastair Grey, a trama não ficou muito preso a algo  num formato tão literário, mas sim uma desenvoltura própria do diretor, com toda sua maluquice sendo encontrada em personagens, nas cenas com uma câmera olho de peixe estranha meio como se estivesse espiando algo, e até mesmo no lado meio que abstrato de algumas situações, de tal forma que o lado erótico embora bem presente acaba sendo apenas uma figura de linguagem para tudo o que vemos, e dessa forma o longa cria impacto e presença cênica. Ou seja, se antes o diretor já tinha todo um grande renome no mundo artístico, agora ele veio com uma pompa que sobressai tudo, não apenas pela ótima história e direção, mas também pelas geniais e perfeitas atuações.

E já que comecei a falar das atuações, chego a dizer que é a melhor atuação em anos do trio principal, pois se entregam com uma naturalidade à personagens tão diferentes de tudo, que o resultado acaba aparecendo e chamando muita atenção, sendo realmente brilhante e marcante, de tal forma que Emma Stone se joga por completo com sua Bella Baxter, inicialmente bem imatura, aprendendo as palavras, os gostos, as desenvolturas por ali, afinal é um cérebro de um bebê que está naquele corpo de mulher,  e o diretor brinca com essa ideia do aprendizado inicial todo em preto e branco, mostrando o amadurecimento e a liberdade para sair daquilo com cores, e quando a jovem descobre sua felicidade nas suas partes íntimas, aí a atriz realmente dá cambalhotas com tudo o que entrega, seja pelos diálogos contundentes nada puritanos ou pelos seus atos e trejeitos perfeitos, ou seja, a briga pelo prêmio de Melhor Atriz no Oscar vai ser bem parelho. Outro que se jogou por completo foi Mark Ruffalo com seu Duncan Wedderburn, trabalhando tantos trejeitos, danças, desenvolturas cênicas, marcações emocionais e tudo mais que pudesse para que seu personagem ficasse cômico, canastrão e ao mesmo tempo apaixonado pelo que estava fazendo em cena, ou seja, perfeito e intenso. Outro que trabalhou com uma desenvoltura incrível em todos seus atos foi Willem Dafoe com seu Dr. Godwin Baxter, de tal forma que mesmo cheio de próteses no rosto, nas mãos e sabe-se lá mais aonde ele trabalhou com uma felicidade em cada ato, fazendo bons trejeitos, marcando cada nuance na tela, e solto demais, o que acaba fazendo com que o público se conecte com ele mesmo sendo bem estranho. Ainda tivemos alguns atos bem emocionais e bem colocados de Ramy Youssef com seu Max McCandles, Jerrod Carmichael também deu atos marcantes e filosóficos com seu Henry, Kathryn Hunter teve uma boa imposição doce para uma dona de puteiro, e até Vicki Pepperdine chamou de leve a atenção com sua Prim, mas diria que ainda tinha mais história para desenvolver melhor o papel de Chistopher Abbott com seu Alfie, pois apareceu nos atos finais todo imposto e nem foi muito além do que poderia.

Visualmente o longa tem muitos ambientes inusitados, a casa do médico tendo vários andares, um jardim bem marcante, vários animais misturados entre si, sendo bem confusos e interessantes, a protagonista quebrando pratos, cuspindo suas comidas que não gosta e claro colocando coisas em suas partes no primeiro ato, depois sai em viagem para Portugal, conhecendo uma cidade mista entre passado e futuro com carros voadores e bondes diferentes, muita música, danças, comidas e claro muito sexo em diversas posições, vamos para um cruzeiro diferente de tudo por fora, tendo ambientes tradicionais e bem marcados do estilo, não sendo algo muito luxuoso como temos visto atualmente, mas com boas nuances, e por fim chegamos a Paris, aonde a protagonista vai trabalhar num bordel e vemos homens de todos os estilos possíveis e sua conexão com uma das garotas, e ainda quando achamos que o filme já estava pronto para acabar ainda tivemos uma mansão imensa do marido antigo da protagonista, ou seja, tudo muito marcante, com vários efeitos plásticos e computacionais, mas que funcionam bem dentro de toda a nuance da trama, e claro com a fotografia de uma forma irreverente e chamativa.

Enfim, confesso que estava com muito medo do que veria hoje, mas que funcionou tão bem que acabei bem feliz com o tanto que ri na sessão, o tanto que vi coisas inimagináveis na tela, e que como falei no começo só não darei a nota máxima para ele por achar que faltou a cereja do bolo na escolha final do que fazer com o antigo marido, pois seria sensacional e muito emocionante acontecer algo com outro personagem do que com um animal, e já falei muito, espero que vocês vejam, pois recomendo bastante ele, e agora irei torcer também para suas premiações. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo breve.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...