Amazon Prime Video - Agulha No Palheiro Temporal (Needle In A Timestack)

5/26/2022 01:04:00 AM |

Gosto bastante de filmes com viagens temporais, que bagunça toda a linha de vida da pessoa, que muda tudo na cidade e por aí vai, então quando vi que no longa "Agulha No Palheiro Temporal", que estreou na Amazon Prime Video, brincava com a ideia de existir um modo de fazer uma viagem para revisitar determinado momento no passado apenas pagando uma leve taxa de vários dígitos (não é mostrado antes que alguém pergunte, mas é falado que é bem caro!) e com isso modificar talvez algo dentro das regras, pois do contrário pode ser preso, ou seja, uma brincadeira bem interessante, mas que afeta não apenas a pessoa que está fazendo, mas sim todo o seu meio, e com isso várias ondas temporais acabam passando pelos personagens, que aqui mostra ser apaixonado e temeroso pela esposa voltar para seu ex-amigo e rival que já foi casado com ela. Ou seja, é uma trama densa, que brinca com a ideia de destino, e claro mudanças de trajetos para que algo aconteça na vida de uma pessoa, e tirando o ritmo que é um pouco lento demais, a trama acaba envolvendo bem e agradando quem entrar completamente no clima, mas se prepare para uma boa bagunça na cabeça, pois dá um leve bug mental, que poderia ter sido melhor usado.

A sinopse nos questiona que se o amor está na forma de um círculo, quais linhas você cruzaria para estar com sua alma gêmea? Nesta emocionante história de amor de um futuro próximo, Nick e Janine vivem em felicidade conjugal, até que o ex-marido de Janine tente separá-los usando a namorada de faculdade de Nick. À medida que as memórias e a realidade de Nick desaparecem, ele deve decidir o que está disposto a sacrificar para manter - ou deixar de lado - tudo o que ama. O amor pode durar em um futuro onde o tempo é fluido e toda a vida pode ser apenas uma ilusão?

O diretor e roteirista John Ridley, que venceu o Oscar com "12 Anos de Escravidão", até brincou bem com a ideia aqui baseada na história de Robert Silverberg, pois ele deu bons ramos para que seu filme se alongasse, trabalhando com a ideologia completa de mudar o presente através de poucas mudanças no passado, e deu toda a noção clara de que quem é rico poderá usar mais desses apetrechos num futuro, pois o ambiente de compra é riquíssimo, com poltronas, vozes, numa sala bonita, bem longe das máquinas de viagem temporais que víamos nas ficções de antigamente, e ainda soube usar da perspectiva de se pensar na conexão do que tem de ser irá acontecer em algum momento, dosando ideias, relações e tudo mais para que o conceito de amor verdadeiro, de se sentir conectado com a outra pessoa seja até algo a mais, e isso ficou bem bacana de entrar no clima. Porém a história de Silverberg é curta, e o diretor quis alongar ela para ter um longa-metragem, e acabou acontecendo o problema tradicional de quando esse artifício é usado, que é do longa cansar, e o miolo aonde é mostrado a vida meio que infeliz do protagonista com a sua antiga namorada acaba sendo monótona e cansativa demais, ao ponto que o diretor poderia ter criado um pouco mais de problematizações ali, ou seja, dava para melhorar o miolo, mas o final foi bem intrigante e agrada por completo.

O longa conta com um elenco bem interessante também, que conseguiu passar sentimento e envolvimento nos atos, ao ponto que conseguimos acreditar bem no que Leslie Odom Jr. entregou com seu Nick, fazendo ares apaixonados, ares de dúvida e até mesmo desespero num primeiro momento, e nos atos finais até convencendo bem com um ar triste meio que sem rumo, fazendo olhares e boas entonações que acabam marcando cada momento da trama, ou seja, não diria que tenha sido o melhor ator para o que o filme pedia, mas dominou bem os atos. Cynthia Evo teve um primeiro ato bem pautado com sua Janine, porém praticamente foi eliminada no segundo ato, o que soou um pouco estranho, de forma que poderiam ter trabalhado o que rolou com ela e Tommy em mais atos e não apenas em uma aparição, ou seja, não deram muita chance da atriz ir além. Já Freida Pinto soube amarrar bem sua Alex, fazendo atos melancólicos bem encaixados, e dando as devidas deixas para o protagonista tentar ir além no relacionamento deles, ao ponto que a virada funciona bem e a jovem ainda segue com uma boa dosagem nos atos finais, e assim agradou com três vértices bem pautados. Acostumei tanto com Orlando Bloom caracterizado, com ares fortes e imponentes, que aqui fazendo um Tommy riquinho e meio pacato de explosões acabou sendo até estranho de ver, de forma que suas cenas tem uma certa dinâmica bem colocada, mas nada que vá muito além. Agora quem deu bons momentos, mesmo que suas cenas sejam meio que soltas foi Jadyn Wong como a irmã Zoe do protagonista, que tem como melhor amiga uma brasileira, e soube passar bem os sentimentos para o ator, encaixando momentos claros de envolvimento, e dando um bom tom para o que precisava aparecer.

Visualmente a equipe de arte trabalhou demais, pois como temos praticamente quatro mudanças temporais, o protagonista passa a viver em quatro casas diferentes e riquíssimas de detalhes, ainda tendo festas, momentos em um carro, um celular bem marcante e dobrável todo futurista, e claro a sala de viagem temporal, que é um luxo de primeiríssima classe, quase tão imponente quanto algumas salas de espera de voo VIP, e assim conseguiram brincar bastante com todas as nuances, talvez não mostraria tanto a empresa do protagonista, pois todas as mudanças mexeram em sua vida pessoal, mas ele sempre trabalhou para o mesmo cara, isso que chamo de sina, e assim ficaria um pouco melhor de ver tudo, mas foi algo bem feito pela equipe.

Enfim, é um filme que certamente poderia ter ido muito além, poderia ter brincado mais com as quebras temporais, ou então trabalhado mais o envolvimento/drama do protagonista em perder sua amada com a mudança feita, mas que tem uma simbologia interessante e é bem trabalhado, valendo a recomendação como um filme para quem gosta do estilo. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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