Netflix - O Soldado Que Não Existiu (Operation Mincemeat)

5/14/2022 06:52:00 PM |

Quando surge algum longa de guerra o que acabamos esperando ver é tiros e explosões para todos os lados, porém temos de ver também o lado mais denso das operações, aquele onde a mente fala mais alto que as armas, e claro também que muitas mentiras acabam rolando, e com o filme "O Soldado Que Não Existiu", que entrou em cartaz na Netflix, vemos a operação incrível que a Inglaterra fez para enganar Hitler com um defunto, criando toda a história amorosa de um soldado sem nunca sequer terem o conhecido. Ou seja, uma destreza impressionante, muito bem elaborada, que realmente aconteceu, e que teve um soldado acompanhando tudo e escrevendo toda a dramatização da espionagem, que depois virou um ícone nas tramas do estilo, apenas chamado de Ian Fleming, que aqui não teve tanta participação, mas que aprendeu bem como enganar o público. Ou seja, é daqueles filmes que ficamos pensando como alguém pôde acreditar no que aconteceu, ainda mais sendo uma guerra, mas a forma criativa foi tão imponente que nem a literatura mais impressionante conseguiria pensar em tudo o que os militares ali presentes fizeram.

O longa nos mostra que em meio a Segunda Guerra Mundial, Ewen Montagu é um juiz, espião e oficial da inteligência naval da Inglaterra que planejou a operação Mincemeat, além de ser um dos dois agentes que a executou. Os dois oficiais de inteligência planejaram quebrar o controle mortal de Hitler sobre a Europa com um plano criativo e ousado. Na esperança de mudar o curso da Segunda Guerra Mundial e salvar dezenas de milhares de vidas, eles utilizaram um cadáver e documentos falsos para enganar as tropas alemãs.

Diria que o diretor John Madden foi tão preciso na formatação da ideia do livro que usaram de inspiração, que acabou indo até além numa trama de intrigas e desenvoltura, aonde qualquer um podia estar espionando o outro, de agentes duplos e triplos, e que desenvolvendo ainda algo completamente imaginário, mas que dependia ainda de muitos para funcionar até que tudo que desejavam de informações falsas e verdadeiras chegassem até o alto comando nazista, ou seja, ele precisou encontrar um meio termo bem forte, que fosse realista o suficiente, e que chamasse atenção. E felizmente ele conseguiu até algo a mais, pois acabamos arrepiados com os aparelhos trazendo os resultados, com as dinâmicas bem expressivas por parte do elenco, e até mesmo com o estilo de filme, pois aparentava ser algo mais lento, mas acabamos tão envolvidos com a forma escolhida para apresentar tudo que nem piscamos na montagem bem trabalhada. Ou seja, é daqueles que funcionam dentro do contexto inteiro, e vai com precisão aonde desejavam.

Sobre as atuações, Colin Firth sempre se dedica demais nos papéis que pega para fazer, e aqui seu Ewen Montagu é daqueles que passam emoção mesmo com olhares frios, que desenvolvem muito mais do que a trama pede, e que conseguem emocionar apenas nas mais simples atitudes, ou seja, o ator da um show de emoções sendo duro e bem direto em tudo, o que acaba agradando demais. Já Matthew Macfadyen trabalhou seu Charles diretamente na duplicidade de querer tanto algo a mais que se joga no papel e vai criando vínculos, vai sendo forte em não conseguir a paixão da jovem ouvindo e vendo tudo ser montado, e acaba indo para rumos mais amplos na dinâmica de tentar conseguir trazer seu irmão morto, e com isso atua em tantos vértices que o papel lhe pesa, mas se sai bem, e isso é o que importa. Ainda tivemos Kelly Macdonald muito bem encaixada com sua Jean real, mas passando muita personalidade para a Pam fictícia das cartas, demonstrando afeto num meio duro e machista, mas sabendo aonde encaixar seus elos e passando muita sinceridade no olhar. Na equipe ainda tivemos uma excelente Penelope Wilton como a durona secretária do Almirantado, Hester, conseguindo conectar todos os personagens, e passando sinceridade no olhar, além de uma confidencia com a esposa do protagonista para manter ele na linha, ou seja, a atriz apareceu bem em todos os atos, e chamou a responsabilidade quando precisou. Dentre os demais tivemos muitas aparições bem conectadas, como a de Jason Isaacs como Godfrey (ou M para aqueles que conseguirem conectar algo a mais dos longas de espionagem famosos), tivemos Simon Russel Beale bem imponente como Churchill, também entrou muito bem em cena Lorne Macfadyen atuando tanto como o soldado Roger, quanto como o defunto Martin, e assim dando boas nuances para o papel que falou quase nada, e para finalizar não poderia deixar de lado Johnny Flynn representando Ian Fleming, ele mesmo o criador de James Bond, que aqui apenas acompanha a operação, mas que escreve muito depois, e sabemos aonde foi rolar.

Visualmente o longa tem muita classe ao mostrar o gabinete aonde se passa a operação, num porão meio que abandonado por não ser a primeira linha das missões inglesas, mas que acabaram deixando bem arrumado para tudo, vemos os bares e boates da Soho com as tradicionais danças e boêmios, em meio a generais, soldados e espiões em suas reuniões, vemos todo o aparato militar dentro de submarinos e ainda tivemos toda a ocupação da praia na Itália e a chegada do corpo que fez toda uma Espanha se movimentar, ou seja, a equipe de arte trabalhou bastante tanto com figurinos de época como em locações marcantes para que os objetos mais simples e funcionais se encaixassem e agradassem.

Enfim, é daqueles filmes que nos envolvemos demais, que soam simples por um lado, porém precisos por outro, e que no final já nos pegamos completamente prontos para tudo, torcendo para todos conseguirem o objetivo e muito mais, e felizmente na história real também funcionou, então vale a conferida dupla tanto pela História, quanto pelo bom filme que é, e assim acabo recomendando ele, mesmo sendo um pouco longo para um drama, o que deve cansar alguns, então fica a dica. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos.


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