Netflix - O Recepcionista (The Night Clerk)

3/12/2021 12:45:00 AM |

Diria que tem filmes que procuram ir por vértices tão diferentes que acabam abrindo rumos maiores do que certamente o diretor pensou, e com o lançamento da Netflix, "O Recepcionista", vemos um crime fluindo através de câmeras escondidas que um jovem com Síndrome de Asperger põe nos quartos do hotel que trabalha para estudar as pessoas e aprender como se comportar como alguém "normal", porém surta ao ver a cena do crime e oculta de todos, porém além desse simples mistério para o investigador, o que vemos é algo a mais na vida do jovem, vemos suas desenvolturas, suas necessidades, e principalmente seu olhar para tudo, que acaba sendo facilmente enganado (ou não!) numa tentativa de fuga. Ou seja, é um filme amplo de ideias, que é muito bem trabalhado pelo protagonista, porém o diretor ficou tanto tempo longe das câmeras que acabou perdendo a mão na forma de finalizar, pois a trama pedia algo mais contundente para todos os personagens, ao ponto que o que vemos não é ruim, mas faltou um pouco de tudo.

Durante o turno da noite, Bart Bromley um jovem recepcionista, testemunha o assassinato de uma mulher num dos quartos do hotel, mas os seus comportamentos suspeitos acabam por o colocar como principal suspeito. No decorrer da investigação, Bart cria uma relação próxima com uma das hóspedes, Andrea (Ana de Armas), e rapidamente percebe que tem de parar o verdadeiro assassino antes que ela seja a próxima vítima. As imagens das câmaras de vigilância, que Bart mantém em segredo para observar os hóspedes, são a única forma de conseguir provar a sua inocência e salvar Andrea.

O diretor e roteirista Michael Cristofer teve grandes filmes imponentes no começo dos anos 2000, mas depois praticamente sumiu do mercado, e agora em sua volta trouxe um estilo que necessita de muita segurança para convencer o público, e fazer com que tudo vire um mistério intrigante, e embora nos seja dito logo na cena do crime um detalhe, só vamos nos ligar nele nos últimos momentos, ou seja, souberam amarrar bem tudo no roteiro. Porém faltou um algo a mais tanto para o protagonista causar mais, quanto para os crimes serem mais misteriosos, afinal vamos entrando no clima mais do possível romance do jovem com a garota, com os problemas do garoto com sua síndrome, que quase esquecemos do crime e da investigação, então diria que a dinâmica ficou um pouco perdida, e o resultado embora não seja ruim acaba falhando como um mistério criminal, ou seja, recai quase para um drama, e dessa forma não empolga.

Sobre as atuações, novamente Tye Sheridan se mostra como um ator extremamente promissor com o que anda fazendo, ao ponto que seu Bart tem trejeitos perfeitos, tem uma desenvoltura incrível, e principalmente como falei acima acaba nos tirando praticamente do eixo de mistério que o filme deveria ter para pensarmos nas suas atitudes e na sua síndrome, mostrando algo que vai muito além do que o pensado pelo diretor, e isso mostra o quanto o ator é bom e deve ainda chamar cada vez mais atenção em outros filmes. Ana de Armas também sempre faz bons papeis, e aqui sua Andrea tem um ar interessante, consegue cativar o público com o tratamento que dá para o garoto, e nos envolve junto do que faz, chamando bastante atenção. John Leguizamo faltou ter mais atitude com seu detetive Espada, ao ponto que até parece não estar disposto para o papel, mas em alguns atos teve um bom papo com o protagonista. E para finalizar, Helen Hunt faz o papel de uma mãe extremamente protetora que até chama a atenção em suas cenas, mas exagera um pouco, e poderia ser menos gritante, mas a cena da mesa é bem emocionante.

Visualmente o longa foi simples, porém bem trabalhado, com dois hotéis praticamente iguais, com uma recepção sem muito detalhes, dois quartos bem semelhantes de estruturas e disposições, o quarto do protagonista cheio de monitores numa casa de dois andares com vidas praticamente separadas de filho e mãe, mas com uma conexão bem bonita, e uma sala de delegacia que nem parece delegacia, ou seja, o filme foi bem barato na montagem visual praticamente todo feito em estúdio (se quisessem!), e o principal, sem falhar nesse quesito, tendo bem os objetos simbólicos bem colocados e cada cena feita para ser representativa no que precisava.

Enfim, é um filme bacana com uma boa ideia, mas que talvez precisasse de algo a mais para ficar mais misterioso, porém não tem grandes falhas, e as interpretações acabam valendo para superar o resultado valendo a indicação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.



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