Sete Psicopatas e Um Shih Tzu

1/05/2013 12:15:00 AM |

Já falei muitas vezes aqui e repetirei que assistir um filme sem expectativas é a melhor coisa que pode existir, pois a chance de sair muito feliz é alta. E não foi diferente com a comédia "Sete Psicopatas e um Shih Tzu", pois diferentemente de qualquer comédia ridícula que vem sendo lançada ultimamente que te força a rir, esta não faz isso em momento algum. Tem ótimas sacadas, algumas que nem poderei falar senão estragarei o melhor do filme, que fazem a história seguir de uma forma inteiramente solta sem sabermos exatamente o que pode ocorrer, visto que tudo é possível quando temos malucos tanto escrevendo a história quanto interpretando os personagens.

O filme nos mostra que Marty, um escritor pouco experiente, não encontra a inspiração para seu novo texto, chamado Sete Psicopatas. Seu amigo Billy é um ator desempregado e ladrão de cachorros, disposto a tudo para ajudar seu amigo. As ideias inusitadas de Billy colocam Marty na mira do gângster temperamental Charlie, que não pensaria duas vezes antes de matar qualquer pessoa que pusesse as mãos em seu cão.

O que é mais interessante no roteiro do longa é a forma que é conduzido, pois como os personagens principais, tirando o escritor, todos são psicopatas ou loucos no modo que a maioria enxergará, é que tudo pode acontecer, então a todo momento somos surpreendidos com algo que ou assustamos ou soltamos o bom conhecido PUTZ, que em alguns momentos até são um pouco forçados, mas diferentemente da maioria das comédias que colocam esses esforços para te fazer rir, aqui eles soam mais naturais que tudo e acabam fazendo rir ou não, vai depender do seu estado de espírito. Outro ponto bacana de se analisar é que o diretor mesmo colocando vários personagens clichés, em momento algum temos eles fazendo o básico do cliché e sim atuando livremente para dar criação à cada ponto do longa.

No quesito atuação é notório o elenco completo que colocaram no longa e como disse acima, pelos atores estarem bem soltos e ser um filme lotado de diálogos, temos cenas brilhantes de textos que acabam virando diálogos e diálogos que acabam virando parte do filme. Ok, muitos não entenderão nada do que acabei de escrever, então assistam que com certeza entenderão. Colin Farrell já fez muitos personagens bacanas no cinema, mas aqui seu lado interpretativo é mais demonstrado, pois ele passa por diversos momentos que fazem variar todos os gêneros possíveis da atuação desde o momento hilário até o mais dramático ao ser surpreendido com alguém sendo executado à sua frente, e o ator soube dosar todas as expressões de acordo com cada momento. Sam Rockwell faz um personagem como nunca fez em suas demais atuações, é alguém que beira a loucura a tal ponto que ficamos esperando ele fazer uma coisa cética até o fim do longa e não conseguimos ver, é perfeito nesse quesito tanto que ao final torcemos para que aconteça o que acontece, somente por nos conectarmos ao seu personagem. Christopher Walken faz um personagem tão enigmático que quando descobrimos seu algo a mais ficamos perplexos e suas ações são muito bem interessantes de uma forma ao mesmo tempo intrigantes e divertidas. Woody Harrelson faz um personagem que embora apareça muito no longa achei que poderia ter sido mais explorado e principalmente explicado à que tipo de máfia está ligado, mas tirando isso faz bons trejeitos nas cenas cômicas e convence nas cenas de execução, e por estar bem livre como quis o diretor, todo o movimento que faz na cena do hospital é perfeitamente lindo de ser visto. Poderia falar mais de cada personagem, mas o texto ficaria imenso, então para resumir os demais personagens se encaixam muito bem na história e todos tem seus momentos bem contados, claro tirando as mulheres que são meros aparecimentos sem falas, mas isso é explicado em um determinado momento do filme, e dentre todos os demais personagens vale a pena destacar como coadjuvante o personagem de Tom Waits que usando o péssimo trocadilho com seu nome "wait"(espere) um pouquinho após o filme acabar.

A direção de arte não diria que foi perfeita, mas soube criar clima e localização na maioria das cenas apenas com os objetos de cena. Poderia ser mais enfática principalmente na questão dos personagens da máfia que ficaram abertos demais e alguns cenários que foram exagerados demais no conteúdo, por exemplo na festa que não serviu para nada, poderia ter sido economizado. Mas tirando isso, o longa soube trabalhar bem com muitas cores, principalmente o sangue claro, já que estamos falando de um filme teoricamente bem violento. E a direção de fotografia soube trabalhar muito bem com os cenários e movimentos de câmera para esmiuçar cada ato do filme como se fosse único de cada parte, dando a ação e cor necessária para sentir a psicopatia de cada integrante.

O ritmo ditado pela trilha sonora só decaiu um pouco ficando alguns momentos que parecem estar acelerados pela música que está tocando porém todos estão agindo lentamente e assim acabaram estranhos. Mas isso não atrapalhou o andar frenético que as cenas pediam na maior parte do longa, fazendo com que ele passasse bem rapidamente sem cansar o espectador.

Enfim, o ano começa com uma comédia muito bem planejada e engajada, do melhor estilo, pelo menos na minha opinião que já disse milhares de vezes que não gosto de comédias forçadas, então o modo inteligente de fazer rir desse agradou em cheio no meu gosto. Porém se você precisa de todo apelo que um "De Pernas Pro Ar" ou "Até Que A Sorte Nos Separe" faz para que você ria, fuja desse longa, pois a chance de sair da sala do cinema sem entender nada nem rir em uma só sequência é altíssimo. Mas como sei que meus leitores curtem boas comédias inteligentes, recomendo com certeza para todos e depois contem o que acharam aqui embaixo. Fico por aqui nessa semana praticamente só com esse filme, ainda tenho um cinecult para ver na terça, então abraços e até lá.


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