Ouvidores de Vozes


A sinopse do documentário nos diz, “Eu ouço vozes”: essa é uma realidade vivida por muitas pessoas que estão em tratamento psiquiátrico na rede pública de saúde. O documentário Ouvidores de Vozes acompanha o cotidiano de algumas dessas pessoas, mostrando como lidam com essas vozes em suas vidas. A partir da inserção da equipe de filmagem no dia a dia dessas personagens, suas histórias e as opiniões de seus familiares e próximos acerca de sua condição serão conhecidas. O documentário dialoga diretamente com os valores e missão do Canal Futura, na medida em que sua realização e exibição têm como objetivo a fomentação da cidadania, dando visibilidade a questões tratadas com preconceito pela sociedade.

Não sou a pessoa que mais comenta sobre documentários, pois sempre optei mais pelo lado fictício das coisas, de uma realidade paralela, ou até mesmo embarcar em um mundo diferente do que vivemos, afinal é o normal às vezes não é legal. Mas cá que não fui à pré-estreia do documentário "Ouvidores de Vozes" por como sempre acontece com todos, tem dias que não temos nada para fazer e tem outros que temos 20 eventos no mesmo dia, e tudo acaba trombando tendo de optar.

Pois bem, como é uma coprodução da L4 Filmes juntamente com o Canal Futura, eis que todos podem assistir ao filme pelo Futura Play, por esse link e mais do que recomendar, peço que todos vejam, pois assim como falei no início, tenho preferência pelo lado não normal das coisas, aquele que vamos além do nosso conhecimento, e o documentário entra belamente nesse cerne de trabalhar algo que já ouvimos, de pessoas que ouvem vozes (seja por loucura, doença, espiritualismo, ou sabe-se lá por quais razões, afinal esse campo da Psiquiatria/Psicologia/Neurologia é algo que ainda se necessita estudar muito para entender), e nem temos tanto que parar para entender, mas sim compreender a necessidade das pessoas, de passar sua história, de assim como eles ouvem as diversas vozes, também temos que ouvir as vozes deles, no caso aqui dos três "protagonistas" Isabel, Reginaldo e Marlene, dos seus familiares, dos seus médicos e parceiros nessa luta para tentar discernir melhor sua história.

Ou seja, o trabalho realizado por toda a equipe tem de ser parabenizado e não apenas visto, mas trabalhado dentro de nossas cabeças como foi feito até chegar no ponto perfeito da história completa. A começar pelo roteiro e direção de Bruno Tarpani que certamente ouviu muitos casos para chegar ao final de como desejava trabalhar seu documentário, e que perguntas faria para que tudo fluísse, não cansasse, e principalmente, não virasse um programa jornalístico (isso é algo que friso demais em documentários, pois alguns casos viram quase uma reportagem alongada que conseguimos até ouvir e distinguir as perguntas que foram feitas para cada entrevistado, o que maravilhosamente não acontece aqui), de modo que tudo acaba soando agradável, e funcionando como realmente um filme sobre a vida dos personagens. Na sequência temos de ver todo o trabalho de produção de Milena Maganin e Giovana Arduíno nas escolhas dos melhores lugares de filmagem que junto da ideia do diretor melhor retratassem o cotidiano dos personagens, e linkassem com tudo o que diziam da maneira mais incrível. Chegando até a fotografia de Tato Siansi, que captou a essência dos personagens/entrevistados, juntando iluminação com bons ângulos de modo que quase tentou captar as vozes dizendo algo para eles, algo bem sensorial e interessante. Fechando com a montagem precisa de Victor Molin para que tudo tivesse ritmo e agradasse sem pensar. Ou seja, posso até ter falado demais dos envolvidos, afinal também conheço quase todos bem de outros trabalhos para saber o que realmente trabalharam em cada momento, mas aqui posso dizer que foi o melhor de todos até hoje, e merecem muitos parabéns mesmo sem demagogia.

Só não irei dar meu 10 por dois motivos, afinal preciso pontuar críticas também e não apenas fazer elogios, e logo digo, embora seja algo feito para emocionar, ao menos na minha opinião não consigo gostar de músicas melosas de pianinhos e afins para tentar chegar a algum ponto, claro que no filme isso foi bem usado para essa proposta, mas talvez o excesso tenha sido pontual demais. E em segundo ponto, embora isso não atrapalhe, e talvez até tenha sido um requisito do Futura, achei curto demais o trabalho completo, pois poderiam ter aprofundado um pouco mais nos conceitos psicológicos e psiquiátricos para tentarmos entender um pouco mais de tudo, pois no momento de entrevista do Dr. Marcus, assim como a protagonista fica confusa com tudo o que ele fala, também ficamos mais confusos do que passamos a entender.

Enfim, são dois meros detalhes que não vão atrapalhar a experiência sensorial maravilhosa que a trama nos traz, mas que precisei expor para não dar a nota máxima para o filme, portanto confira no link que deixei e tire também suas conclusões, reflita sobre os personagens, sobre a trama toda, e mais uma vez, parabenize a equipe de Ribeirão Preto para o mundo com esse ótimo trabalho. Fico por aqui, mas volto em breve com mais textos.

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