A Lenda de Candyman (Candyman)

8/27/2021 01:44:00 AM |

Sempre é bem interessante vermos filmes de lendas, pois ao incorporar as devidas mitologias os roteiristas acabam sempre fluindo nas ideias, colocando preparações e intensidades, e trabalhando claro motes que considerem chamativos para integrar tudo, e com o lançamento da semana "A Lenda de Candyman" entramos no clima de algo bem intenso envolvendo preconceito racial, gentrificação, acusações fortes sem embasamentos e tudo mais que claro o roteirista Jordan Peele sempre gosta de incorporar em seus textos, e mais do que isso o filme acaba tendo grandes momentos bem tensos, com violências bem marcantes, e principalmente encaixando algumas situações de reflexão, o que faz a trama ser ainda mais envolvente com tudo. Ou seja, é um filme que causa diversas sensações, que dá alguns sustos durante toda a exibição, e que funciona muito bem dentro do que foi proposto, algo que raramente acontece em longas de terror, sendo uma trama que vai até além, e que os amantes de um bom terror certamente irão ficar tensos com tudo.

A sinopse nos conta que desde que os moradores se lembram, os projetos habitacionais do bairro Cabrini Green, em Chicago, eram aterrorizados por uma história de fantasma famosa sobre um assassino sobrenatural com um gancho na mão, facilmente invocado por aqueles que ousam repetir seu nome cinco vezes no espelho. Nos dias atuais, uma década depois que as últimas torres de Cabrini foram derrubadas, o artista visual Anthony McCoy e sua namorada, diretora da galeria, Brianna Cartwright, se mudam para um condomínio de luxo em Cabrini, agora gentrificado e habitado por millennials. Com a carreira de pintor de Anthony à beira da estagnação, um encontro casual com um residente de Cabrini das antigas expõe Anthony à trágica natureza horrível da verdadeira história por trás de Candyman. Ansioso por manter seu status na cena artística de Chicago, Anthony começa a explorar esses detalhes macabros em seu estúdio como uma nova fonte de inspiração para suas pinturas, abrindo sem saber uma porta para um passado complexo que desafia sua própria sanidade e desencadeia uma onda de violência terrível que o coloca em rota de colisão com o destino.

Diria que a diretora Nia DaCosta, que fez inicialmente um curta do tema encantando diversos diretores e roteiristas de terror, mas principalmente Jordan Peele que acabou transformando o curta em longa, conseguiu trabalhar todas as dinâmicas da trama, entregou um personagem bem intenso de estilo, e ainda pode envolver bem com toda a síntese de injúria racial, de acusações e tudo mais que o tema podia abrir, incluindo claro o deslocamento de grupos para lugares periféricos, mudando toda a intensidade dramática não apenas nas situações, mas sim nas reflexões que o longa podia encontrar. Ou seja, foi um trabalho em dupla muito bem feito, pois Peele que já está com o nome bem ganho no meio do terror não deixaria se queimar, e encontraram possibilidades bem bacanas de ver, momentos tensos, várias mistificações, de forma a funcionar como um algo a mais dentro de apenas um terror, e assim o filme acaba além de assustar e causar tensão ter aquele elo a mais para envolver a todos com uma história perfeita.

Sobre as atuações, posso dizer facilmente que Yahya Abdul-Mateen II soube controlar demais seu personagem Anthony, ao ponto que acabamos muito conectados a tudo o que vai entregando, passando sua tensão e personalidade de maneira forte e direta, e principalmente com o trabalho que a equipe de maquiagem fez com sua mão e depois com seu corpo todo sendo algo impressionante e chocante demais de ser visto, fazendo com que além de uma ótima atuação, ele incorporasse um ar macabro incrível que funciona muito, ou seja, foi perfeito nos trejeitos e mandou bem demais. Ainda tivemos sua namorada Brianna, aonde a jovem Teyonah Paris conseguiu criar olhares, se mostrar intrigada, mas não acreditando muito num primeiro momento, porém suas cenas finais foram bem expressivas fazendo com que o resultado agradasse bastante. Também foi bem moldado o que Colman Domingo acabou fazendo com seu Burke, ao ponto que inicialmente o jovem não parecia nada importante, mas nos atos finais acabou explodindo muito bem em tudo. Quanto os demais, diria que valeu ver todos sendo bem degolados, estripados, enganchados, pois seus atos nem tanto marcaram pelas expressões em si, mas funcionaram bem pelo visual imposto.

E já que falei do visual, a equipe de arte mandou muito bem do começo ao fim, mostrando inicialmente um bairro bem pobre, depois vemos ele apenas como algo isolado, com todo o luxo novo ao redor, e trabalhando bem a essência dos artistas que acabam caindo nesses bairros populares, todo o contexto cênico passa a fazer parte. Além disso tivemos boas pinturas do protagonista, e principalmente uma ótima caracterização por parte da maquiagem, desde a mão do personagem principal, passando por toda as cenas das abelhas, até chegarmos no miolo com a cena das garotas na escola, do casal dentro da galeria, e até mesmo da crítica de arte em seu apartamento, brincando bem com a ideia do reflexo do espelho, mas principalmente encaixando bem cada detalhe sangrento da trama.

Enfim, é um filme que merece um bom lugar na estante dos terrores/suspenses, e que certamente vai empolgar bastante quem gostar do estilo, pois tem classe, tem violência, tem sustos e principalmente tem história, agradando a tudo que todos sempre pedem em um filme do gênero, e sendo assim vale muito a recomendação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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