Netflix - Beckett

8/15/2021 06:34:00 PM |

Filmes que envolvam conspirações de qualquer forma, sejam elas políticas, ideológicas, tecnológicas ou religiosas, sempre puxam para algo dramático que dificilmente entramos no clima de tudo se não formos também ligados pró ou contra essas ideias, pois tudo só faz sentido se o clima funcionar, o que geralmente é bem difícil, e com o lançamento da semana na Netflix, "Beckett", vemos a famosa sina das pessoas azaradas que acabam caindo (aqui no caso literalmente) no meio de algo que não deveria nem passar perto e passa a ser caçado pelos idealistas ou no caso aqui sequestradores/agitadores. Ou seja, já dizia um amigo meu que viajava muito em época de conflitos e não estava nem aí com nada, se for sair do hotel, olhe para paisagens apenas, pois se você vir qualquer coisa fora do eixo está encrencado, e o que é mostrado aqui é bem essa sina, pois os protagonistas poderiam estar bem, ficando quietinhos no hotel que estavam, mas resolveram mudar de lugar já que haveria um protesto lá perto, e pronto, caíram no sono e sofreram um acidente bem aonde estava o problema todo, ou seja, vai ser azarado lá na Grécia, que passou a ser caçado igual um animal e fazendo as maiores loucuras possíveis vai nessa toada até o final. Ou seja, é um bom filme, com uma proposta meio maluca, mas que quem embarcar nela vai acabar gostando de tudo.

O longa nos conta que enquanto estava de férias na Grécia, o turista americano Beckett se torna o alvo de uma caçada após um acidente devastador. Forçado a correr para salvar sua vida e desesperado para atravessar o país até a embaixada americana, as tensões aumentam conforme as autoridades se aproximam.

Diria que o diretor e roteirista Ferdinando Cito Filomarino até tem um bom potencial de amarras, pois seu longa segura bem as dinâmicas, e entrega bem pouco durante toda a exibição, fazendo com que o público vá seguindo da mesma forma que o protagonista, sem saber o motivo de estar no meio de toda a confusão, e o pior sofrendo de tudo um pouco. Porém ele não foi muito criativo na intensidade do seu texto, ao ponto que o filme fica rodando demais e não encontrando uma atitude mais coesa ele acabou transformando um simples analista de informática em um quase super-herói, pulando de alturas sem quebrar uma perna ou um dente que seja, levando facadas em tudo que é lugar e não se lavando de sangue, além de muita coisa sem base rolando com o protagonista, o que acaba não encaixando direito, e assim sendo o filme acaba sendo forçado demais para acreditarmos na conspiração funcional completa como seria algo do tipo. Ou seja, o diretor até tem potencial, mas acabou trabalhando de forma muito exagerada em tudo na sua trama, o que abriu margens para os diversos erros.

Sobre as atuações, John David Washington tem muito estilo, isso já mostrou em diversos longas, porém seu Beckett como já disse acima acabou ficando exagerado demais, e nem que fosse um atleta ou algum tipo de militar bem preparado conseguiria fazer tudo sem estar inteiro quebrado na metade do filme, quanto mais apenas exausto como o protagonista chega no final, e olha que tomou pelo menos uns 3 tiros que contei, ou seja, poderia ter chegado a falar para o diretor que estava indo muito além no roteiro e amenizado as ideias para convencer mais, mas não foi o que rolou, e assim sendo ele como ator fluiu ao menos. Alicia Vikander só participou realmente das primeiras cenas com sua April, mas trabalhou bem os olhares românticos com seu parceiro, foi envolvente dentro do que podia fazer, e agradou ao menos, e não precisou sair saltando sem parar o que ela sabe fazer bem também, mas parou no começo. Panos Koronis foi daqueles policiais que ficamos com raiva já na segunda cena com seu Xenakis, mas vai só piorando nas situações, e o ódio nele também junto de sua parceira Lena Kitsopoulou que nem fala teve, apenas sai atirando sempre. Já Vicky Krieps fez algumas caras e bocas para sua Lena, e como uma ativista poderia ser mais explosiva, mas apenas seguiu e foi calma demais nas cenas. E para finalizar tivemos Boyd Holbrook com seu Tynan, um oficial da embaixada que parecia ser gente boa, mas mereceu cada canada que tomou na testa, pois o ator foi muito bem expressivo e enganou demais em cena.

Diria que a equipe de arte trabalhou bem, porém o diretor não quis usar tanto o ambiente como parte da história, pois até vemos o lado mais rústico cheio de montanhas e terrenos recortados no primeiro ato, com todo o ar turístico e tudo mais, mas ao chegarmos na capital, o filme foi muito para estacionamentos, subsolos de lojas, estações de trem e tudo muito mais fechado que acaba não valorizando tanto, e mesmo na passeata apenas vemos muitos figurantes com camisas e bandeiras, fumaças, policiais com escudos, representando as tradicionais brigas de comícios. Ou seja, tudo foi bem representativo, mas sem grandes surpresas, e assim o resultado não foi muito além.

Enfim, é um bom filme, mas que passa longe de ser algo memorável, que talvez numa mão mais conflitiva, com um diretor mais ousado e mais centrado também para não exagerar nos saltos, tiros e tudo mais, resultaria em algo melhor, mas serve como um bom passatempo de domingo, e assim fica a dica de recomendação com algumas ressalvas. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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