O longa nos mostra que Eva é uma agente penitenciária idealista que enfrenta um dilema quando um jovem que faz parte de seu passado é transferido para a prisão onde ela trabalha. Sem revelar esse segredo, ela pede para ser alocada no bloco do rapaz, o mais violento da instituição. E assim começa um perturbador thriller psicológico, em que o sentido de justiça de Eva coloca a sua moralidade e o seu futuro em jogo.
A maioria que me segue sabe o quanto dou porrada em diretores estreantes, porém dei uma nota 10 para a estreia do diretor Gustav Möller no longa "Culpa", e aqui em seu segundo longa ele volta com algo para nos deixar aflitos com a protagonista, e claro colocando em cheque todas as noções do que é certo ou errado numa situação complexa como a que tem de uma policial ter nas suas mãos alguém que lhe causou algo no passado, pois facilmente muitos perderiam a linha. E nessa intensidade o diretor volta com um texto fácil de pegadas, porém denso de estilo, aonde vemos trejeitos e situações bem fortes por conta de todos os atos colocados em pauta, e sabendo exatamente aonde atingir, ele brilha com as facetas escolhidas. Claro que muitos irão desejar outro final, mas só de colocar a discussão na tela, o diretor já ganhou muitos pontos, e assim sendo, dois longas e dois acertos, se vier com mais um já pode entrar para o seleto grupo de diretores com triplo acerto.
Quanto das atuações, tivemos atos com muitos personagens secundários, o que por vezes dá uma certa quebra na dinâmica de tela, mas a base quase que total é na interação dos dois protagonistas, e Sidse Babett Knudsen conseguiu trabalhar os olhares de sua Eva com um traquejo tão sereno, que nem parece estar com tanto ódio interno pelo seu oponente de tela, ao ponto que friamente consegue ir fazendo as dinâmicas acontecerem, e sabiamente tenta não ficar explosiva, ao ponto que o acerto acontece, mas também se amarra para não chocar. Do outro lado vemos Sebastian Bull com seu Mikkel inicialmente sem saber o que está acontecendo, mas apanhando tendo claro culpa, de modo que sua invertida acaba sendo chamativa e até uma estratégia do diretor causar revolta no público, e assim sendo o ator conseguiu trabalhar olhares de espanto em algumas dinâmicas, e até um certo ar sacana em outros, mas fluindo bem para que o resultado não ficasse jogado.
Visualmente, a trama fica praticamente toda dentro do presídio, mostrando desde o lado dos presos mais calmos, que fazem aulas escolares e também yoga, que são tratados pelos nomes, quanto o lado aonde estão os mais violentos, aonde tudo é feito apenas com números, com sujeira, muitos momentos levando para as solitárias, e o bacana é ver no presídio dinamarquês não ter banheiro nas celas, mas sim fora, com pedidos para ida lá, muitas verificações de drogas, e claro a academia para os policiais, e não para os presidiários. Vemos também todo o conceito do figurino, estilo de reuniões, e claro a cena tensa do lado de fora na visita da mãe, aonde a explosão toma conta.
Enfim, é mais um filme que fui conferir sem saber absolutamente nada, e acabei gostando demais de tudo o que vi, e o melhor foi descobrir depois que era de um diretor que já tinha gostado de outro trabalho, então posso dizer que o cinema dinamarquês tem muito futuro para brilhar se seguir nessa toada. É claro que indico demais ele, e vou torcer para que entre em cartaz em todas as cidades para que muitos o vejam, e fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Mares Filmes e meu amigo Léo pela excelente cabine de imprensa, e amanhã volto com mais uma cabine nessa semana recheada, então abraços e até logo mais.
PS: Se no primeiro filme do diretor eu quis tirar meio ponto, mas não retirei, aqui até daria mais meio ponto para cima, mas não ao ponto de ser perfeito, então seguimos com um nove.
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