Inspirado em eventos reais ocorridos em Barcelona, o filme conta a história de Manuel, um jovem contador condenado a prisão por desvio de dinheiro. Inconformado com sua sentença, ele se junta ao seu colega de cela e se torna o líder de um movimento que unirá todas as prisões do país na luta por liberdade e mudará o sistema carcerário e a sociedade para sempre.
É interessante observar que o diretor e roteirista Alberto Rodríguez soube utilizar a história real da base e trabalhar a essência sem que o filme ficasse exageradamente dramático, puxando um pouco para o lado mais misterioso e com nuances mais densas ao invés de forçar ao público um longa cansativo e arrastado, de modo que vemos na tela tudo fluir bem nas formações de alianças e na desenvoltura de conhecermos e nos conectarmos aos personagens. Ou seja, é daqueles filmes que não cansam em momento algum, que você consegue enxergar o modelo prisional da época, atinge a temática dura e crítica sobre tudo o que ocorria no momento, e ao cativar o público com poucos personagens, o resultado final passa a fluir fácil, mostrar técnica e envolver, o que é raro em filmes desse estilo, o que mostra um profundo conhecimento do que realmente desejava mostrar, pois poderia facilmente virar uma série aonde todos teriam voz, e não agradaria como foi feito.
Quanto das atuações, o que me fez relembrar que esse filme estava na minha lista foi ver o lançamento da semana do ator Miguel Herrán, que aqui se mostrou muito mais seguro com seu Manuel do que no longa que conferi ontem aonde é o protagonista máximo, pois aqui vemos ele tendo um apoio de um ator muito mais experiente, e as dinâmicas que entrega na tela são muito mais verossímeis de assimilar, ainda que ele apanhe aos montes nos dois filmes, ou seja, é um ator bem versátil que ainda é jovem e já mostra técnica e estilo, então veremos seu futuro no mundo do cinema. O ator Javier Guitérrez soube brincar tão bem com o estilão fechado e direto de seu Pino, que acabou encontrando em suas dinâmicas mais personalidade do que até certamente o papel tinha no roteiro, e o melhor, não sobrepondo o protagonista, criando momentos que praticamente se complementam, e isso é ser um coadjuvante presente. Ainda vale destacar Xavi Sáez com seu Boni cheio de intensidade, mostrando-se um médico marcante e cheio de nuances, mas também um bom político, e mesmo estando do lado de fora, os atos emocionais de Catalina Sopelana com sua Lucia ficaram bem interessantes dentro da proposta, entre muitos outros bons personagens que chamaram a atenção sem quebrar o elo dos protagonistas ou querer aparecer demais na tela.
Visualmente a equipe de arte caprichou bastante na locação de uma cadeia, recheada de figurantes, com toda a sujeira clássica, figurinos rasgados, rebeliões, fogo, brigas e pancadarias, solitárias e tudo mais que já vimos em outros filmes, mas com uma precisão tão cirúrgica de elementos que daria para falar que o pessoal da equipe realmente esteve preso para saber como recriar com tantos detalhes as celas e tudo mais, ou seja, um trabalho impecável e bonito de se ver na tela.
Enfim, é um exemplo de bom filme espanhol, que talvez muitos já tenham até assistido, afinal é de 2022, mas que trabalha tão bem a perspectiva da época, dos maus tratos aos presos, da vida prisional como algo quase fora do mundo comum, e que tendo atuações e dinâmicas bem fortes conseguem chamar muita atenção, então quem não viu ainda, fica a dica para o play. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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