Looke - Vale das Sombras (Valle de Sombras) (Valley of Shadows)

7/06/2025 10:51:00 PM |

Acho interessante quando uma proposta funciona dentro da tela, mas muitas vezes me pergunto o motivo que os diretores e roteiristas atuais perderam o poder de concisão, criando filmes cada vez mais longos, que acabam cansando dentro da entrega completa, e digo isso logo no começo do texto de "Vale das Sombras", pois o filme tinha tudo para poder brilhar e chamar muita atenção sobre os perigos dos vilarejos do Himalaia indiano, aonde diversas pessoas acabam desaparecidas, e claro como um jovem superou a morte de sua namorada e do filho dela após sobreviver a um ataque, mas se alongou tanto, criou dinâmicas, desenvolveu uma estrutura nem tanto necessária, que facilmente se cortassem de 20 a 30 minutos ficaria direto e com a mesma intensidade, porém muito melhor de ser assistido. Ou seja, não é um filme ruim, e se olharmos a fundo comparado com muitos outros filmes nem é tão longo assim tendo 120 minutos de tela, mas acabou cansando no miolo sem necessidade, e assim poderia ser muito melhor com uns 90-100.

O longa nos situa nas Montanhas do Himalaia em 1999. Quique, Clara e o pequeno Lucas aproveitam suas primeiras férias juntos no norte da Índia. Certa noite, enquanto dormiam ao relento durante uma tempestade, são brutalmente atacados por bandidos. Horas depois, Quique é resgatado por um nativo e levado para uma aldeia remota e isolada nas montanhas. Lá, sem comunicação e sem poder retornar à civilização, ele permanece até a chegada do inverno, que permite a formação da única saída da aldeia: o rio congelado. A traiçoeira viagem de volta, acompanhado por várias crianças da aldeia, testará tudo o que Quique aprendeu durante sua estadia no coração do Himalaia.

É interessante observar que o diretor Salvador Calvo soube criar toda a dinâmica em cima do rapaz, desde o começo com os conflitos com a namorada, passando pela vivência na vila, e depois na volta mostrando seu carisma e preocupação com os jovens na trajetória complexa, de modo que toda a essência consegue ser passada na tela e envolve com as minúcias do roteiro de Alejandro Hernández de forma que o conteúdo acaba sobressaindo. Claro que volto a falar do miolo lento e cansativo demais que dava para ser cortado, mas sei bem como é a vida do diretor que grava belas cenas e depois vem o produtor falando que aquilo não tem necessidade, porém se o resultado vai acabar se mantendo, é melhor cortar mesmo.

Quanto das atuações, diria que o jovem Miguel Herrán soube trabalhar muito bem a expressividade de seu Quique, dando nuances bem emotivas nos diversos momentos de tela, criando atos sofridos e outros aonde se joga por completo, e assim agrada com a segurança cênica que consegue doar para o papel. Vale destacar ainda Alexandra Masangkay com sua Prana misteriosa, mas cheia de emoção nos atos mais expressivos da personagem, e também o jovem Stanzin Gonbo com seu Hari leve e descontraído que conseguiu passar bem a representação de heroísmo para o seu povo.

No conceito visual o longa chega realmente a passar frio no público, com um ambiente bonito, mostrando raves e locações diferenciadas na base do Himalaia indiano, com pequenas cidades e pessoas diferentes do usual, depois da cena forte de violência vemos o protagonista vivendo num lugar quase que inteiro de monastério, com uma cultura diferente e cheia de nuances, até vermos todo o processo de volta em um desafio contra a natureza do ambiente, sendo tudo frio e muito bonito de se ver na tela.

Enfim, é um filme interessante e com uma pegada bem trabalhada, que tem um miolo um pouco enrolado e cansativo, mas que dá para sobreviver a ele e curtir toda a entrega final. Então fica a dica de conferida, e eu fico por aqui hoje, voltando amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


1 comentários:

Anônimo disse...

Explica o final, ele chegando naquela casa, entendi nada

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