Atena

7/23/2025 12:41:00 AM |

Quer me deixar muito bravo com um filme? É só ter uma proposta cheia de facetas, aonde tudo poderia fluir bem para impactar o espectador com uma entrega vingativa e bem colocada, desenvolver isso durante quase toda a exibição, e no final entregar algo bonitinho com um fechamento solto! E infelizmente isso foi o que aconteceu com o longa "Atena", que estreia dia 31/07 nos cinemas de todo o país, pois a pegada clássica de uma vingadora que vai atrás de estupradores para fazer sua própria lei enquanto caça o homem que fez isso com ela quando mais nova, tem sempre boas dinâmicas, e se bem trabalhado na tela consegue amarrar tudo e causar bastante, mas a necessidade de florear o final é algo característico demais de novelas, e acabou quebrando completamente o clima criado. Claro que passa longe de ser um filme ruim, mas faltou personalidade e pulso para o diretor conseguir fechar seu longa como algo chamativo e que certamente seria lembrado mais.

O longa nos conta que Atena, uma mulher que sofreu abusos por parte de seu pai na infância, transforma sua dor em determinação para combater a violência contra mulheres. Junto com Helena, outra sobrevivente, elas formam um grupo que atrai, captura e julga agressores, atuando como um tribunal clandestino. Carlos, um repórter investigativo, descobre a existência desse grupo e passa a acompanhar suas atividades de perto. A jornada de Atena toma um rumo pessoal quando ela descobre o paradeiro de seu pai em Montevidéu. Com o apoio de Carlos, ela parte em busca de vingança, confrontando não apenas seu passado traumático, mas também as implicações morais de suas ações.

Diria que faltou pulso para que o diretor Caco Souza trabalhasse melhor sua história, pois em diversos momentos vemos situações quebradas na edição, parecendo que o filme fosse muito mais longo do que a versão finalizada, e com isso alguns atos acabam acontecendo rápido demais, enquanto outros até parecem perdidos na tela, e isso pesou um pouco na dinâmica da trama, mas é notável também que esses cortes foram "propositais" para que o longa não ficasse novelesco com personagens extras e situações cansativas para o público, então o único aquém mesmo foi o fator não desenvolver corretamente a finalização na tela, de forma que o filme parece exatamente outro que não o que vimos, ou melhor exemplificado, o final aparentou ser o resultado dos momentos cortados, enquanto o que realmente aconteceria seguindo tudo o que vimos na execução acabou sendo eliminado de forma errônea. Ou seja, faltou aquele algo a mais para que a trama impactasse com o fechamento, e aí sim acontecesse algo para tudo ficar bonitinho como quiseram colocar, mas não dá para arrumar após o lançamento, e assim veremos as demais opiniões também.

Quanto das atuações, gosto da personalidade que Mel Lisboa coloca sempre em suas personagens, e aqui sua Atena poderia ser ainda mais explosiva, pois sendo menorzinha em comparação aos homens que ela parte para a briga, deveriam ter trabalhado a personagem com uma imposição e ataque maior, mas ainda assim seus trejeitos chamaram atenção e ela consegue dominar a tela. Thiago Fragoso até passa um estilo jornalístico sensacionalista tradicional com seu Carlos, daqueles que tentam furar restrições policiais e tendo bons amigos infiltrados consegue alguns bons furos, porém o ator não se jogou por completo na tela, parecendo ser apenas aquele que aparece nos momentos-chaves e depois não vai além, aliás imaginava que ele seria o cara que estava seguindo a personagem, que acabou nem sendo explicado sua origem, e isso sim acabou sendo um grande furo na história. Ainda tivemos um Gilberto Gawronski misterioso com seu Antônio, ao ponto que até entrega algumas cenas intensas no final, mas faltou chamar um ar mais forte para si nos atos do miolo.

Visualmente a equipe de arte trabalhou tão bem os lugares mais misteriosos longe das atrações tradicionais de Gramado, que até parece outra cidade na tela, e isso foi bom, pois conseguiu dar algumas nuances mais densas para o estilo policial do filme, quanto do jornal ficou algo subjetivo demais, podendo ser até um escritório qualquer, e a casa dos personagens também foram elaboradas de forma bem simples. Acredito também que tenha faltado um pouco mais de sangue nas vinganças, e claro mostrar a "tatuagem" dos estupradores de forma mais evidente para que o clima do filme ficar mais forte, mas nada que atrapalhe o resultado final.

Enfim, é o famoso filme que tinha um potencial imenso e entrega o básico na tela, que alguns podem até gostar mais, e outros vão reclamar demais ao conferir, mas que volto a frisar que não é ruim, apenas cortaram demais e o resultado final acabou não ficando de forma tão coerente. Sendo assim fica a dica para um passatempo nas telonas a partir do dia 31/07 quando entra em cartaz nos cinemas, e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da A2 Filmes pela cabine e pela amizade de sempre mandar filmes, mesmo que alguns não me impacte como eu queria. Então abraços e até amanhã com mais dicas.


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