Netflix - RRR: Revolta, Rebelião, Revolução (RRR: Rise Roar Revolt) (Ratham Ranam Roudhiram)

1/22/2023 08:59:00 PM |

Pois bem pessoal, fugi por quase três meses de ver o épico indiano da Netflix, "RRR: Revolta, Rebelião, Revolução" pelo simples preconceito de longas novelescos indianos, mas como o longa levou o prêmio de Melhor Filme em Língua Estrangeira no Critics Choice de domingo passado, e o prêmio de Canção Original tanto no Critics quanto no Globo de Ouro, resolvi dar a chance e assistir ele, e sim ele tem esse molde novelão, contando a história de um, a história do outro, volta pro presente, vai pro passado de novo, vem de um lado, vai pro outro e tudo mais, mas ao menos o foco fica com os dois protagonistas, sem precisar inserir tantos outros personagens no miolo, como uma novela tradicional, o que acaba sendo uma grata surpresa, e com resultados bem colocados como nem imaginaria ver. Claro tem muitos excessos, os protagonistas são mais fortes e aguentam bem mais pancadas que os super-heróis dos quadrinhos, mas a entrega de um épico da era antes da independência da Índia acaba sendo moldada de uma forma interessante e que dá pra curtir, se empolgar e ficar na torcida pelos protagonistas, isso claro até antes de começarem a dançar no final, mas esse é o estilo deles, então não vamos julgar. Ou seja, é um filme que realmente chama muita atenção, é muito bom dentro do que se propõe a fazer, e acaba valendo o play de mais de 3 horas, que daria para ser encurtado, mas que no estilo deles não caberia algo menor, e assim sendo haja orçamento gasto e já anunciaram uma continuação sendo desenvolvida, então veremos no que vai dar nas demais premiações.

A sinopse nos situa na Índia em 1920. Determinado a reunir Malli, uma garota Gond sequestrada, com sua mãe, o destemido defensor da tribo, Bheem, põe os pés na vasta Delhi usando uma nova identidade. Mas os britânicos têm a população sob seu controle. Como resultado, o implacável governador Scott Buxton confia a Rama Raju, um policial durão, uma tarefa vital: trabalhar disfarçado para descobrir um guerreiro Gond desconhecido. E em pouco tempo, Bheem e Raju têm um encontro casual no local de um acidente e eles imediatamente se unem. No entanto, quando os dois amigos íntimos embarcam em uma perigosa missão de resgate nas movimentadas ruas de Delhi, totalmente inconscientes da verdadeira identidade um do outro, questões urgentes surgem. O que acontece se um dos poderosos companheiros estragar seu disfarce? Na batalha real entre fogo e água, quem venceria?

Diria que o diretor e roteirista S.S. Rajamouli foi extremamente ousado na proposta da história feita por seu pai Vijayendra Prasad, pois facilmente o filme tem toda uma história épica de submissão dos homens do país para com os soldados do exército britânico, sofrendo com toda a colonização, acabando com vilas e colocando todos bem dependentes de tudo, e com isso vemos a insurgência de ambos os lados, primeiro com uma busca incessante pela garotinha levada da aldeia por ser exímia cantora e desenhista, que a mulher do governador se acha no direito, e do outro lado vemos o homem que entrou para o lado dos colonizadores para se vingar por algo que aconteceu no passado, mas para chegar aonde deseja precisa matar e machucar seus compatriotas, ou seja, é uma história bem marcante aonde o diretor conseguiu muita imposição, trabalhou bem ambos os lados, e diferente do que acontece no cinema americano, ele explicou tudo e mais um pouco de ambos os lados, não deixando brechas para imaginações, e isso é algo muito legal de ver que acaba rolando em séries de TV, mas não, aqui ele usou brilhantemente seus 185 minutos para mostrar começo, meio e fim de todas as possibilidades, a junção de ambos e toda a revolução bem impactante. Mas claro com isso usando um orçamento monstruoso, muita computação gráfica, muitas lutas insanas e bizarras de serem vistas, e claro também como é de praxe do cinema indiano canções e danças marcantes, que funcionaram bem tanto com a ideia original, como soltas apenas como clipes, então agora é aguardar o que virá na sequência já anunciada, pois tivemos sim um fechamento, mas podem tudo ainda antes da independência do país chegar na tela.

Sobre as atuações é fato que tenho de me concentrar nos protagonistas, senão teria mais reclamações do que elogios sobre o filme já que alguns secundários só fizeram caras e bocas, mas N.T. Rama Rao Jr. (NTR) com seu Bheem/Akhtar foi incrivelmente forte nos seus atos, mostrou brutalidade em diversas cenas e também muito envolvimento em outras, criou boas dinâmicas e demonstrou muita personalidade, inclusive parecendo ser dois personagens realmente diferentes quando vemos Bheem como o lutador brucutu sem medir forças físicas, com Akhtar mais colocado nas nuances, trabalhando um ar meio tímido na forma de lidar com tudo, mas bem disposto a ajudar, ou seja, foi muito bem e dançou muito nos atos que precisaram disso. Do outro lado tivemos Ram Charan Teja com seu Rama Raju sendo um imponente soldado, cheio de força e determinação, com olhares secos e diretos, mas também escondendo muito durante praticamente mais da metade do filme, e suas desenvolturas mudaram completamente no final com vestimentas e forma de atacar, sendo algo diferente de tudo, e entregando ares bem marcantes, além claro de dançar muito nos atos pertinentes. Ainda tivemos Ray Stevenson bem durão como o governador Scott Buxton, Alison Doody bem cruel e sanguinária como a esposa do governador, Olivia Morris com sua Jenny doce e bem colocada para ajudar o protagonista, e Edward Sonnenblick meio que jogado como um capataz do governador, valendo também dar um leve destaque para as feições da garotinha Twinkle Sharma com sua Malli.

Visualmente o longa é gigante, e aliás a equipe deveria ter indicado o longa na categoria de Design de Produção das premiações, pois daria para brigar bem com os filmes que estão concorrendo, afinal temos desde animais digitais bem imponentes nas lutas como também temos milhares de figurantes nas cenas de revolução seja na hora do açoitamento ou na tentativa de invasão da delegacia, aonde vemos muita ação e luta nos devidos atos; além disso tivemos um palácio bem rico em detalhes, muitos ambientes pobres pelo meio do caminho, e vários atos em florestas que acabaram chamando muita atenção, ou seja, a equipe de arte sofreu muito para conseguir entregar tudo da forma gigantesca que foi elaborado, e o resultado funcionou bastante.

Não sabia desse detalhe, mas as canções do filme tem duas versões, e dependendo do áudio escolhido para ver o filme você verá um cantor diferente, então na forma que eu assisti a canção que tem levado todos os prêmios se chama "Naacho Naacho" enquanto nas premiações está aparecendo como "Naatu Naatu", ou seja, ambas as formas são músicas bem bacanas e ditam o ritmo e contam alguns dos atos da trama, então vou deixar o link das duas para poderem ouvir depois e claro brincar de comparar: link1 (Naacho Naacho) e link2 (Naatu Naatu).

Enfim, confesso que fui surpreendido pela qualidade da trama, e gostei bastante do que vi, pois mesmo sendo bem exagerado, o resultado é algo bem interessante de ver, que diverte em alguns atos, impacta em outros, e até faz rir das coisas impossíveis que foram colocadas em cena, ou seja, mais um longa que não vi na data por puro preconceito (mesmo gostando da ideia quando li a sinopse, e não vi por ser indiano) e valeu as horas assistidas, então fica a dica para dar play em tudo que gostar, pois agora que está vindo os prêmios, valeu a conferida. E é isso meus amigos, recomendo o longa principalmente se você não liga para o estilo meio exagerado, e volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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