O Menu (The Menu)

12/02/2022 01:14:00 AM |

Hoje comer em restaurantes chiques virou muita ostentação, aonde as pessoas querem ter experiências e analisam tudo e mais um pouco, temos competições gastronômicas imponentes e claro algumas iguarias que só se pode degustar nesses lugares, afinal o preço costuma ir para lugares que nem conseguimos imaginar. Mas e quando um chef já está cansado de sua vida, das avaliações de críticos e de algumas pessoas, revoltado com tudo e resolve fazer uma experiência ainda mais complexa com 12 convidados para seu luxuoso e imponente restaurante numa ilha isolada, aonde se cultiva os alimentos, se prepara tudo desde a base e claro os pratos passam a ser coisas que ninguém imaginava com humilhações e tudo mais? Essa é a proposta doida do filme "O Menu" que trabalha um estilo de terror diferente, aonde acabamos até nos divertindo com as situações que acontecem, assustando com as palmas fortes do chef para chamar a atenção e criando um menu teatral tão diferenciado que mesmo acontecendo coisas bem tensas, o longa acaba sendo gostoso de ver, não deixando o público tenso, mas sim os personagens tensos, e o resultado acaba sendo marcante tanto pelo fechamento inusitado, quanto por todas as dinâmicas bem colocadas.

A sinopse é bem simples e nos mostra que um casal viaja para uma ilha costeira para comer em um restaurante exclusivo, onde o chef preparou um cardápio farto, com algumas surpresas chocantes.

O diretor Mark Mylod não é tão conhecido pelos filmes que fez, mas sim por ter dirigido alguns episódios de séries famosas, e aqui ele foi muito bem eloquente com o que desejava mostrar do texto de Seth Reyes e Will Trace, pois o filme tem uma classe bem marcante, tem seus "capítulos" divididos no estilo que é um menu degustação completo com entrada, pratos principais e sobremesa, tem todo o mistério do motivo dos 12 convidados, mas a grande sacada foi criar tensão realmente para os personagens ao invés de jogar isso para o público, pois vemos o medo na cara de cada um, o desespero marcante e todas as sacadas violentas ocorrem naturalmente, não sendo algo forçado ou desesperador, de modo que num determinado momento o chef fala que eles poderiam ter feito algo e não fazem, pois o medo já está dominado, vemos toda a intensidade violenta acontecendo e o resultado então funciona. Ou seja, é daqueles filmes que o diretor sabe passar muito bem a história na tela, e principalmente os atores sabem contar ela, de modo que o chef é literalmente um mestre de cerimônias que sabe dar vida para cada ato, e isso faz o filme fluir e agradar bastante.

Sobre as atuações, Ralph Fiennes dificilmente erra no que faz, e aqui seu chef Slowik tem estilo, tem um mote próprio bem marcado e trabalha seus trejeitos e atos com uma desenvoltura tão bem trabalhada que acabamos nos envolvendo e até ficando com uma certa peninha dele quando a protagonista dá seu show também, ou seja, vemos ele como um grande mestre de cerimônias, com muita intensidade, e agrada bastante. Anya Taylor-Joy tem explodido rapidamente e cada vez lhe dão papeis mais amplos, mas o que me incomoda nela é que seus olhares e trejeitos são sempre os mesmos, e isso pesa num filme que necessita um algo a mais, de forma que aqui sua Margot parece estar incrédula de tudo na trama, a todo momento dando patadas e solavancos, e se não fosse o brilhantismo das suas cenas finais, aonde realmente desafia o chef, acabaria se passando como uma personagem comum dentro dos seus papeis, mas como fechou bem, acertou a mão. A vontade que temos de socar o personagem de Nicholas Hoult já é gigante só por sua chatice com a comida, de se achar o ultra-gourmet que sabe tudo de cada coisa, mas depois que descobrimos um pouco mais sobre seu Tyler, eu no lugar de Margot já teria matado ele ali mesmo antes de tudo se desenvolver, pois foi muito mala, e esse era o seu papel, de forma que deu show com ele, e isso é muito bom quando acontece, de pegarmos raiva do personagem, pois significa que funcionou. Ainda tivemos outros bons convidados, com destaque para John Leguizamo como um astro de cinema também bem incômodo, Janet McTeer como uma crítica gastronômica bem cheia de olhares, mas claro o destaque fica para a assistente do chef Elsa que Hong Chau entrega com um brilhantismo incrível e muito cheia de personalidade.

Quanto do visual, tanto o restaurante quanto a ilha são incríveis, e o melhor de tudo é que não são imponentes, tendo um ar simples, com mesas pequenas, ao fundo o mar, do outro lado uma cozinha industrial completa aonde os vários cozinheiros fazem tudo como um grande exército, inclusive marchando para entregar os pratos, temos vários atos icônicos bem representativos para dar nome e cena para cada prato, e claro tivemos atos bem violentos e marcantes, chamando muita atenção para toda a história contada pelo protagonista, ou seja, é um filme visualmente completo, que não falha dentro da proposta, mas que talvez pudesse ter sido ainda mais impactante.

Enfim, é um filme bem interessante, com uma pegada bem trabalhada dentro da história toda, que quem curte um terror mais elaborado talvez reclame um pouco, agora quem curtir uma violência bem moldada, com estilo vai curtir bastante o resultado, e claro que eu indico e recomendo. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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