Noite Infeliz (Violent Night)

É engraçado dizer isso, mas quanto mais bizarro é o filme, mais divertido ele se torna, e a trama de "Noite Infeliz" tinha tudo para dar errado, primeiro por usar um Papai Noel verdadeiro que antes de se tornar era um bruto viking com habilidades de martelo no melhor estilo de Thor, depois usar um palavreado bem sujo em algo com criancinhas, e por fim um assalto completamente maluco da família mais rica dos EUA, com uma trama cheia de violência, cheia de ótimas sacadas, e com tanta coisa zoada que não dá para levar a sério, mas que acabei rindo tanto de tudo, ficando chocado com algumas cenas bem fortes e explícitas na tela, que no final eu já estava é querendo até mais de tudo. Ou seja, nem sei como classificar o filme, pois tem comédia, tem terror, tem violência, tem assalto e até tem magia natalina, de forma que faz valer o tempo de tela com boas sacadas, loucuras e muita bizarrice de primeira linha, então se você curte tudo isso, vá aos cinemas e se divirta demais.

A sinopse nos conta que quando uma equipe de mercenários invade um complexo familiar rico na véspera de Natal, levando todos de reféns, a equipe não está preparada para um combatente surpresa: Papai Noel está no local, e ele está prestes a mostrar por que esse Papai não é nenhum santo.

Diria que o diretor Tommy Wirkola estava de saco cheio de filmes natalinos tradicionais quando aceitou o roteiro de Pat Casey e Josh Miller, pois é notável que colocou tudo de mais maluco possível na trama, e por incrível que pareça funcionou demais, tendo referências aos clássicos natalinos como "Scrooge" e "Esqueceram de Mim", com piadas e sacadas de nível bem baixo, mas que funcionam demais, e enchendo de violência de nível a quase precisarmos fechar os olhos de tanto sangue na tela, e sabe o que aconteceu, ele acabou acertando em cheio, pois o público também já está cansado de tudo bonitinho todos os anos, de tal forma que aqui vem algo tão irreverente, tão bem sacado pelo conflito entre o Papai Noel monstrão contra os mercenários violentos (mas bem bobos), que facilmente esquecemos dos idiotas da família rica, que está ali de mero enfeite, então é algo fácil de curtir e torcer por mais e mais violência, e isso o diretor e aqui de roteiro soube entregar com muito luxo.

Sobre as atuações, confesso que tenho sempre um pé meio atrás do que David Harbour costuma entregar, mas aqui ele foi tão bem encontrado, trabalhou com uma vontade e desenvoltura, cheio de cenas fortes e malucas, que pareceu até estar se divertindo no meio de tudo, e o resultado foi um Papai Noel insano e muito bem trabalhado, que acaba agradando do começo ao fim. Ver John Leguizamo duas vezes na mesma semana é algo meio inusitado, e se no filme de quinta-feira ele foi meio que apagado, aqui ele se colocou com seu Scrooge imponente, nervoso e cheio de boas pegadas de luta e não deixou que o filme ficasse sem lhe dar todo o foco possível, ou seja, agradou bastante com todas as cenas, e caiu bem como o "vilão" do longa. Dentre os demais, cada um fez o que era possível, com os assistentes sendo bem bobos e apanhando com gosto, tendo o destaque para Mitra Suri com sua Bengala Doce imponente, que sendo dublê profissional lutou com muito envolvimento, e claro que que da família tenho de dar o destaque para a garotinha Leah Brady que brincou bastante, foi bem expressiva e chamou a responsabilidade para si com armadilhas bem ao estilo do clássico natalino mais conhecido do mundo.

Visualmente posso dizer que a equipe gastou bastante com sangue cenográfico e muita maquiagem, afinal temos crânios sendo rachados com martelos e muitos elementos decorativos de Natal, e dentro de uma mansão bem imponente temos um ambiente de jogos bem bacana aonde ocorrem algumas cenas, o sótão bem preparado para a garotinha fazer sua versão de "Esqueceram de Mim" só que bem mais violenta, temos a sala bem rica com vários quebra-nozes e atos bem marcantes, e claro a fuga maluca com os trenós de neve, além claro de muita magia para os atos do Papai Noel com suas renas, ou seja, a equipe brincou bem e fez tudo ser bem chamativo, cheio de elementos especiais para cada ato, e assim funcionou muito.

Enfim, é um filme que fui conferir sabendo do conteúdo violento, mas não esperava ver nem algo com a magia natalina, nem com tantas boas sacadas para me divertir demais do começo ao fim, tendo muitas risadas e surpresas pelo estilo e pela ousadia de todos, ou seja, se a família rica não fosse tão idiota e desnecessária, e os vilões não fossem tão bobinhos, seria daqueles filmes memoráveis, mas ainda assim o resultado é muito bom, então eu recomendo. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.