Netflix - Um Homem de Ação (Un Hombre de Acción)

12/05/2022 12:26:00 AM |


Costumo dizer que quando vão fazer uma biografia, muitas vezes o resultado acaba melhor do que a vida da pessoa realmente foi, pois criam desenvolturas e sacadas que a família nem acredita no que está vendo, e aí precisam colocar no final o escrito que ninguém da família esteve envolvida na produção. E um bom exemplo disso estreou essa semana na Netflix com o longa espanhol "Um Homem de Ação", que mostra a vida do anarquista, ladrão de bancos, falsificador e pedreiro Lucio Urtubia, que deu um grande desfalque no Citibank e ainda conseguiu sair bem de tudo, ou seja, um dos poucos que defenderam esse estilo de vida e não foram fuzilados ou viveram eternamente em prisões. Ou seja, é um filme que muitos que não curtem o estilo irão reclamar demais, de que tudo é falso, que inventaram coisas demais, mas que se lerem um pouco sobre o personagem verão que foi idolatrado por muitos jovens, teve contato com grandes lendas do anarquismo e souberam fazer um filme bem marcante com toda a ideologia e a forma que falsificaram dinheiro e depois os famosos cheques-viagem, que depois acabaram sendo substituídos por cartões para minimizar o desfalque e a falsificação, afinal muitos bancos sofreram com o papel. E aqui vemos boas interações, e claro toda a inteligência e sagacidade do personagem em vários anos.

No longa seguimos os passos de Lucio como parte do movimento anarquista europeu, desde suas origens humildes como um pedreiro que se tornou ladrão de banco, até assumir a liderança em uma das travessuras econômicas mais importantes do século passado. Mas Lúcio terá que escolher entre a causa anarquista e a defesa de sua família.

O estilo do diretor Javier Ruiz Caldera é mais pegado para o lado cômico e de dinâmicas mais rápidas, e aqui ele não usou tanto essa sua costumeira opção, dando abertura para cenas mais dramáticas e cheias de desenvolturas, aonde vimos mais traquejos dos protagonistas do que atos rápidos bem colocados, o que facilmente nos enganou no trailer, que foi mais próximo do que conhecemos, e talvez isso seja um pouco culpa do roteiro de Patxi Amezcua que foi mais fechado de ideias, e trabalhando um ar mais certeiro, o que não é ruim, mas de certa forma o filme ficou daqueles que em certos atos duvidamos de tudo, e em outros a seriedade exagera demais no ar biográfico. Então o que posso dizer é que é daquelas tramas que até tem um ar divertido e realista, mas também sai com alguns elos aparentemente ficcionais demais, e o miolo se perde um pouco, sendo levemente arrastado, mas que não chega a cansar por sempre ter rápidas quebras no desenvolvimento completo.

Sobre as atuações posso dizer que Juan José Ballesta fez muito bem Lucio, sabendo segurar toda a intensidade para si nos atos mais marcantes, desenvolvendo bem os olhares e nuances técnicas que a trama pedia, e principalmente não fazendo uma caricatura de Urtubia, mas sim uma vivência clara e bem colocada que acaba chamando atenção e envolve na medida certa. Tivemos também toda a beleza e espontaneidade de Liah O'Prey com sua Anne bem direta nos atos mais impactantes, e também bem séria nos atos mais densos, criando com propriedade toda a clareza da mulher que acompanhou o falsificador em diversos momentos, mas que foi correta para escolher o momento de parar. Ainda tivemos atos bem colocados com Luis Callejo com Asturiano seu companheiro em diversos momentos, bem colocado e cheio de bons trejeitos, Monica Lamberti bem colocada como PetiteJeanne e Miki Esparbé como um bom Quico Sabaté, mas sem dúvida quem soube aparecer bem e ter grandes nuances foi Alexandre Blazy como o Inspetor Costelo, falando em diversas línguas e dominando os atos como um bom perseguidor do protagonista por mais de 20 anos, e assim seu resultado foi bem trabalhado em todos os atos e agradou com o que fez.

Visualmente a trama teve atos bem interessantes de época, mostrando um pouco dos anos 60, um pouco dos anos 40 e até um pouco dos anos 70/80, sempre com ares próprios da central dos anarquistas na França, alguns atos em bancos e uma cadeia simples que nem exploraram muitos atos por lá, algumas desenvolturas em hotéis e obras aonde o protagonista trabalhou, mas tudo de uma maneira bem subjetiva, sem grandes elementos cênicos, que tirando a impressora e prensa para fazer dinheiro e cheques falsos, de resto vale destacar apenas as bolsas de copas que o protagonista usa, e nada mais, mostrando que a equipe de arte nem foi tão acionada.

Enfim, é um filme interessante para conhecemos alguns idealistas anárquicos, vemos todo o trabalho que foi desenvolvido na França por esse espanhol bem direto nos planos que não desistia tão fácil de nada, e que como filme funciona bem, tendo alguns atos de oscilação sem muitos chamarizes, mas que agrada mais do que erra, e assim sendo vale a recomendação. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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