Netflix - Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades (Bardo, Falsa Crónica de Unas Cuantas Verdades) (Bardo, False Chronicle of a Handful of Truths)

12/18/2022 06:09:00 PM |

Costumo assistir e gostar bastante de longas com um estilo mais artístico do que comercial, daqueles que abrem certas reflexões e acabamos vendo ideais políticos ou virtuosos de seus diretores, que geralmente não procuram ter grandiosos lucros, mas também colocam um orçamento bem pequeno para não perder tanto, porém existem os malucos desse meio que gostam de exagerar com abstrações filosóficas, retratar suas vidas e aspirações com intensões que saem do eixo, e que por vezes nem entendemos muito aonde querem chegar, mas que novamente gastam pouco para isso, mas eis que dona Netflix resolveu acreditar demais no ganhador do Oscar, Alejandro G. Iñárritu, e lhe deixou fazer um filme com uma produção fabulosa, bem visual, cheia de loucuras para todos os lados, aonde talvez possamos até conectar com outros longas filosóficos de carreiras de outros diretores, mas "Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades" acaba sendo tão estranho e abstrato que acabamos assistindo apenas pelo nome do diretor, e tentando ao final se conectar com algo, mas é muito difícil, e acredito que quem conhecer ainda menos suas histórias vai nem aguentar esperar até o final do longa, mesmo sendo digamos algo bonito visualmente.

O longa é uma experiência épica, imersiva e visualmente surpreendente que contrasta com a comovente e íntima jornada pessoal de Silverio, renomado jornalista e documentarista mexicano radicado em Los Angeles, que, após receber um prestigiado prêmio internacional, é obrigado a retornar ao seu país, sem saber que esta simples viagem o levará a uma viagem existencial. O absurdo de suas memórias e medos se infiltram em seu presente, enchendo sua vida cotidiana com uma sensação de perplexidade e admiração. Com profunda emoção e gargalhadas abundantes, Silverio lida com questões universais, mas íntimas, sobre identidade, sucesso, mortalidade, história mexicana e os profundos laços familiares que ele compartilha com sua esposa e filhos. Na verdade, o que significa ser humano nestes tempos peculiares. 

Sabemos bem que o diretor e roteirista Alejandro González Iñárritu tem um estilo e um imaginário muito gigantesco, e que sabe brincar com a câmera como poucos grandes nomes, e aqui ele volta ao país de nascimento para criar uma narrativa que mescla o real e o imaginário, usando de nuances que muitos vão colocar como sendo pensamentos sobre sua vida, outros vão apenas reforçar o ar abstrato que quis desenvolver, mas uma coisa é certa, seu filme tem um grande potencial, tem um envolvimento excêntrico, e só ficou faltando aquele elo mais "realista" com um vértice mais próprio para que tivesse um formato mais tradicional de começo, meio e fim que marcasse algo no público, e não apenas uma obra bonita feita para ele mesmo entender. Ou seja, costumo ser extremamente chato quando uma obra precisa de explicações para ser entendida, e essa é uma que se você não ler o folheto com pelo menos a sinopse, e entrar depois em alguns lugares, você sairá fascinado pelas imagens, mas se lhe perguntarem na porta do cinema ou na rua após ter visto ele, não saberá o que aconteceu, e isso é algo muito ruim de acontecer.

Sobre as atuações, diria que Daniel Giménez Cacho se entregou por completo para o que o desejavam para o papel, pois foi enigmático, foi cômico, foi dramático e até teve nuances emocionais, ou seja, o famoso pacote completo que chama a atenção, trabalha desenvolturas e consegue emocionar o público com o que faz, de forma que talvez com uma base melhor explicada entenderíamos mais suas atitudes, mas dá para se pegar bem toda a clara dinâmica de artistas que acabam saindo de seus países e quando voltam nem dão bola para ninguém, e isso ele fez muito bem. Quanto aos demais personagens, praticamente todos se conectam ao protagonista em algum momento, com leves destaques para Griselda Siciliani como a esposa Lucia, bem envolvida nos momentos da perda do bebê, e completamente aberta para as cenas mais estranhas com seu corpo, tivemos os dois filhos vividos por Ximena Lamadrid com uma Camila mais direta e política e Íker Solano como um Lorenzo mais emocional e conectado com seus passados, e claro tivemos o apresentador Luis vivido por Francisco Rubio que soube trabalhar bem todo um ar mais impactante para com o esquecimento do protagonista pelos amigos que ficaram no país, trabalhando facetas e muito mais, chamando muita atenção em duas grandes cenas.

Visualmente o longa tem um ar até bem interessante, cheio de sacadas que brincam com tons, com texturas, com locações misteriosas cheias de coisas irreverentes, e que surpreendem bem pela técnica e pelo estilo entregue, de forma que vemos um gasto até que bem chamativo  de orçamento, com muitos momentos intensos e estranhos, aonde a abstração até funciona de certo modo, mas que poderiam ter usado como algo com um sentido melhor, além claro de grandiosas festas bem cheias de figurantes aonde os detalhes acabam chamando muita atenção.

Enfim, é um filme que tem muita técnica e uma produção visual bem chamativa, mas que conta com uma história bem apática que cansa bastante no começo, e que já adianto para não tentar entender demais, sendo algo mais próximo de uma filosofia do que de algo mais realista, e assim sendo é daquelas tramas que tudo se floreia bastante e nada chega a lugar algum, mas que muitos amam, então a dica é se você gosta de filmes abstratos pode dar play sem nem pensar, do contrário apenas veja como um dos filmes que irá concorrer à todos os prêmios para não ficar por fora, mas com toda sinceridade esperava algo melhor. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, dando a nota mais pelo conteúdo visual, mas vou conferir mais um longa hoje para tentar salvar o dia, então abraços e até logo mais.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...