Assassinato No Expresso do Oriente (Murder On The Orient Express)

12/03/2017 11:30:00 PM |

Existem alguns estilos de filmes que não cansamos de assistir, e suspenses investigativos é o melhor para curtir em qualquer momento, para podermos apontar suspeitos, criar ligações e tentar investigar junto com os protagonistas, quem matou, quem era a pessoa morta, e por aí vai. E claro que se existe uma autora de livros com tantos sucessos desse estilo para adaptar é Agatha Christie, que já viu seu livro "Assassinato No Expresso Oriente" nas telonas diversas vezes (tendo o mais famoso caso em 1974), e que aqui procuraram seguir uma linha mais clássica de apresentação do famoso detetive, e claro preparar para sequências com outros livros da escritora. Não digo ser o melhor filme do gênero, por cansar um pouco no miolo, mas o resultado final (ao menos para quem não leu o livro - afinal não sei se acaba da mesma forma lá também!) é tão surpreendente, e contado com uma desenvoltura tão bem feita pelo protagonista/diretor, que acabamos saindo do cinema bem felizes com tudo, o que é raro de ver em tramas desse estilo. Ou seja, um filme com ar clássico, mas também moderno pelo estilo de filmagens que optaram por trabalhar.

A sinopse nos conta que o detetive Hercule Poirot embarca de última hora no trem Expresso do Oriente, graças à amizade que possui com Bouc, que coordena a viagem. Já a bordo, ele conhece os demais passageiros e resiste à insistente aproximação de Edward Ratchett, que deseja contratá-lo para ser seu segurança particular. Na noite seguinte, Ratchett é morto em seu vagão. Com a viagem momentaneamente interrompida devido a uma nevasca que fez com que o trem descarrilhasse, Bouc convence Poirot para que use suas habilidades dedutivas de forma a desvendar o crime cometido.

A montagem do longa foi bem organizada contando com diversos planos-sequências, e muitas dinâmicas de flashback, o que deu um ar um pouco rebuscado para o estilo do diretor Kenneth Branagh, mas claro que ao trabalhar num espaço tão pequeno como é um trem de poucos vagões, o resultado que ele escolheu com ângulos mistos foi satisfatória e ajudou bastante para contar a história completa. Não vou fazer comparações com o livro, pois nunca li, e o filme de 74 não lembro se assisti, portanto vou me ater somente ao que foi mostrado nesse, e posso dizer que assim como bem sabemos que são os livros da Agatha Christie, o resultado do roteiro de Michael Green ficou cheio de reviravoltas, acusações para todos os lados e muito diálogo para ninguém reclamar de atores mudos, mas se posso dizer que faltou algo primordial para uma boa investigação foi o fato de trabalharem com poucos elementos cênicos, ou melhor chamando nesse estilo de filme, provas do crime, pois tudo aparece tão rapidamente, e depois é usado tão pouco que fica parecendo que o personagem principal apenas tem mediunidade e não algo mais funcional. Ou seja, é um bom filme, causa a tensão perfeita, mas poderia ser imensamente melhor trabalhado nos detalhes.

Sobre as interpretações, é até difícil falar sobre cada um na trama, pois teríamos quase um livro com tantos nomes famosos e boas qualidades de cada um no longa, mas vou procurar focar nos destaques, e para começar temos de falar novamente de Kenneth Branagh, que foi o 14º ator a interpretar o detetive Hercule Poirot, e que com falas bem determinadas e uma postura bem elegante conseguiu incorporar a essência de um bom investigador, mas claro que como sempre digo, ou você dirige, ou você atua, pois quando se faz as duas coisas, nenhuma fica perfeita, e certamente um ator bem colocado, fazendo somente a atuação conseguiria algo a mais para o personagem. Johnny Depp deu um ar interessante para seu Ratchett, trabalhando uma personalidade forte e bem criminosa como ele sabe bem fazer, deixando de lado trejeitos bobos e ousando mais na simpatia inversa do que nos exageros, e com isso acabou agradando bem nos seus poucos momentos antes de morrer. Michelle Pfeiffer também deu seu show tradicional de interpretação para sua personagem Caroline Hubbard, usando vértices expressivos bem colocados em todas suas cenas. A rainha Judd Dench, aqui fazendo a princesa Natalia Dragon também mesmo aparecendo pouco fez seus momentos serem únicos e bem trabalhados. Daisy Ridley fez cenas fortes e expressivas com sua Mary Debenham, e até Penélope Cruz fez rápidas, mas boas cenas com sua Pilar, mas como disse, temos tantos amigos do diretor trabalhando no longa que chega a ser difícil falar um pouco de cada sem que o texto fique imenso.

No conceito visual, a trama desde o começo prezou por detalhes riquíssimos em cena, desde as cenas no Muro das Lamentações com um ar clássico e bem arrojado, passando para as cenas na estação, até entrarmos dentro de um trem de luxo com apenas alguns ocupantes (mas que estava lotado segundo as conversas antes de entrarem no trem!!), aonde temos um bar bem chique, uma cozinha em pleno funcionamento que desaparece nas horas das investigações, e cabines confortáveis com muito bom gosto cênico (tirando o fato da máscara de bigode para dormir esquisitíssima!), e aliado a isso colocaram locações bem interessantes no meio de uma ponte com neve pra todo lado (aparentando muita computação gráfica, mas que ficou bonito de se ver), aonde o filme todo praticamente foi mostrado. Ou seja, um trabalho simples, mas bem feito, com figurinos de classe (ainda me pergunto, será que se tivessem viagens longas de trens hoje, o povo se vestiria tão bem assim? Acho que nem no Titanic o povo se produzia tanto!!) e um requinte sem tamanho para mostrar o serviço da equipe. A fotografia não quis ousar muito, afinal com um espaço bem restrito não deu para brincarem com sombras, estilos e iluminações, entregando o básico em ângulos bem preparados para colocar a ideia central, e principalmente funcionando bem nos momentos de movimentação de câmera em planos-sequência.

Enfim, é um filme bem feito, que cria a tensão e que principalmente por ser uma adaptação literária consegue transmitir a sensação de leitura de páginas e mais páginas de diálogos numa estrutura bem visual e interessante, e sendo assim, vale conferir e quem sabe até ler o livro depois para saber o que foi usado, o que foi removido e o que foi criado em cima das páginas do suspense. Claro que como disse acima, poderia ser melhor se corrigido pouquíssimos momentos mais lentos que acabam cansando um pouco, mas no geral é algo que agrada bastante e vale a recomendação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a última estreia da semana no interior, então abraços e até logo mais.

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