Netflix - Super Me (Qi Huan Zhi Lv) (超级的我)

5/09/2021 09:21:00 PM |

Quando falavam que o cinema chinês teria um estouro de produções muito brevemente com filmes de todos os gêneros, com efeitos incríveis e tramas fortes não acreditávamos que seria tão logo, mas eis que estamos vendo quase toda semana um lançamento chinês nas plataformas de streaming, nos cinemas, e o melhor, com sínteses tão boas que acabam surpreendendo bastante, mas claro que por ser um país cheio de misticismo, que consegue ir muito além nas ideias e nas proporções, acabamos vendo muitas loucuras juntas de tudo, e o resultado mais atual é o lançamento da Netflix dessa semana, "Super Me", que trabalha bem o ambiente dos sonhos, com a abertura da mente de um roteirista que não conseguia dormir por ter pesadelos fortes em que tentavam lhe matar, e ao acordar trazia tesouros desses sonhos. Ou seja, algo bem interessante, com uma pegada forte, muitos efeitos incríveis com inversões de telas daqueles que "A Origem" e "Doutor Estranho" acabam ficando no chão, e que mesmo sendo bem confuso na nossa mente com toda a ideia, acabamos entrando bem no clima, se divertindo com tudo e torcendo para um final que acaba acontecendo, ou não, afinal brincaram com isso no fechamento, e quem sabe sigam com uma continuação, pois funcionou bem.

A sinopse nos conta que Sang Yu está exausto de tentar ficar acordado. Cada vez que ele fecha os olhos, um demônio o persegue e o mata em seus sonhos. Uma noite, Sang percebe que tem um poder especial: ele pode trazer tesouros de seus sonhos para a realidade. Sendo assim, da noite para o dia, ele se torna um homem rico, entretanto, sua riqueza atrai a atenção de um gângster implacável.

O diretor e roteirista Zhang Chong foi bem coerente na escolha de cada momento, e sendo apenas seu segundo filme foi bem corajoso de já ousar ao máximo em efeitos e situações envolvendo dinâmicas mais fortes, pois praticamente todas as cenas dos sonhos são gigantescas, com ambientes grandiosos, vários elementos cênicos, tiros, explosões, muito sangue e ouro, ao ponto que vemos tudo amplificado ao máximo, e sem economias vemos cenas funcionais que geralmente até mesmo os mais experientes diretores têm medo de entregar, mas aqui não vemos isso ocorrer e o resultado acaba sendo impressionante e muito bem feito, agradando tanto no conceito completo, quanto no ambiente em si, mostrando técnica, e principalmente história bem dramatizada, ao ponto que tudo se encaixa, tudo é bem dito, e a trama acaba bem amarrada com cada situação acontecendo, com os luxos cada vez maiores, e claro com o ego do protagonista indo cada vez mais além no decorrer de tudo. Ou seja, o resultado visual acaba sendo grandioso, e a ideia toda também, e ambas seguem juntas de uma maneira tão boa que certamente outros longas do diretor serão bem vistos pela indústria cinematográfica.

Sobre as atuações Darren Wang caiu muito bem na personalidade de seu Sang, e a velha sacada de barba e óculos funcionou demais para mudar as características completas do ator que se jogou para todas as cenas fossem elas de lutas ou de dramatização, resultando em algo que vemos ele bem disposto, cheio de desenvolturas, e acertando demais em cada momento seu. Cao Bing Kun trabalhou bem também seu San, tanto nos momentos de maior cobrança do protagonista como roteirista, como um leve servo nos atos ricos dele, sendo aquele amigo/parceiro para todas as horas, e se jogando completamente na loucura das cenas finais, o que mostrou uma disposição maior ainda para tudo. Candy Song deu um tom meio que melancólico para sua Hua'er, meio como algo de musa para o protagonista, meio como de pessoa impossível de se chegar, e com todas as nuances que acabou colocando não atingiu nenhum ato de ápice sendo simples de envolvimento e apenas um ícone na trama mesmo. É engraçado que logo nas cenas que está indo na casa de penhor já notamos que Gang Wu será importante mais para frente com seu Qiang, e ele como vilão ao final surgiu imponente e com classe, porém faltou desenvolver o algo a mais que não vemos acontecer, meio que como um pulo rápido demais, ou seja, a atuação dele foi boa em ambos momentos, mas não temos o meio do caminho acontecendo que acaba ficando estranho de ver.

Visualmente o longa é um show a parte, pois em cada sonho do protagonista ele vai nos lugares mais diversos possíveis, entrando em cofres, em joalherias famosas, em tumbas riquíssimas, e tudo mais que se pensar para conseguir seus tesouros, e claro que com uma computação bem certeira os ambientes ficaram ainda maiores e surpreendentes, ao ponto de vermos até um ambiente cheio de portas e cavernas se movimentando, vemos muitos tiros e machadadas arrancando pedaços e muito sangue para todo lado, e mesmo no mundo real do protagonista tivemos o lado mais pobre no começo bem representado pelas fugas em andaimes, pela comida simples e tudo mais, e já nos momentos riquíssimos as coberturas, festas e dinâmicas mais incríveis possíveis, mostrando um luxo até acima do normal, ou seja, a equipe de arte precisou trabalhar e muito para conseguir conceber tudo o que o filme pedia.

Enfim, é um filme bem interessante, com uma boa proposta, que de uma forma ousada e bem certeira conseguiu chamar atenção e agradar do começo ao fim, mostrando que cada vez mais o cinema chinês tem seguido para o lado das grandes produções, e isso é bacana tanto para o lado bom, quanto para o lado ruim, mas aqui foi para o lado que vale a conferida, então fica a dica. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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