Minari - Em Busca da Felicidade (Minari)

5/01/2021 07:42:00 PM |

Quando um filme trabalha bem o envolvimento familiar, a busca pelo dinheiro e claro o famoso sonho americano acabamos entrando no clima dos personagens e a essência passada acaba indo até além no desenvolvimento completo da trama, e o filme "Minari - Em Busca da Felicidade" acaba sendo sentimental e funcional no ponto certo, não puxando nem para a emoção exagerada de fazer o público chorar com os personagens, nem tenta ir por rumos abstratos demais de acreditar que alguém tenha feito as escolhas dessa forma, pois sabemos que muitos imigrantes acabaram comprando terras no meio do nada dos EUA para tentar a sorte com fazendas, sabemos que muitos se mataram por não conseguir ir além de um sonho, e claro vemos famílias inteiras jogadas à margem na tentativa de se dar bem na vida, mas a clareza mostrada aqui vai na essência do problema, o olhar para fora de casa, e claro tudo o que ninguém se conecta que é a família em si. Ou seja, a trama tem um olhar bonito e sincero sobre os perrengues que acabam vivendo a família de imigrantes no meio do nada, e funciona bem por toda essência e envolvimento passado, porém poderia fechar menos simbólico que agradaria ainda mais.

O longa se passa nos anos 80, e nos mostra que David, um menino coreano-americano de sete anos de idade, que se depara com um novo ambiente e um modo de vida diferente quando seu pai, Jacob, muda sua família da costa oeste para a zona rural do Arkansas. Entediado com a nova rotina, David só começa a se adaptar com a chegada de sua vó. Enquanto isso, Jacob, decidido a criar uma fazenda em solo inexplorado, arrisca suas finanças, seu casamento e a estabilidade da família.

Diria que o diretor Lee Isaac Chung foi tão preciso em não pesar sua mão que seu filme se tornou doce e envolvente, e se ele fizer o mesmo com sua próxima obra a adaptação da animação de grandioso sucesso "Your Name", agora em versão live-action, já pode preparar o terno para as premiações que vai ser algo incrível, pois ele mostrou técnica e sabedoria para conduzir a trama sem ficar nos assustando, sem precisar ir a fundo em nenhum tema próprio, e principalmente mostrando que a base de uma família é o amor entre eles, e que mesmo brigando por tudo, na hora do aperto todos acabam se ajudando, além de entregar fé, simbolismos, e claro todos os sonhos que muitos tiveram nos anos 80 para ganhar rios de dinheiro como muitos prometiam. Ou seja, é um diretor de atos simples, mas que conduziu bem sua obra e transformou envolvimento e sonhos em algo tátil bem emocionante e envolvente, o que é a base de uma boa obra sentimental, além claro de seu roteiro ser impecável.

Sobre as atuações, tivemos um elenco tão bem conectado que parecia que estávamos vendo uma família real ali atuando, ou seja, todos com uma ótima química, momentos e olhares envolventes entre eles, e principalmente sabendo exatamente aonde um entrar para dar o tom para o outro, sendo perfeito de ver todos ali. Steven Yeun trabalhou seu Jacob com um direcionamento imponente, bem preparado para os momentos da trama, e passando todos os perrengues claros que a dinâmica pedia, ao ponto que vemos ele cansado, vemos ele determinado, e pronto sempre para acreditar em algo mais além, caindo muito bem no papel que lhe foi dado. Yeri Han trouxe para sua Monica a determinação das mulheres orientais, passando sentimentos e simbolismos de uma forma tão doce e centrada que agrada bastante ver sua força de impacto, e sem ter nenhuma explosão maior a jovem caiu muito bem também no papel. Agora sem dúvida alguma Yuh-Jung Youn entregou uma senhorinha caricata, cheia de expressividade, determinada a fazer o papel com toda a imponência possível, chamando a atenção em todos os atos, e agradando demais, de forma que mereceu com toda certeza os diversos prêmios que levou na temporada, pois se fez bem as cenas iniciais simples, no final foi um monstro ao ponto de merecer todos os aplausos possíveis nas últimas cenas. O jovem Alan S. Kim também tem muito futuro, pois trouxe um carisma impressionante para seu David, envolvendo a todos, fazendo todas suas cenas com olhares e envolvimentos, e agradando do começo ao fim. Quanto aos demais, a garotinha Noel Cho ficou meio que em segundo plano, mas não falhou ao menos, indo bem determinada, mas vale o destaque claro para Will Patton com seu ótimo Paul completamente maluco com tudo o que fez em cena.

Visualmente o longa entrega algo simples, porém bem bonito de ver, com um ambiente descampado cheio de propensão para a plantação dos protagonistas, uma casa singela sobre rodas com móveis antigos, mas bem simbólicos para cada momento, vemos todas as diversas representações de fé, vemos as diferenças culturais entre as pessoas que vivem ali, e principalmente vemos o ambiente para todo o desenvolvimento da família, com tudo bem pensado para os momentos mais fortes como a falta de água, a doença cardíaca do garotinho indo no hospital, suas roupas de cowboy, e tudo chamando sempre para o brejo de plantação de minari, que dá o nome ao filme.

Enfim, é um filme muito bem construído, que agrada dentro de todos os conceitos, e que passa sua mensagem de uma forma leve e segura de si, pois facilmente daria para trabalhar o longa com algo mais intenso e cheio de situações duras e marcantes, mas o diretor optou por algo gostoso de ver que agrada e passa bem a mensagem, funcionando do começo ao fim, e valendo claro a recomendação de conferida. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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