Netflix - Milagre Azul (Blue Miracle)

5/28/2021 12:46:00 AM |

Sempre que falamos em filmes motivacionais, ou que contam histórias de superação, sempre somos puxados para o tradicional envolvimento de trabalhar as situações para que o filme emocione o público, e isso vai acontecer sempre, pois os diretores usam fórmulas costumeiras sejam de músicas envolventes, ou de frases marcantes, ou até mesmo um olhar levemente forçado por uma criança para representar o que desejam. Dito isso, com toda certeza o longa da Netflix, "Milagre Azul", que é baseado em um ato de 2014, vai emocionar e envolver a todos, pois usa de todos os artifícios tradicionais do gênero, brinca com uma competição de pesca (da qual só ficamos vendo um time, e vários outros barcos apenas indo para bem longe), e que de uma maneira sagaz consegue desenvolver até que bem a vida do protagonista que depois de ter uma infância complicada acaba criando um orfanato para jovens de rua, e que precisando de dinheiro para cobrir as contas entra numa competição de marlins. Ou seja, é um filme que até poderia ter ido mais além, poderia ter desenvolvido um pouco mais da vida do protagonista, mas que apenas joga a informação e usando de alguns flashbacks vai compondo tudo e agrada de certa forma, não sendo nenhum daqueles longas que vai entrar pro nosso hall de lavar a sala, mas que é bonito e bem feitinho.

A sinopse nos conta que um grupo de crianças órfãs corre o risco de ficar sem um lugar para morar quando sua instituição é ameaçada de fechar por falta de verba. Então, elas e o diretor se juntam a um rabugento marinheiro para entrar em uma competição de pesca. Se ganharem, podem usar o prêmio para salvar o orfanato.

Esse é apenas o segundo filme do diretor e roteirista Julio Quintana, porém como já trabalhou outras funções em longas desse estilo de histórias reais e envolvimentos pessoais, o resultado que conseguiu exprimir aqui foi bem bacana e inteligente, pois tudo passa um certo ar sentimental bem colocado e o resultado agrada nesse sentido, mas temos de ser sinceros e críticos em relação ao desenvolvimento da trama, pois ele não quis ousar nem trabalhar muito a desenvoltura para chegar ali, pois tanto a história pessoal do protagonista, quanto como montou o orfanato foi bem deixada de lado ao ponto que somos praticamente jogados no meio da situação e vamos nos envolver apenas com os três principais momentos (a fuga do garotinho menor para encontrar a mãe, a grandiosa tempestade que inunda tudo, e a competição em si focando claro no envolvimento do garoto ladrão e no capitão bêbado). Ou seja, é daqueles filmes que até são bem rápidos, mas que mereciam ter ido além em tudo para emocionar ainda mais, e claro contar uma história maior e mais complexa, ao ponto que não temos algo ruim, mas que qualquer deslize ali estragaria a trama por completo.

Sobre as atuações, basicamente o foco é em Jimmy Gonzales com seu Omar bem responsável, com atitudes morais bem colocadas, e que ousou em trabalhar seus momentos com um carisma bem acima do comum, segurando a responsabilidade para si em todos os atos, e só faltando mesmo um desenvolvimento melhor de seu passado para entendermos a criação do orfanato e um pouco mais de sua vida na rua, pois ai todas suas cenas seriam bem imponentes e envolventes num ponto máximo, mas ainda assim o ator agradou bastante e o resultado ao menos de seu personagem funcionou. Dennis Quaid sabe conduzir bem seus papeis, e geralmente encara muitos personagens de bêbados, e aqui seu Wade é quase uma representação clara de muito do que já fez no cinema, o que não é ruim de ver, mas poderia ter sido mais sutil na composição. Quanto dos garotos, todos foram muito bem nas atitudes, interpretações e trejeitos, desde o pequeno Steve Gutierrez com seu Tweety, passando pelo sabichão Wiki vivido por Isaac Arellanes, no gordinho Hollywood de Nathan Arenas, até chegarmos nos briguentos Anthony Gonzalez com seu Geco e no ladrão redimido Moco que Miguel Angel Garcia se joga muito bem, mas todos foram apenas conexões para os atos dos protagonistas e isso é algo que poderia ter ido mais além. Agora quanto aos demais adultos apenas apareceram, e não dá nem para falar que foram além no que fizeram, pois não foram bem.

Visualmente o longa foi bem simples, com um orfanato bem simples, sem nenhuma grandiosa regalia, com elementos cênicos sutis na medida certa para representar sempre a mesma comida barata, a aglomeração para dar conforto num momento mais tenso como o de uma tempestade, e claro a união de tudo para a representação familiar, e já na competição o que vemos é um barco bem velho e quase destruído, uma pescaria com uma única vara (aliás não sei nem o motivo de ser uma prova em equipe se é apenas 1 que puxa, e o resto está a passeio!), e claro vários barcos chiques que somem assim que a competição começa, meio que como só filmaram na marina e nada mais depois. Ou seja, poderiam ter trabalhado um pouco mais todo o visual para que tivéssemos algo a mais.

Enfim, é um filme bonito que traz uma certa comoção, mas que faltou digamos um começo de preparação, sendo algo meio que jogado demais que até funciona, mas que não vai muito além. Diria que dá para recomendar como um tradicional passatempo de sessão da tarde de um fim de semana, mas que não nos lembraremos dele daqui há algum tempo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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