Suprema (On the Basis of Sex)

4/05/2019 01:46:00 AM |

É interessante que hoje vemos muitas pessoas falando em direito disso, direito daquilo, de que tal pessoa não possui direito de fazer tal coisa, e tudo mais, porém você já parou para pensar como era essa mesma situação há 10, 20, 50, 100 anos? Pois bem, essa discussão é algo que muitos advogados usam em suas defesas contra leis, mas e se falarmos de direitos diferenciados entre os gêneros, aí a briga cai mais embaixo, e então você merece conhecer um pouco da história de Ruth Ginsburg, que lutou e muito para que diversas leis que discriminavam direitos diferenciados entre homens e mulheres fossem mudadas com base em muita argumentação, e claro nas revoluções provocadas pela evolução da população, ou seja, lutando contra um mundo completamente machista, ela não só consegue nos emocionar com ótimos discursos, mas mostra que com um bom discurso pode mudar até o rumo de um filme morno, quanto mais o impacto na sociedade. Ou seja, um filme bem forte, que muitos irão se revoltar com tudo o que ocorre durante, mas que ao final saberão o quanto valeu todo o esforço tanto da personagem real, quanto da ótima protagonista escolhida para entregar o papel.

A trama nos mostra que Ruth Bader Ginsburg se formou em Direito nas instituições mais prestigiosas do país: Harvard e Columbia, sempre como primeira aluna de sua turma. Mesmo assim, ela enfrentou o machismo dos anos 1950 e 1960 quando tentou encontrar emprego, sendo recusada pelos principais escritórios de advocacia. Na função de professora, ela se especializou em direito relacionado ao gênero, decidindo atacar o Estado norte-americano para derrubar centenas de leis que permitem a discriminação às mulheres.

Diria que o efeito prático da importância da história é tão ou mais impactante que o filme desenvolvido pela diretora Mimi Leder, pois o longa nos entrega uma história que praticamente já esperamos um final, e sabendo disso, o desenrolar expressivo das atuações apenas nos mostram o quão importante é a forma convincente de se entregar um texto, e aqui com o roteiro feito pelo sobrinho da real Ruth, Daniel Stiepleman, em seu primeiro trabalho para os cinemas, a diretora soube encontrar ângulos para reforçar a força dessa mulher, e claro sua imponente persuasão, que retratada de uma forma errônea acabaria transformando ela em alguém mais falsa do que forte, mas que da maneira cheia de bons ângulos conseguiu ser trabalhada com emoção, e claro muito anseio por defender sua ideologia de que todos merecem ter seus direitos não importando a forma, mostrando isso desde quando foi uma das 9 primeiras alunas mulheres do curso de Direito de Harvard. Ou seja, é um longa bem dinâmico, com boas pegadas interpretativas, mas que em alguns momentos paramos para pensar que rumos vão tomar para conseguir nos mostrar suas ideias, e esse é um dos poucos problemas da trama, pois de resto é se impressionar com cada momento, e mesmo imaginando o final, torcer para ser impactante.

Sobre as interpretações, aparentemente Felicity Jones não era a escolha dos produtores para viver a protagonista, mas ao assumir o papel, a atriz fez trejeitos tão marcantes, e diálogos tão sequenciais sem respiros, que ficamos impressionados com sua Ruth, de modo que fica até difícil imaginar outra atriz no papel, e toda sua desenvoltura é tão bem colocada, que parece estar desde o começo tentando nos convencer não apenas de ter sido a melhor escolha, mas sendo responsável pela condução da trama, ou seja, envolveu desde o princípio chamando a responsabilidade para si, e acertou em cheio. Armie Hammer é muito alto, isso é um fato, e colocado ao lado da pequenina Felicity então, ficou parecendo um poste com seu Martin, mas esse é um mero detalhe perto da sua grandeza como marido e apoiador de todas as desenvolturas da personagem, de modo que o ator soube entregar olhares tão íntimos e bem colocados, que nos apaixonamos por tudo o que faz em cena, agradando demais em cada ato seu. Justin Theroux conseguiu chamar a atenção para seu Mel Wulf nas poucas cenas, mais pela insistência artística do que pelo personagem em si, e assim sendo raspa a trave de sumir, mesmo sendo um personagem importante. Cailee Spaeny foi bem interessante também com sua Jane, entregando uma ruptura casual entre mãe e filha, mostrando atitude e bons trejeitos, de modo que talvez um pouco mais para frente a atriz se seguir essa linha tenha grande futuro. Quanto aos demais, todos tiveram bons momentos, mas sem dúvida alguma o impacto do personagem de Sam Waterston como reitor da faculdade seja o mais forte de se lembrar, pois o ator pegou pesado no estilo, e funcionou para o que desejavam.

O conceito artístico da trama teve bons atos cênicos escolhendo locações mais fechadas para não precisar recriar tanto a cenografia da época, afinal o longa flui pelos anos 50 e 70, ou seja, se brincassem muito com cenas em ambientes abertos seria necessário muita computação gráfica, e esse não era o lema da produção, mas nos ambientes escolhidos conseguiram retratar bem figurinos, móveis e até ambientar bem os personagens para que esses focassem em estilos da época, o que acaba agradando bastante visualmente. Não digo que tenha sido algo primoroso nesse conceito, e que poderiam até ter ido mais a fundo em alguns objetos para realçar ainda mais o momento de revoltas e tudo mais, mas no que tentaram mostrar, acertaram bem.

Enfim, é um longa bem trabalhado, com uma total mensagem bem passada de mudança e imponência, mas que principalmente mostra a história de uma mulher e suas atitudes para mudar realmente as leis do país que tinham cunho diferenciado por gênero, e só com essa temática já se faz valer a recomendação, então vá e conheça um pouco mais dessa mulher forte e se impressione com uma boa produção artística, que até poderia ter trabalhado um pouco mais nas cenas finais e não se alongado tanto com o miolo, pois aí veríamos mais suas atitudes, e menos da sua vida pessoal, mas como bem sabemos, isso não seria funcional como cinema. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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