Sobrenatural - Capítulo 2

11/22/2013 09:15:00 PM |

Se existe um gênero no cinema que anda crescendo muito é o de filmes de terror que envolvam espíritos, e ou são excelentes ou acabam ficando extremamente sem nexo, apenas assustando as pessoas sem propósito algum, e acabam sendo esquecidos tão logo o susto passe, ou em outros casos, fazem com que as pessoas mais deem risadas do que fiquem com medo de algo. Pois bem, que eu sou um fã nato dos últimos filmes do diretor James Wan já é um fato consumado, e ele conseguiu um feito raro, principalmente no gênero, que é fazer uma sequência melhor e mais consistente que a versão original, transformando "Sobrenatural - Capítulo 2" num filme interessante por colocar pingo nos is em tudo que ocorre desde a primeira cena, mas também conseguindo assustar com aparições repentinas quem estiver meio tenso procurando algo na cena. Porém temos um problema, quem não tiver assistido o primeiro filme talvez irá ficar meio deslocado com muito do que ocorre, talvez até saindo do cinema irritado com o que verá, pois ficaram coisas em aberto no 1 que aqui foram fechadas, mas quem não souber não existem links claros do que ocorreu, como em outros filmes do gênero fazem.

O filme que é sequência de Sobrenatural (2010), nos mostra que a família Lambert, formada por Josh, Renai e Dalton, voltam a lidar com uma série de assombrações e lutam para descobrir um segredo aterrorizante que os deixou perigosamente conectados com o mundo dos espíritos no primeiro filme, e agora vem mostrar como ficou o destino da família em relação ao final do primeiro filme.

Um fator marcante que o diretor consegue passar é a forma de construção da história, pois ao mesmo tempo que os personagens vão ganhando seus trejeitos, nós meros espectadores vamos entrando no clima junto com o que nos é apresentado, não dando sustos gratuitamente, muito menos abusando de computação gráfica para impressionar. E isso faz dele um dos melhores diretores da atualidade no gênero, porém poderia ter feito a história de forma paralela para adquirir novos espectadores e não apenas agradar aqueles que já conheciam a história original. Mas tirando esse pequeno defeito, a trama que consegue nos contar, finaliza completamente a investigação que ficou aberta em 2010, e agora após o total sucesso que foi nos EUA com certeza o novo caso que é aberto no final em breve deve gerar um capítulo 3, livre da família Lambert e agradará mais ainda. O diretor aproveita sua mão boa para captar momentos tensos com os protagonistas e firma cada vez mais a expressão dos protagonistas numa câmera sem muitos movimentos bruscos e com isso acaba agradando muito quem já for fã dele. Além disso, acaba deixando ainda mais interessante a história por focar em possibilidades verossímeis para quem acredita no que é mostrado, mesmo não necessitando em momento algum dizer que é uma história baseada em fatos reais, muito pelo contrário, vindo das mentes dele e de Leigh Whannell, que lhe ajuda nas histórias mais assombrosas desde "Jogos Mortais". Apenas para explicitar números, o capítulo original custou U$1,5 milhão e rendeu U$94 milhões, enquanto esse custou U$5 milhões e até o presente momento, antes mesmo de estrear no principal país fã do gênero, o Japão, já arrecadou U$85 milhões, então novamente se pagou e sobrou muito.

O elenco por já conhecer a trama, não ficou tão aterrorizado como no original, e isso acabou pecando um pouco nos trejeitos, pois agora parecem mais nervosos do que assustados. Patrick Wilson poderia ter conduzido melhor seus momentos de nervosismo, pois a forma violenta que age, acaba ficando um pouco exagerada na tela, mas ao mesmo tempo, seus momentos no Além, mesmo que por pouco tempo, acaba concluindo a história muito bem, e acredito que se o diretor tivesse optado mais nesse sentido agradaria mais ainda. Se no primeiro Patrick, mesmo não dando tanto conta do recado, conseguiu chamar atenção, aqui a vez foi de Rose Byrne que nos seus momentos de maior tensão dá a cara a tapa, literalmente, para sofrer e muito com os espíritos do mal, e seus trejeitos auxiliam demais a tensão que o diretor quer passar nas primeiras cenas. O garoto Ty Simpkins, diferente de muitos amiguinhos seus que só fazem filmes de terror, anda conseguindo oscilar filmes de ação no meio de seu currículo para não ficar tão traumatizado na vida adulta, pois seu envolvimento nas cenas tensas do primeiro filme, voltam a ficar bem fortes em alguns momentos do novo filme e daria para deixar alguém com uma cabeça aberta, geralmente todos atores possuem, com problemas futuros. Barbara Hershey poderia ter dado mais pelo filme, não demonstrando nenhuma tensão nem nos momentos mais fortes que participa, por exemplo no hospital, e isso acaba atrapalhando um pouco já que ela fica a maior parte do filme enquadrada junto com os demais. Lin Shaye é interessante em diversos momentos por saber fazer trejeitos agradáveis e funcionais para a trama, e mesmo estando morta acaba auxiliando tudo na investigação, agora é esperar se vai assinar os próximos, pois aparenta que deva ser a protagonista nas demais continuações. Steve Coulter não agrada tanto como um comunicador de espíritos e sua interpretação mostra quase um jogador de "Jumanji" que não está acreditando nem um pingo do que está fazendo. Claro que assim como em quase todos os filmes de Wan, o roteirista Leigh Whannell atua, e poderia ter feito algo menos cômico, pois se a intenção era quebrar a tensão, ele junto de Angus Sampson conseguem e até atrapalham em diversos momentos. Dos espíritos valem destacar os dois protagonistas, Danielle Bisuti e Tom Fitzpatrick que conseguem ser bem macabros na medida certa.

Outro grande fator sempre bem presente nos longas de Wan é a direção de arte bem pautada nos anos 80, que ficam na medida certa para assustar, ainda bem que era pequeno demais e não me lembro tanto de coisas assustadoras dessa época, mas não iria morar nunca numa casa como a que os protagonistas vão, saindo de uma tensa, para uma 10x pior. E a equipe de arte trabalhou tão bem para colocar todos elementos assustadores condizentes sem que ficassem pesados ou fora de contexto que agrada muito tudo que aparece na trama, fazendo o longa ficar mais tenso ainda. A equipe de fotografia poderia apenas ter tonalizado mais para o preto do que para o marrom, que intensificaria mais ainda as cenas tensas, mas nos momentos que retoma o além mixando vermelho com preto esfumaçado ficou muito bom de observar o que quer passar.

A trilha de Joseph Bishara já está sendo quase padrão em todos os filmes de terror, e ele sabe muito bem pontuar a tensão, indo aumentando gradativamente os momentos que devem ficar mais tensos com o ponto culminante de susto, e isso agrada bem, pois não ficamos tendo apenas sustos gratuitos como ocorria em diversos filmes.

Enfim, é um bom filme, longe de ser excelente, mas que agrada bastante por finalizar a história começada em 2010, quase sendo como um jogo de futebol, onde os jogadores trocaram de lado ganhando o jogo, mas continuam no campo jogando bem para ganhar ele. Recomendo quem for assistir, e principalmente gostar do gênero, que assista o primeiro se não tiver assistido ou não lembrar bem dos detalhes, pois fará falta. E para quem não for fã de filmes de espíritos, passe bem longe da sessão, pois a chance de reclamar de tudo que vê é altíssima. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas daqui a pouco irei conferir uma pré-estreia, então abraços e até daqui a pouco.


2 comentários:

Anônimo disse...

Coelho, faço minhas as suas palavras: é um bom filme sem ser excelente. Você resumiu perfeitamente a avaliação do filme.
E tem um elemento que eu sempre questionei em filmes de terror e que vi nesse filme, embora eu continue questionando pq o mal tem que ser mais forte.
Eduardo.

Fernando Coelho disse...

Olá novamente Eduardo, respondi acho que todos seus comentários hoje, anda um pouco corrido esse final de ano por aqui. Ah cara, o mal tem de ser mais forte nos suspenses porque nas comédias, romances, e dramas ele sempre perde né, então tem de ter algum lugar para ele ganhar... rsss... mas ainda estou esperando um filme que o James Wan me deixará sem dormir por dias, tenho certeza que ele tem essa capacidade, e veremos muito em breve... ele anda só aquecendo. E que bom que resumi bem com minhas palavras as suas, então abraços e até breve!

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