Nunca imaginei que fosse assistir um filme onde um ator que não é músico acabasse cantando bem e o filme não fosse um musical. Pois bem, hoje conheci o nacional "Vazio Coração", uma belo drama familiar bem orquestrado, onde o diretor e roteirista Alberto Araújo soube compor poesias bem ritmadas que na voz de um ótimo ator caíram agradavelmente e com uma história bacana acabou ficando um filme interessantíssimo de ver, algo simples, com uma mensagem bonita, onde souberam escolher uma locação bela e juntar tudo com uma melodia harmoniosa onde conseguiram fechar com sucesso mais um belo exemplar nacional que foge de trejeitos novelescos para um drama familiar bem pautado e dirigido com segurança mesmo que com alguns pequenos deslizes.
O filme nos apresenta Hugo Kari, um cantor de renome nacional que faz uma pausa em sua agenda para se encontrar com o pai, o Embaixador Mário Menezes, no Grande Hotel Termas de Araxá, onde a família passava férias no tempo em que Hugo era criança.
Ali, naquele cenário de boas recordações para ambos, filho e pai tentam colar os cacos de uma relação quebrada por desencontros de sonhos, ideais e por uma tragédia que os marcou para sempre.
O diretor mostrou que poderia transformar um roteiro simples e que muitos até fariam facilmente num curta-metragem, e concebeu um longa que não precisaria dizer quase nada, somente falado pelas canções, que felizmente caíram bem na voz do ator Murilo Rosa, pois poderia virar uma tragédia se dublassem já que o longa pertence às canções, ao contrário do que costuma acontecer em outros filmes que as canções pertencem ao filme. Com isso, as boas composições do roteirista deram um tom, para que junto da história familiar, até um pouco piegas e novelesca em alguns momentos, fluíssem e acabasse determinando como resultado um filme agradável de ver e que não cansa. Poderia apenas não ter usado tanto recursos de câmera exagerados onde a cada plano muda de um lado para o outro que soaria mais natural, mas isso é um mero detalhe que quem não conhecer tanto de técnica até passará tranquilamente.
É engraçado falar das atuações, pois jamais achei que Murilo Rosa poderia se dar bem cantando, pois sempre assumiu posturas mais lineares que não davam oportunidade de se soltar mais, e aqui ele simplesmente chama o filme todo para si e consegue manter com consistência o personagem e principalmente a voz para não ter gafes tão ruins, claro que não é 100% perfeito, mas agrada bastante na maior parte. Ao contrário de Murilo, Othon Bastos ficou muito dependente da direção e acabou um pouco travado demais, parecendo estar desconfortável com algo, suas cenas chegam a dar pavor da dureza que impõe pro seu personagem, que embora seja um figurão respeitado, não ficaria tão estático nas cenas. Bete Mendes e Lima Duarte agem como avós tradicionais, que mesmo o neto sendo famoso saem abraçando e mimando demais, porém Lima exagerou do ar novelesco em muitas cenas e acabou deslizando um pouco, acabando até forçado demais. Larissa Maciel poderia ter dinamizado mais seu personagem, além de ficar evidente seu desfecho, esperaria um pouco mais além da beleza dela para ser usada. Os demais é preferível considerar mais como participação do que atuando, então não acrescentam muito no desfecho. Embora esteja reclamando de algumas atuações, um fator é inegável que todos deram muita ênfase nos diálogos dos personagens, então nesse quesito é interessante ver o que é mostrado, porém talvez necessitasse um pouco mais de ação do diretor na hora de exigir dos atores uma interpretação um pouco melhor.
Agora, que locação impressionante foi o Hotel da Rede Tauá, Grande Hotel Termas de Araxá, além de uma estrutura magnífica de visual, ainda possui umas ruínas que deram um ar de suspense no início do filme e poderiam até ter sido mais usado caso a vergência do filme não fosse para outros ares, espero ver mais filmes rodados ali, pois que lugar lindo. E com isso, a equipe de arte teve trabalho apenas de criar os shows do cantor, pois a cenografia já veio pronta com as locações escolhidas, então um serviço bem fácil pelo menos na maioria das cenas. Agora quanto aos shows e organizar a tietagem toda dos fãs, isso com muita certeza foi um problema bem grande que souberam administrar bem também. A fotografia toda trabalhada com luzes naturais, e claro muito verde da locação deu um ar muito bonito para a câmera e merecia até mais cenas abertas do que já teve, mas aí sairia do drama familiar focado, então o acerto foi bem feito, tirando como disse no início, o exagero de planos e contra-planos.
A trilha sonora nem tenho do que falar, afinal todas músicas inéditas compostas pelo diretor e interpretadas pelo ator Murilo Rosa sairão em breve como CD da Som Livre, e estão todas muitíssimo bem incorporadas na trama, e tirando alguns pequenos pontos que não encaixaram bem a poesia da letra com a harmonia da música, tudo soa bem gostoso de ouvir.
Enfim, é um filme bem interessante que vale a pena ser conferido sem preconceitos, pois o trailer não é dos melhores chamarizes para um filme nacional que vá agradar ao público em geral, mas ao conferir a visão é completamente diferente e agrada bastante, emocionando em alguns momentos e caindo bem no geral. Serve como alternativa dos tradicionais filmes novelescos nacionais que estamos acostumados a ver, e principalmente para ver uma trilha bem encaixada sem ser um musical. Fico por aqui hoje, mas ainda temos mais filmes para conferir nessa semana, então abraços e até breve com mais posts.
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